Os comentários do transcritor em uma transcrição de áudio
Os comentários do transcritor em uma transcrição de áudio
Olá pessoal.
Tenta transcrever isso aqui, ó:
((tlec)) ((tlec)) ((tlec))
Agora isso aqui, ó:
((suspiro))
Ou ainda isso aqui, ó:
((tlec)) ((tlec)) ((tlec)) ((tlec))
Ou então isso aqui:
((tsc)) ((tsc)) ((tsc)) ((tsc))
Ou então isso aqui, ó:
((chuac))
Ou ainda isso aqui que eu vou falar, olha:
“Olha a bolsa, “fwipt”, subiu”.
Ou ainda não sei, qualquer outro evento, vamos dizer assim… Deixa eu ver alguma coisa que não quebra, agora vou derrubar ó – na mesa: ((paf))
Historias em quadrinhos e transcrição de áudio
Você gosta de história em quadrinhos? Então dentro das histórias em quadrinhos tem os balõezinhos, então está lá o Cebolinha falando, tlocando os eles, falando com a Mônica e tal.
De repente passa o cachorrinho – o Floquinho, o cachorrinho verde, que a gente não sabe o que é que é cabeça, o que é que é o rabo ((riso)) – é muito estranho, aquele cachorro, tem uma cara engraçada assim.
Aí o Cebolinha fala: “Letramaiúscula Floquinho, vem tomar banho”.
E aí o cachorro “swipt aaaf, some. ((acha graça))
Ou então o Mingau, o gatinho da Magali, quando vai ((acha graça)) tomar banho. É, normalmente os bichinhos fogem ((acha graça)), e aí fica aquela fumacinha lá e “vupt”.
Aquelas palavras que ficam fora dos balõezinhos dos personagens, tentam representar uma onomatopeia. Então derrubou alguma coisa, explodiu alguma coisa, “cabum”, ou então derrubou ou quebrou vidro “crás”, o Casccão lá com o estilingue na mão de repente “crás”, quebrou o vidro do vizinho lá, o Seu Juca, né? ((acha graça)) Coitado do Seu Juca.
Eu não sei, eu não sei se você gosta de quadrinhos, eu gostava bastante.
O Seu Juca era um personagem adulto, mas que ele sempre ficava louco com as crianças, e as crianças faziam tudo de boa fé, mas ele levava tudo para o outro lado e ficava maluco, sempre acabava internado em algum hospício, coitado.
O comentário do transcritor deve ser sinalizado como ((comentário))
Mas enfim, todas essas coisas de histórias em quadrinhos – e eu estou falando também de onomatopeias – tudo isso para falar sobre o quê? Comentários de transcrição como eu tinha falado no outro o vídeo, o vídeo passado que eu falava sobre “…”, que eu falei que eu uso… para representar curtas pausas silenciosas? E se o silêncio fosse maior que 1,5 segundos, eu usava comentários do transcritor.
O comentário do transcritor é sempre feito de forma muito curta, muito resumida. Então por exemplo:
((clap))
Isso aqui, ((clap)) muitas vezes a pessoa… é um jeito de demonstrar satisfação ou coisa parecida, eu coloco entre parênteses duplos “clap”.
Ou então isso aqui: ((tlec)) ((tlec)) ((tlec)) ou ((plec)) ((plec)) ((plec)).
Isso aqui: ((tlec)) ((tlec)) ((tlec)) tudo separadinho.
ou então esse aqui, ó: ((chuac)) para representar um beijo.
A utilização do parênteses duplos na transcrição de áudio
Eu achei a utilização do parênteses duplos fantástica como comentários do transcritor, que é preconizado pela ABNT.
Mas aí eu também falei: “Acho que eu posso usar para onomatopeia”.
E eu comecei a usar isso aí faz uns quatro anos atrás e até hoje eu não arrependo, ninguém me criticou pelo uso de onomatopeias porque ele dá uma fluidez para a transcrição de áudio.
As sinalizações de ênfase ou silabação na transcrição de áudio
Mas por exemplo, a ABNT também preconiza do seguinte: quando há uma ênfase, quando a gente é enfático ((enfatizou)) numa palavra, às vezes a gente coloca ênfase em algumas sílabas. Então naquelas sílabas a ABNT falava que a gente devia colocar em caixa alta.
“GRANde negócio”, então colocava o GRAN com letra em caixa alta e de negócio.
Bom, eu achei que isso aí não caberia para a transcrição de áudio, não ficaria bom para leitura. Então eu coloco que enfatizou independente da sílaba, enfatizou e pronto.
Agora tem a parte da silabação também. A silabação é a gente separar as sílabas. Então por exemplo fala assim… esse exemplo está lá na UFRJ, “Eu fiquei muito cha-te-a-da”. O “chateada” foi silabado, então eu coloco lá “Eu fiquei muito chateada ((silabou))”.
Ou até no soletramento: “Ah, o seu nome… como que é? É… como é. Que se escreve? Ah, tá. JOHN ((soletrou)), John, é isso?”. Então eu coloco JOHN tudo maiúsculo e aí entre parênteses duplos “soletrou”.
“JOHN ((soletrou)), é isso?”
Então ficou uma coisa tão bacaninha de usar esse comentário que eu passei a usar tentando ser sensível à necessidade do falei.
Sinalizamos tosse na transcrição de áudio?
Por exemplo, tosse. Não é necessário sinalizar tosse, a não ser que seja uma pesquisa sobre doenças respiratórias ou que envolvam tosse comum dos sintomas.
Ou então, quando é documentário de cinema, a gente está ajudando a fazer um documentário, então tem a transcrição daquele trecho de filme e aquilo lá vai ser editado.
Então o roteirista pede para a gente sinalizar cada início de frase. Mas ao mesmo tempo eu procuro sinalizar as tosses, os barulhos que se fazem.
Por exemplo, a pessoa começa a dar risada, “kkkkkkk”, eu colo ” ((risos))”. Mas a pessoa está gargalhando tanto que de repente faz o quê? “kkkkkkk rronc”, respora fundo e faz esse som que lembra um ronco. Isso aparecer num documentário é meio chato, não fica legal. Então para salvaguardar a imagem daquela pessoa, eu coloco lá ((ronc)) ou ((roncou)) ou ((riu e roncou)), então, alguma coisa para ajudar o roteirista.
Então é no sentido de ajudar ((enfatizou)) o cliente é que eu coloco essas ênfases por exemplo, está certo?
Discursos políticos apresentam excesso de ênfases, é melhor não representar na transcrição de áudio
Agora, quando é discurso político, que a pessoa está inflamada, eu não sei se vocês chegaram a conhecer o Enéas, aquele médico cardiologista muito ((enfatizou)) inteligente. Ele era calvo, uma barba enorme. Ele era pequeno mas usava um óculos fundo de garrafa, ele ficava vociferando quando falava na televisão e chamou muito atenção porque fala: “Meu nome é Enéas ((enfatizou))”.
Então se a gente fosse colocar tudo o que ele enfatizava, e aí ia ficar só ” ((enfatizou))”, ” ((enfatizou))”, ” ((enfatizou))”, ia ficar muito poluído.
Então nesses casos, quando a pessoa enfatiza muito, por exemplo político, eu não coloco nenhuma ênfase.
Aí sinto muito porque aí já é um recurso discursivo e aí acaba poluindo a transcrição demais.
Então no discurso muitas vezes é o conteúdo do discurso que importa – não é verdade? – e não a forma como o discurso foi proferido, porque os livros não vão registrar isso, então eu coloco lá, e também nunca ninguém reclamou que faltou comentário.
Então depende muito realmente do uso. Então a gente imagina o uso e de repente se o cliente liga aqui eu falo, “Olha, nos utilizamos comentários. Para que é que você quer a sua transcrição?”, “Ah, eu quero para isso”. “Ah, OK”.
Então me parece que esse é o melhor caminho, a gente dá uma discutida por exemplo para tentar detectar mentiras, a gente já recomenda a transcrição de áudio literal, ou seja, não cortar nada.
E enfim vai, são vários os tipos de transcrição de áudio, mas a gente trabalha basicamente com dois ou três tipos: o literal – que não corta nada –, o editado que corta algumas coisinhas, e o supereditado que tenta arrumar, além da ortografia, sintaxe e a gramática. OK?
Bom. Basicamente então é isso que eu tinha a falar acho que sobre comentários de transcrição de áudio.
Conclusão sobre comentários do transcritor na transcrição de áudio
Ah, sim. E esse aqui, ó: ((suspirou)), esse é o famoso “suspiro” independe se a pessoa cansou ou ((riso)) já está… ((acha graça)) já se encheu de dar entrevista e não quer mais falar nada.
Ou então no meu caso, “ufa, esse vídeo foi dose para produzir, viu”. Porque tinha cachorro, é por isso que eu falei de cachorro. A cachorrada aqui do vizinho fica ((acha graça)) fazendo uma barulheira, e várias vezes eu tentei gravar e era aquela zona.
Então é por isso que eu acabei dando risada e falando do Maurício, do gatinho da Magali, que eu também tenho um gato de estimação que fica por aí e ele também faz uns “vupt”.
Então é isso, aí eu lembrei dos quadrinhos e falei: “É uma analogia muito boa”, os turnos fala são os balões e as onomatopeias são essas letras mais explosivas que aparecem nas histórias em quadrinhos, que para a gente é o quê? É o “crás”, tudo desde que não proferido por nós, “fwipt”, parênteses duplos, OK?
Então, até a próxima.
Links referentes à série curso de transcrição de áudio
Saiba mais sobre as Regras de Transcrição de Áudio
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01 Como fazer uma transcrição de áudio
de qualidade
02 Quais são os tipos de transcrição de áudio
03 Medindo a sua produtividade em transcrição de áudio
04 Processo seletivo para transcritor de áudio
05 Software de transcrição por ditado
06 O que faltou na gravação da JBS
07 Uso de reticências em transcrição de áudio
08 Os comentários do transcritor em uma transcrição de áudio << você está aqui
09 Como apresentar uma incompreensão em transcrição de áudio