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Major Olímpio (PSL-SP) é entrevistado por Felipe Moura Brasil

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Major Olímpio (PSL-SP) é entrevistado por Felipe Moura Brasil

Esta transcrição de áudio teve 7240 palavras e o áudio teve 55 minutos e 47 segundos. É uma transcrição considerada de baixa dificuldade devido à clareza de fala dos falantes e da nitidez e qualidade sonora, embora o sinal de internet às vezes se tornasse picotado, como ocorre com ligações Skype ou celulares.

Este trabalho faz parte de uma série de entrevistas de políticos do PSL que se tornaram dissidentes de Jair Bolsonaro, queria entender por que é que houve essa dissidência do PSL logo após Bolsonaro assumir a presidente.

Tivemos como dissidentes do PSL entre outros: Joice Hasselmann, Kim Kataguiri, Lobão, Dayane Pimentel, Júnior Bozzella, entre outros que passaremos a prestar atenção quando houver entrevistas dessas pessoas.

Felipe Moura Brasil, desde que deixou Os Pingos Nos Is nos deixou saudade. Desde a sua saída em 2020 temos percebido um alinhamento do nosso programa preferido com o bolsonarismo, o que consideramos como uma falta de independência jornalista.

Entretanto Felipe Moura Brasil parece continuar com sua linha de jornalismo independente, a não ser que estejamos errados, em O Antagonista.

Você pode ler outras entrevistas com os seguintes personagens da história política brasileira contemporânea:

Dayane Pimentel (PSL-BA)

Júnior Bozzelli (PSL-SP)

Segue então, entrevista extraída do YouTube, na nossa tentativa de entender o fenômeno da dissidência de diversas personalidades do mundo político em relação ao presidente Bolsonaro, a começar do seu antigo partido político, o PSL.

As letras em CAIXA ALTA representam, exceto quando siglas como COAF, ênfases vocálicos. O estilo adotado foi a transcrição literal acadêmica.

Segue entrevista e transcrição de áudio.

Felipe Moura Brasil: Salve-salve, sejam bem-vindos leitores e expectadores de O Antagonista. Eu sou Felipe Moura Brasil e recebo mais um convidado especial nessa minha série de entrevistas durante a quarentena, eu que estou em home office em São Paulo, e hoje recebo o senador Major Olímpio do PSL aqui de São Paulo. Tudo bem, senador? Há quanto tempo. É um prazer falar com o senhor. [00:00:17]

 Major Olímpio: Tudo bem, Felipe Moura. Parabéns pelo  trabalho, parabéns pelo trabalho que O Antagonista vem fazendo para contribuir – e MUITO – pela informação, principalmente a informação eh… isenta, verdadeira, de caráter político que o Brasil tanro precisa, viu?

Felipe Moura Brasil: Obrigado, senador. Eu marquei essa entrevista ontem, com a sua assessoria pra a gente fazer hoje, sem saber, quando eu marquei, que teria – porque eu também não tenho vazamentos ((acha graça)) de Polícia Federal – sem saber que teria hoje a operação que atingiu deputados bolsonaristas, influenciadores bolsonaristas, empresários bolsonaristas, e eu vi já que o senhor eh… comentou a respeito dessa operação, eu já escrevi eh… dois textos lá com O Antagonista, o pessoal pode procurar por lá as minhas opiniões sobre tudo isso que aconteceu. Mas eu queria saber do senhor, que inclusive é ALVO né, de boa parte da militância virtual eh… nesses ataques que estão sendo registrados lá nas decisões do relator do inquérito no STF, inquérito aberto pelo Dias Toffoli, mas relatado pelo Alexandre de Moraes. E aí, Senador? [00:01:31]

 Major Olímpio: Bom, eu acho que nós temos que lutar pela liberdade de expressão, nós temos que lutar sempre por uma imprensa livre. O que não pode acontecer são desvios, e até desvios criminosos, de condutas de pessoas que acabaram se especializando no assassinato de reputações. E o que se desenvolveu hoje, uma apura… eh… apreensões, buscas e apreensões determinados por um ministro do STF, é justamente porque alguns parlamentares, alguns blogueiros, e ao que consta das informações preliminares, e por buscas e apreensões realizadas também eh… em relação a propriedades eh… de… pseudofinanciadores, ou empresários que seriam financiadores disso, só vai clarear o que a gente vem acompanhando há muito tempo, que são pessoas que de forma organizada, PREMEDITADA, eh… acabam promovendo as chamadas fake news, mas que não são brincadeiras, piadinhas acadêmicas ou escolares, eh… pra ser uma coisa jocosa, uma brincadeira entre amigos. É sim, a prática de crimes, principalmente crimes contra a honra, ATAQUES às instituições, ataques à democracia, ataques a determinados órgãos de imprensa e a determinados jornalistas, e que tudo isso precisa ter eh… o limite da lei. E o que a gente vai observando é que muitas dessas pessoas não acreditam que possa ter limite, há lei, e que tudo que você entrar nas redes sociais, o que você fizer, o que você promover contra as pessoas, o que você provocar e animar, estimular a quebra da ordem, eh… o ódio, fanatismos, estão ao abrigo da liberdade de expressão. Tudo precisa ter equilíbrio na vida, e essas pessoas perderam esse equilíbrio na vida. Fazer uma defesa exacerbada, né, por exemplo, do presidente Bolsonaro: é mais do que lógico. Ele é um líder popular, se elegeu… se elegeu com quase 58 milhões de votos. Agora, no momento em que o presidente erra, e tem errado é muito, em muitas circunstâncias, acabamos até tendo um rompimento de ordem pessoal, não necessariamente político, que a grande maioria dos projetos hoje do governo, medidas provisórias são interesses da população, eu tenho votado e defendido, mas de ordem pessoal. Houve uma ruptura no momento em que o… o presidente brigou comigo, porque eu queria fazer justamente uma apuração de condutas do Supremo Tribunal Federal. Eh…

Felipe Moura Brasil: CPI do Lava Toga, no caso, o senhor… [00:05:24]

 Major Olímpio: Isso. É.

Felipe Moura Brasil: …o senhor… eh… eh… esse caso que o senhor tá se referindo, e um caso eh… é uma CPI contra a qual a família Bolsonaro, principalmente por meio do Flávio Bolsonaro, mas também do meio do Eduardo Bolsonaro nas redes sociais, eh… fez campanha. Fez campanha CONTRA. Eh… quer dizer, pela retirada da assinatura de parlamentares no requerimento da criação da CPI. [00:05:44]

 Major Olímpio: Pois é, e justamente por uma coisa de caráter pessoal para proteção de filhos, e que aí tivemos uma ruptura de ordem eh… pessoal. Mas eh… longe eh… de mim, por ter uma ruptura de ordem pessoal, eu querer utilizar, me utilizar muitas vezes de um pseudoanonimato, ou utilizar de subterfúgios pra tentar fabricar qualquer espécie de crime contra a honra ou atitudes ou que possa ser em relação ao presidente, ou a seguidores do presidente. É mais a correspondência não é verdadeira. Como você disse, eu, como tantos outras pessoas que… outras pessoas, ALIADOS de primeira hora do presidente, por termos eh… CONTRARIADO em algumas circunstâncias, da minha, eu até disse uma delas, que foi essa questão do Supremo, né, o presidente, passei a ser interpretado como um INIMIGO, e objeto de ataques eh… de todas as formas. E a gente vai percebendo – e nós tamos aí com a CPI das fake news – também fui bombardeado num momento, que eu, como líder do PSL, com toda tranquilidade… e assinei novamente agora pela prorrogação dela com toda a consciência, e numa esperança que a CPI fake news também possa identificar responsabilidades criminosas, e mais ainda, o uso de agentes públicos…

Felipe Moura Brasil: Exato. [00:07:37]

 Major Olímpio: …e o (orçamento) [00:07:38] público de servidores contratados e PAGOS com dinheiro público, para promover esse achincalhamento das pessoas, das instituições, dos poderes eh… constituídos. Já passou eh… da hora de… dessas pessoas serem RESPONSABILIZADAS, né? E não pode, nós temos uma… uma situação eh… dessa natureza, em que o indivíduo acha que pode fazer o que quiser em relação eh… a mentiras, ou a promover eh… esses fakes, a contratação de robôs ou…

Felipe Moura Brasil: Acha que por trás do computador, pode fazer tudo contra as outras pessoas, né, major? O senhor citou aí a CPI das fake news. E na CPI das fake news, por exemplo, um, pra citar UM exemplo entre vários dos que foram citados lá – e eu escrevi também reportagens a respeito disso, identificando o que eu chamo de militantes de gabinete, que são as pessoas que fazem militância virtual, mas são pagas com dinheiro público nos gabinetes de parlamentares – teve o caso, por exemplo, de um assessor do deputado federal eh… Eduardo Bolsonaro, filho do presidente da república, que tinha uma conta anônima eh… e em que se atacava adversários. O Eduardo se fez de snso ali, dizendo que a conta só eh… colocava fotos da família, só que até a jornalista que divulgou a primeira reportagem a respeito, havia gravado ali uma SÈRIE de postagens com ataques a adversários políticos do deputado. Então, isso é uma militância eh… paga com o dinheiro público, fazendo ataques contra adversários, por meio de uma conta anônima. Quer dizer, esse tipo de atitude eh… não… não deveria existir e… e é claro que deve haver eh… alguma apuração nesse sentido, major. [00:09:36]

 Major Olímpio: Não, sem a menor dúvida, são CRIMES que são praticados. Se tá utilizando servidores públicos, equipamentos, computadores públicos, o tempo que o indivíduo pode… deveria estar trabalhando, eh… nas atividades a que está nomeado, são crimes contra a administração pública. E não tem salvo-conduto na lei. “Ah, eu sou do time do presidente, ou eu sou do time do time do STF, eu sou do… “, não tem TIME. Né? Então, eh… eu vejo como uma esperança a CPI das fake news, o prolongamento delas, o Ângelo, o coronel que é senador da Bahia que está presidindo, ele está… ele tá muito focado em buscar eh… a verdade. Porque não é… você usou a… o… a terminologia militância, mas é uma verdadeira MILÍCIA criminosa, porque não tem NADA, nunca tem nada de construtivo, é o ódio…

Felipe Moura Brasil: Senador, só vou pedir pro senhor, senador. Desculpe interrompe interromper, mas o seu rosto tá sumindo aqui da… câmera, só é pro senhor botar agora mais pra cima a câmera. É isso aí. [00:10:52]

 Major Olímpio: Tá. É o… é o…

Felipe Moura Brasil: Estava… estava chamando de milícia. [00:10:57]

 Major Olímpio: É, não é militância. É MILÍCIA mesmo, porque premeditado pra prática de CRIMES. Né? É, cada um tem a sua função, cada um tem tem o seu foco, vocês percebam, né, isso agora já eh… eh… tanto a Polícia Federal quanto… quanto a CPI das fake news, eh… os indivíduos acham que enganam todo mundo o tempo todo. Mas determinada situação eh… determinada eh… um grupo de pessoas começam a fazer uma manifestação, até mesmo com o mesmo erro de português.

Felipe Moura Brasil: ((acha graça)) [00:11:40]

 Major Olímpio: De repente, TODOS os estados… é verdade. É… é a ignorância às vezes dentro da própria milícia. E com… e… eh… centenas ou MILHARES DE NOMES DIFERENTES começam ter as postagens! Então, entra uma postagem, um fulan de tal dizendo: “Major Olímpio é traíra”. E vem “Major Olímpio deixou de ter obediência cega com o presidente”. Ora, não existe obediência cega. Fiz uma campanha com o presidente, nós dissemos à população: “Nós vamos combater a corrupção com intransigência”, não estamos combatendo a corrupção com intransigência. Nós dissemos: “Sem toma lá, dá cá. Sem acordaço, porque isso gerou mensalão, gerou petrolão”. Agora, tá, já virou domínio da mídia toda, não tem nada escondido mais, as nomeações no Fundo Nacional do Desenvolvimento Escolar, porque tem 54 bilhões de orçamento; no Departamento Nacional de Obras Contra a Seca, eh… eh… na FUNASA. Meu Deus do céu. Então, eu… eu… eu tenho OBRIGAÇÃO, sou muito mais leal quando eu digo ao presidente ou eu digo à mídia ou eu digo no plenário: “NÃO concordo com isso”, porque há tempo de que possa se revisar esses compromissos que estão sendo rompidos, que foram feitos com a população. Mas você vai vendo de forma pré-ordenada esses fakes e buscando o efeito de multiplicação, e gera realmente um efeito de multiplicação, que acaba muitas vezes… eu já sou um cara calejado, não tenho mais eh… expectativas de urna, vou cumprir o meu mandato, tô me sentindo eh… ENOJADO com a política, com essas coisas que eu tô vendo. Mas muita gente é mais jovem, ou tem expectativa de crescimento dentro da área política, tantas vezes é DESTRUÍDO em 24 horas porque tem que ter aquela eh… eh… tem que ter aquele alinhamento CEGO – muitas vezes FANÁTICO, né, e ROBOTIZADO – e aquele… e a gente vê acontecer isso. E isso é CRIME, tá previsto na legislação. Né? E esses leões de teclado, que normalmente são pessoas extremamente COVARDES. Né? Mas, o indivíduo num teclado de computador, num celular, se sente um… LEÃO. E muitas vezes sem… sem… sem avaliar o tamanho do estrago que tá promovendo eh… com a vida das pessoas, das instituições, de famílias, né? Então, não é bonitinho, não tem NADA de romântico nisso, NENHUM deles pode dizer que é dar uma de sonso. “Ah, é pra foto de família”, “Ah, eu eu não… eu não… eu não estava sabendo”, né? Então, eu vejo que deixaram tantos rastros, que seja através de investigação agora, pela Polícia Federal, não acho que esse inquérito no Supremo Tribunal Federal eh… da forma que ele foi instalado, do desdobramento dele seja o melhor caminho. Eu não vejo que o Supremo Tribunal Federal deva fazer o papel de investigador, que… é do Ministério Público, e de julgador. Eu acho que tem que ter… um… o concurso do Ministério Público acompanhando como fiscal da lei. Mas acabou sendo um instrumento. A própria CPI há de ser um instrumento e ninguém engana todo mundo o tempo todo. É aquele filme que diz: “Eu Sei o que Vocês Fizeramno Verão Passado”. Mas ele tá lá.

Felipe Moura Brasil: Certo. Major, o senhor tá falando aí, de uma certa forma, de uma cobrança que existe em que se usa a palavra lealdade. Só que eh… é comum entre grupos políticos a distorção do sentido das palavras muitas vezes, eu até como alguém ((acha graça)) que tenta lidar com o saneamento do ambiente cultural, vou lá na corrupção da linguagem que, pra mim, é a primeira de todas. Então, eh… eles falam em lealdade, muitas vezes eh… tanto entre os petistas, quanto entre bolsonaristas, como uma cobrança pra que seja cego, pra que se seja conivente com determinadas imoralidades. Eh… então, as pessoas que eh… chegam ao poder defendendo determinadas bandeiras, inclusive a bandeira da moralidade, do combate à corrupção, elas precisam ser LEAIS com medidas quê que vão justamente CONTRA aquilo que elas por… prometeram? [00:16:51]

 Major Olímpio: Não, de forma nenhuma. E esse sentido, eh… da lealdade, nós temos que ser… eh… leais eh… a princípios. Princípios morais, princípios legais, né? Nem tudo que é moral é legal, tá no amparo da lei. Nós temos aí, teria uma discussão entre… entre Direito, o que é imoral. Mas você tem um sentimento médio eh… da população. E a gente tem compromissos. É a mesma coisa, né, olha eh… nós defendemos um rigor maior pra a legislação penal. Aí vem um pacote anticrime. Pelo pacote ser encabeçado pelo ministro, então, o ministro Sérgio Moro, que foi ESCOLHIDO pelo presidente da república, o presidente teve toda a liberdade de escolher o seu ministério. Depois o pacote foi solapado, e não houve apoio nem da… do próprio governo para a sustentação do projeto anticrime. A população pedindo e mais de 2 milhões de assinaturas por leis mais severas de combate à corrupção, com 10 medidas de combate à corrupção. Nós todos daquele movimento, nós estamos juntos, queremos eleger um presidente da república e nós vamos dar suporte a isso. Dois anos depois, é sancionado a Lei de Abuso de Autoridade, porque além de não ampliar eh… eh… e potencializar as penas pro combate à corrupção, a população dizendo “socorro, eu quero mais Justiça, mais polícia”… e aí foi sancionado pelo próprio presidente uma lei para punir mais severamente os policiais, os agentes públicos da Receita, os membros do Ministério Público e da magistratura. A gente vive batendo no peito, vivia, durante a campanha, dizendo pra as pessoas: “Prisão após condenação em segunda instância, já!”, e depois nós vimos o próprio governo e o próprio presidente fazer a força contrária a que isso pudesse acontecer. Nós sempre dissemos: “Olha, nós não aceitamos dinheiro eh… de fundão ou de financiamento de campanha, que é dinheiro público, pra fazer santinho; pra combustível, pra pagar eh… advogados de partido”, que nem esse ano, foi sancionado pelo presidente R$ 2 bilhões e 50 milhões. Sancionado para custear campanhas eleitorais. Tudo isso…

Felipe Moura Brasil: Que aliás… aliás… aliás pra defender isso, é o fundão eleitoral, do qual você… o senhor tá falando agora, né senador? [00:20:00]

 Major Olímpio: É o contrário.

Felipe Moura Brasil: Pra defender isso, espalharam a mentira, a desinformação, que claro que conta com o auxílio da claque que recebe bolsa-pano, de que o presidente ((acha graça)) correria risco de impeachment, eh… se não vetasse aquele valor, quando na verdade ele poderia eh… a… aquela orma com aquele valor de R$ 2 bilhões e propor outro eh… com um valor até menor, né, senador? [00:20:23]

 Major Olímpio: Olha, eh… tem um ditado na vida que diz: “Nunca se explique; pros amigos não precisa; os inimigos não acreditam”.

Felipe Moura Brasil: ((acha graça)) [00:20:33]

 Major Olímpio: Então, tentar dizer que não se vetou, e nós fizemos o movimento “Veta Bolsonaro”, e eu estou dizendo, a maioria dos projetos, eu continuo votando os projetos de governo. Votei, debati contra, fizemos manifestações dizendo: “Presidente, ninguém vai impichá-lo por causa disso. Ao contrário, a exaltação, o altruísmo demonstrado, que agora os bons discursos, eles empolgam. Mas, o que arrasta é o exemplo. Depois que você ganhou a eleição, que você tá na atividade pública – né? – você pude argumentar bem, mas o teu exemplo de vida é o que vai ser o exemplo pra a população”, e vão dizer: “Olha, eu posso não concordar com esse cara. Mas ele é coerente do que tá dizendo. Dizia antes da campanha, diz agora e continua sustentando nas suas ações”. Esse conceito da lealdade, né, sem lealdade…

Felipe Moura Brasil: Só um parêntes, senador. Só um parênteses, senador, porque o presidente eh… Jair Bolsonaro, só pra eh… desobrar aqui esse caso que o senhor citou, ele disse em entrevista ao Roda Viva – inclusive circulou outro dia nas redes sociais – que ele era contra, ele repudiava o fundão eleitoral. E quando ainda estava no valor de R$ 1,7 bilhão pra fazer campanha política. E ele subiu ao poder, virou presidente da república e sancionou um fundão de um valor mais alto ainda de R$ 2 bilhões. [00:22:02]

 Major Olímpio: 2 bilhões e… 2 bilhões e 50. Então, são essas coisas que… não posso ser… ser… ser cego, surdo e mudo e dizer: “Olha, mas agora nós somos governo”, NÃO. Nós precisamos zelar MUITO mais, né? Então, é exatamente isso, se isso é ser sinônimo de traíra, serei EU o traíra que está eh… eh… sempre, ou na maioria das vezes, FORA dos compromissos da população brasileira que acreditou na gente? Não posso. Como é que vou dizer? Então, eu sempre fiz questão, eu não tenho NENHUMA nomeação na área de governo. NENHUMA. Nem quando não tinha uma ruptura de ordem pessoal com o presidente. Eu não aceito como junho… junto com mais 32 senadores, nós assinamos uma… um documento, uma carta pro presidente dizendo: “Não aceito emendas extraordinárias que não tem a previsão no orçamento. Não qeira parecer que tá me pagando por aquilo que a população já me paga como um servidor do público, como senador pra tá lá votando”. Então, eu fico absolutamente TRANQUILO, né? Pra dizer exatamente NINGUÉM vai me fazer concordar com tal do toma lá, dá cá. Pode botar o nome. ORA, aí… era… era governo de coalizão; agora é pra dar uma sustentação, é pra dar um suporte? Alto lá, cara-pálida, é o toma lá e dá cá da forma mais escancarada do MUNDO.

Felipe Moura Brasil: É, e muitas vezes… [00:23:49]

 Major Olímpio: Pra as pessoas entenderem! Pras pessoas entenderem. Eh… olha, a essa tal nomeação, a nomeação de porteira fechada, basta fazer uma avaliação voltar um pouquinho no tempo, nós vamos cair no mensalão. O que gerou o mensalão? Foi justamente isso. Que gerou o petrolão, principalmente na Petrobras e outros desdobramentos, exatamente isso. Né?

Felipe Moura Brasil: É.

 Major Olímpio: Então, é entristecedor, eu não… o que eu não concordo, eu vou manifestar sempre. Pode ter interpretação: “Olha, mas o… o Olímpio é um traíra”, não sou não. Pode ficar sossegado. A concurso da gente, é o que mais nós temos de bom, porque é… ((acha graça)) é ela que vai nos dar a tranquilidade de dizer: “Tamos fazendo o que é certo de fazer”, talvez…

Felipe Moura Brasil: É, existe… uma grande diferença, que precisa ser apontada, major, em… eh… nesse debate, que é a diferença entre ser eh… fiel a uma pessoa incondicionalmente, quer dizer, independentemente das atitudes nas quais ela incorra, sejam elas eh… imorais, eh… ou ilegais, e ser fieis a determinados princípios, eh… que se aplicam de acordo com cada situação específicaé o que a gente vê muitas vezes em debate político, um debate público é muita gente que é… simplesmente agarrada, apegada a pessoas e até aos seus laços sociais, quer dizer, as pessoas em torno que comungam daquelas mesmas ideias, que levantam eh… as mesmas bandeiras a favor de DETERMINADAS pessoas, eh… alguns indivíduos ficam com medo de contrariá-las em razão de seus próprios princípios. E aí, muitas vezes acabam se corrompendo. E… Aproveito essa reflexão que eu fiz pra citar uma declaração do senhor, que a gente registrou n’O Antagonista, que foi a seguinte: “Eu não gosto de ladrão. Para mim ladrão de Esquerda é ladrão, de Direita é ladrão. Se for filho do presidente, ladrão roubando junto com o presidente, eu vou dizer”. O senhor acha que essa declaração define o senhor, major? [00:25:57]

 Major Olímpio: Olha, eu sempre disse, até inclusive eu fiz questão de repetir, porque quando nós estávamos discutindo o impeachment da Dilma, eu fiz questão de fazer um pronunciamento e dizer EXATAMENTE isso. Pra mim, ladrão é ladrão, não tem ladrão de Esquerda, de Centro, de Direita. Tiver comportamento de ladrão, pra mim é ladrão. O ladrão é no aspecto maior, se diz: “Olha, tá desviado do contexto da sociedade, está À MARGEM da sociedade, tem um comportamento marginal”. E seja quem for, e que eu completo dizendo sempre: “Eu não tenho bandido de estimação”. Faz 42 anos que eu ingressei na Academia da Polícia Militar do Barro Branco, ainda menino, naquela época podia entrar mais novo, eu entrei com 15 anos, né? E me ensinaram valores que até hoje eu prezo na minha vida. Valores que você não deve negá-los JAMAIS, e que você deve até morrer, se preciso for, em defesa da sociedade, na minha profissão. Na minha profissão eu fui educado e a fazer um juramento: “Olha, entre a minha vida e a vida ou o patrimônio de alguém, eu tenho que tá salvando uma vida”. Assim como um policial que ou agora te ´na esquina, se alguém eh… tiver em suplício ele vai lá enfrentar aquele menor, vai morrer, não é porque eu estou em tese afastado, porque eu tô num cargo legislativo do serviço ativo da polícia, eu continuo tendo o mesmo pacto de sangue. Se eu tiver agora na Avenida Paulista e tiver alguém sendo assaltado, eu vou intervir como policial: “Olha, mas cê vai morrer”, não, é minha obrigação. EU aprendi isso, eu internalizei isso não é depois de velho que eu vou achar que coisas criminosas, ou coisas erradas, passam a estar corretas porque são praticadas por pessoas do grupo político que eu pertenço ou que eu pertencia. No serviço policial, eu vi ao longo do tempo, eu sou de uma instituição que mais corta na carne. A Polícia Militar do Estado de São Paulo eh… expulsa pelo menos 400 homens e mulheres por ano que DIZ: “Olha, você saiu da lei. Você não pode continuar a ser um agente da lei.”, a lei tá dizendo: “Se você não tá… concorda com a lei, vamos fazer força pra mudar a lei, mas você vai se pautar pela lei”. Então, não é… é inadmissível, todo o agente público, aquele que vai pra qualquer cargo, qualquer circunstância, não é pra ter a prote… o manto protetor do cargo, ou as imunidades decorrentes do cargo. Ao contrário, nós temos maior responsabilidade eh… ainda. Então, e nós temos obrigação de dizer, um dos princípios da lealdade né, que eu aprendi também, “seja leal com o seu comandante, seja leal com o seu subordinado, seja leal com a sociedade. Comandante, se eu sou seu assessor, deixa eu dizer: nesse momento o senhor tá equivocado nisso, pelo amor de Deus! Veja a realidade.”. Não, isso é trairagem. Tá remando contra o que eu acho. Não é uma questão de achar ou não, é uma questão muitas vezes… todos nós erramos, pecamos numa série de coisas, mas a grandeza das pessoas tá em muitas vezes verificar que está errando e modificar o seu comportamento, né? Então, é isso. Eu não vou mudar depois de… eh… de velho, não é pra ter eh… eh… não é… não serão vantagens. Se eu quisesse, tivesse no comodismo, eu poderia ficar calado feito um boi sonso. Né? E com as benesses de noemação eh… com a ribalta de palanques iluminados, é com destaques eh… dentro do campo político de poder ter maior visibilidade. Né?

Felipe Moura Brasil: Major, eh… o… o senhor citou aí a sua trajetória eh… eh… na polícia inclusive, e era… eu até ia perguntar a respeito disso, se houve alguma cena que o senhor presenciou, desde cedo, nessa atuação até anterior à… a política, que gerou um maior repúdio seu à bandidagem, independentemente de onde… de onde ela venha? [00:31:00]

 Major Olímpio: Ah, eu tenho sim. Eu tive ocorrência policial, mais de uma, aonde eu tive eh… policial meu, soldado meu que foi morto, baleado. Né? Eu tive… eh… situação, é inesquecível, eh… na minha vida, né, de ter… ter que ir à ccasa de um policial pra dizer pra ele, parece aquelas cenas de filme de guerra…

Felipe Moura Brasil: Certo. [00:31:30]

 Major Olímpio: …quando chega o agente do correio, que a viúva já sabe que você foi dar uma notícia que o marido morreu, e as crianças começam a chorar desesperadas.

Felipe Moura Brasil: Exato. [00:31:42]

 Major Olímpio: Eu tive, como comandante, essas coisas na vida, que me deram eh… um sentido muito amargo. Eu não desejo eh… eh… não… não enalteço isso, não. Eh… caleja demais a gente. Mas faz… a gente envelhece 10 anos em 5 minutos de dizer pra… com a família que o pai não vai voltar pra casa, que tá se esvaindo em sangue no meio da rua. Mas o sentido do cumprimento da lei, e pelo sangue destes caras, é que a gente não tem direito de tripudiar na própria história. E tenho tantos exemplos, que eu poderia dar, de atuações policiais DE POLICIAIS, não necessariamente minha, mas DE POLICIAIS que eu vivenciei, que eu presenciei eh… atos heroicos, atos bonitos, de dizer: “Por que é que o cara fez isso? Ele é louco?”. Não. Ele preservou uma vida, né? Ele preservou a lei, né? É o sujeito que tá com eh… devendo no banco, ele tá arrebentado e ele pega o marginal com R$ 1 milhão e ele conta notinha por notinha com testemunha pra dizer: “Ó, não vai sumir um centavo disso aqui”. Foi R$ 1 milhão apreendido, é R$ 1 milhão que vai ser entregue e vai ser depositado pra justiça”. E por ESSAS pessoas, eu só sou… eu só sou uma dessas, né, um desses policiais, como MILHARESA e milhares e milhares. É que eu enveredei pra área política. Mas que tados… todos eles, a grande esmagadora maioria, tem ESSE sentimento do cumprimento da lei, do compromisso com a sociedade, de não se desvirtuar, de não dizer: “Não, mas a… a… olha, a… agora a coisa é assim mesmo”, não, a coisa não é assim mesmo. Né? Nós temos que nos pautar sempre pela lei. Na dúvida, vai na lei que você vai tá correto. Né? Então…

Felipe Moura Brasil: Agora, major, o senhor, até pela sua experiência policial, como é que o senhor viu essa… interferência – pra usar a palavra que tá sendo usada – do Jair Bolsonaro na Polícia Federal, de acordo com as declarações do Sérgio Moro, com a… com as mensagens mostradas por ele? Eh… com as declarações do próprio Jair Bolsonaro em vídeo, que acabou sendo divulgado. Eh… o senhor inclusive eh… com essa experiência viu naquela época alguma coisa parecida? De eh… politicagem no meio policial? E como é que o senhor vislumbra eh… essa positivamente eh… de um governo ter um certo controle para blindar familiares e aliados, eh… o senhor acredita que existe esse risco? [00:34:40]

 Major Olímpio: Olha, o risco sempre existe. As instituições policiais são, no Brasil são instituições centenárias muito sólidas. A Polícia Federal não é centenária, mas ela… ela… ela, principalmente nos últimos anos, principalmente com a Operação Lava Jato, ganhou muita credibilidade com a opinião pública. Eu não vou fazer um juízo de valor, e não é por covardia não, já vou dizer pra você. Em relação a ESSE caso concreto…

Felipe Moura Brasil: Certo. [00:35:10]

 Major Olímpio: …que é objeto de um inquérito hoje, pra avaliar né, se o presidente teria extrapolado, ou avançado na sua competência, ou no ânimo de intervenção na Polícia Federal, e por uma explicação lógica. Com a… a finalização desse inquérito pode gerar inclusive o impedimento ou um processo para impedimento ou impeachment do presidente. Se acontecer isso, pela Constituição, quem autoriza o processo é a Câmara dos Deputados. Então, lá na Câmara dos Deputados, você vai ter deputados que vão acusar, vai ter deputados que vão defender, vão fazer o papel de advogado, do Ministério Público. Se tiver 342 votos, que autoriza o processo de impeachment, se aberto no Senado, aí eu viro um dos 82 juízes, porque os 81 senadores presididos pelo presidente do Supremo Tribunal Federal é quem vão… vai julgar esse processo de impeachment.

Felipe Moura Brasil: Certo. [00:36:29]

 Major Olímpio: Então, se eu disser nesse momento, emitir um juízo de valor, amanhã pode prejudicar lá na frente ou invalidar o meu voto como eventual juiz. Só tenho que dizer, o sonho de toda a classe política, em todos os níveis, é poder APARELHAR ou INFLUENCIAR em órgãos fiscalizadores. Daí, as garantias, por exemplo, do Ministério Público com o fiscal da lei que se solidifcaram MUITO a partir da condi… da Constituição de 88. Daí o sonho de aparelhamento político ou partidário eternamente em quadros da Receita, da União na Receita Federal, na Receita dos Estados, é o SONHO da política. Como é o sonho eh… da política, tentar aparelhar quadros na polícia. Basta você eh… analisar o histórico da polícia brasileira. O que é que a denominação seja… chama-se de delegado de polícia? MUITO lá atrás na história, quem era nomeado o delegado de polícia? Ele tinha a delegação de quem estava no Poder Executivo para exercer as atividades de polícia. E naquele momento eram nomeados o que? Veja quem nós vamos prejudicar e veja quem nós vamos proteger. E tem gente que no Século 21, e na política tem essa visão. Nos Estados, MUITOS deputados, entes políticos querem INTERVIR na nomeação de delegados seccionais, delegados regionais de polícia nas suas esferas, na sua área de atribuição, nos órgãos de fiscalização, pra ter esse pseudopoder de ser quem possa definir qual é o juízo de valor no ato de uma fiscalização. E na nossa história, TODOS têm quebrado a cara. TODOS. E aí, eu vou dizer também de uma interferência indevida né, que foi o remanejamento do COAF pra se tornar o IF na estrutura do Banco Central. Pode dar o nome bonitinho que quiser, mas foi uma interferência grotesca de tirar naquele momento o COAF da mão do Sérgio Moro no mini… eh… como ministro da Justiça, migrando pra Economia e depois chegando onde tinha que chegar, lá no Banco Central. Então, eu digo pra você, aqueles que acharem que POSSAM aparelhar ou interferir na Polícia Federal, vão quebrar a cara, como aqueles que tentam nos Estados acabam quebrando a cara, porque a instituição, ela tem amarrações como um todo, vamos dizer, na Polícia Federal, MESMO que o delgado, o diretor-geral da Polícia Federal quisesse interferir num procedimento, que está em trans… a… está transcorrendo num Estado, o delegado lá é que está conduzindo esse processo, esse inquérito, ele é SUBORDINADO administrativamente, mas antes de tudo ele é subordinado à Constituição, ao Código de Processo Penal. Então, é uma… é uma… TRISTE ilusão daqueles que acham, né? Por isso que eu não tô fazendo afirmação se o presidente QUIS ou não interferir, porque eu posso ser juiz lá na frente. Mas se houve eh… esse ânimo, é uma coisa absolutamente esdrúxula, principalmente o presidente que tem 50 anos de vida pública, que conhece como conhece o legislativo, é capitão da reserva do Exército Brasileiro, e é sabedor, como a própria… eh… eh… eh… Receita Federal do Brasil, como outros órgãos de fiscalização que eternamente eu vejo ali tudo que vai, que tudo que aparece, né, você já tem o grupo de parlamentares que são contra qualquer coisa que seja, por exemplo, pra Receita federal, que seja para a Polícia federal, né, porque e alguns que até confessam: “Olha, esses falam uns palavrões, fiscalizaram a empresa da minha família”, que bom, né?

Felipe Moura Brasil: Senador, mais uma vez o seu rosto tá escapando aí da câmera, só pra levantar um pouquinho a câmera. [00:41:50]

 Major Olímpio: É aqui, pronto. Tá. Então, eh… são coisas que a modernidade, a própria legislação, ela vai… ela não… não é que ela vai brindando pra fazer o que quiser, mas ela vai blindando pra dizer: “Olha, a Polícia Federal brasileira, ela tem uma subordinação administrativa à estrutura de governo, ao ministro da Justiça, logicamente à presidência da república. Mas, a obediência em termos de RITO, do cumprimento do SIGILO de investigações, da INDEPENDÊNCIA OPERACIONAL, ela não está afeto ao que QUER o mandatário da república, ou governador do Estado em relação à Polícia Civil, ou à Polícia Militar, ou aos prefeitos em relação à guardas municipais. Alguns querem formar a sua guarda pretoriana. Mas, a legislação brasileira ((acha graça)), a Constituição não faculta e a lei não deixa. Então, aqueles que tentarem fazer isso, vão se quebrar.

Felipe Moura Brasil: Agora, major, mudando aqui um pouquinho de assunto, quer dizer, na verdade, em decorrência de tudo isso que a gente tá descrevendo aqui, o senhor acabou dizendo que tá enojado com a política, e que acabou a pretensão de disputar o governo de São Paulo. O senhor até chegou a falar isso eh… nesta entrevista, mas o senhor já tinha declarado eh… e as notícias pipocaram ontem a respeito desse assunto. O senhor tem sido um… um crítico doutor do governador de São Paulo, João Dória. Mesmo assim, com todo essa… esse esgotamento da paciência, esse nojo em relação à política, eh… o senhor não… realmente não pretende disputar eleição? Eu queria saber eh… quais são as críticas do senhor? A gestão do governador aqui de São Paulo, e o porquê essa… essa desistência da disputa eleitoral. [00:43:59]

 Major Olímpio: Bom, a desistência é do entendimento: primeiro, eu comecei tarde, né? Eu fui ser deputado federal, já era major da Polícia Militar, né? Então, no segundo momento, o… o enojado, e principalmente nesse momento, desiludido, eh… e desiludido. Eu sou agradecido eh… ao Jair Bolsonaro, possivelmente sem a força política dele eu jamais me elegeria eh… senador por São Paulo, ele cobra isso o tempo todo, possivelmente seja uma realidade, não significa que eu tenha que ser aliado eh… cegamente aos erros e às distorções, mas sou cobrado por isso. Mas tudo isso tem… me entristeceu é DEMAIS. Eu vou cumprir com o meu mandato enquanto a saúde, ou até o último mandato senador, tenho uma responsabilidade pública, tive 9 milhões e 39 mil votos, eu tenho que corresponder a isso. Eu trabalho feito um louco por isso. O ano passado eu ganhei um título de Senador do Ano no primeiro ano de mandato. E aquilo ali para mim não é… “Opa, você já fez”. Não, é o contrário, eu tenho é que fazer, e muito mais, por São Paulo e pelo Brasil. Com relação ao João Dória, eh… a falta de compromisso na palavra empenhada, inicialmente com os profissionais da segurança pública, com salários, com equipamentos. Né? Eh… me… me agastou demais. Hoje, a nossa relação é verdadeiramente processual. Eu entrando com ações contra ele, dois pedidos de impeachment na Assembleia, dezenas de ações eh… na Procuradoria Geral de Justiça, no Tribunal de Contas e no Ministério de… de Público de Contas do Estado, ele me processando no Supremo Tribunal Federal. Mas eu acho que primeiro, a população já viu quem é ele, ele de fato. E não vai ser preciso ter o Major Olímpio na disputa, pra que ele possa não continuar no governo. Até porque na sua obsessão pelo poder, eu acho que ele vai se conduzir pra fazer um enfrentamento com o Jair Bolsonaro. Essa… próprio… braço de ferro dos dois agora em relação à… a (inint) [00:46:23]

Felipe Moura Brasil: Aí, eu quero… aí, eu quero saber, major, eu vou querer saber em quem o senhor votaria se fosse esse quadro. ((acha graça)) [00:46:26]

 Major Olímpio: Não, se for o… se for o… o Dória e o Bolsonaro, eu vou votar no Bolsonaro, né? Bolsonaro, ele tem princípios morais. Ele teve esses desvirtuamentos agora, colocou a condição de pai acima eh… das suas obrigações como presidente, isso é uma crítica. Mas, o que eu digo sempre, né, e digo pra as pessoas: “Cê compraria um carro usado do Dória, dizendo ‘nunca bateu, único dono, carro de garagem, o hodômetro é zerado’?”, não dá.

Felipe Moura Brasil: ((risos))

 Major Olímpio: Então, mas eu não sei quando… não dá, eh… né, eu não sou pitonisa pra antever 22. Tem muita água pra passar debaixo da ponte aí. Quem… quais serão os candidatos na disputa. Mas eu vejo que os dois têm se colocado – e frontalmente – antagônicos e belicosos, de todas as formas, como quem diz pra opinião pública: “Olha – o Dória dizendo o tempo todo – eu tenho que ser presidente porque eu me… eu me antagonizo com o Bolsonaro”, e o Bolsonaro dizendo o tempo todo: “Olha, vê lá o governador de São Paulo que tá eh… fazendo um palanque político pra me enfrentar”. Os dois nesse momento, e nesse momento de pandemia, nessa agonia da saúde pública, na… na agonia da economia, o ideal seria cada um rever um pouco as suas posições e o ideal estaria mais para um equilíbrio, como alguns Estados têm tentado fazer eh… esse equilíbrio. Com relação à pandemia, por exemplo…

Felipe Moura Brasil: A câmera, major, eu vou chamar a atenção do senhor pela terceira vez ((acha graça)), me perdoa, que a câmera está caindo. ((acha graça)) [00:48:14]

 Major Olímpio: Perdendo a cabeça. ((acha graça))

Felipe Moura Brasil: ((acha graça)) Pode falar. [00:48:20]

 Major Olímpio: Ótimo. Mas eh… eh… eu não vejo eh… mais para mim eh… a condição ou espaço ou tempo. Eu cheguei bastante longe, chegando no Senado da República, conseguindo ser um dos três senadores do Estado de São Paulo, o Estado que é o carro-chefe da nação. E eu tenho certeza que nós vamos ter bons e melhores candidatos pro Governo do Estado em 22. Eh… vou continuar no mandato de senador, irei até 26, poderei ajudar, é a minha obrigação ajudar independe de eu estar, de eu ser eh… um grande antagonista hoje…

Felipe Moura Brasil: ((risos)) [00:49:04]

 Major Olímpio: …do… do João Dória aqui em São Paulo, eu notadamente, eu tenho feito todo esforço na busca de recursos, de estrutura pra São Paulo. Semana passada mesmo eu consegui pautar, ser relator e aprovar um empréstimo de R$ 480 milhões para a Prefeitura de São Bernardo, e o… é um prefeito que é do PSDB, é o principal aliado do jao Dória, e nós não confundimos as coisas. A população não pode ser prejudicada em relação a isso. Mas, eu vou torcer pra um amadurecimento político do paiis, eu acho que nesse momento eh… tem que se arrefecer os ânimos. As pessoas todas tiraram todas do tal do ódio do coração, né? O fato de você não concordar politicamente com o sujeito, não significa que cê põe uma armadura e parte com a lança pra cima do sujeito, tentando sufocá-lo, tentando acabar e até matar fisicamente, ou matar moralmente a pessoa. Eu acho que nós devemos ter um pouco de equilíbrio com tudo, nós temos que ter um encaminhamento. Mas isso não pode ser só no discurso. Semana passada o presidente fez uma reunião, o presidente da câmara, do senado e com os governadores. Né? E eu nunca vi uma coisa tão falsa no mundo. Né?

Felipe Moura Brasil: ((acha graça)) [00:50:34]

 Major Olímpio: O presidente da câmara e do senado fizeram umas falas coerentes como chefes de poder dizendo: “Gente, vamos nos unir”. E o presidente dizendo que nunca teve tão bem e feliz com os governadores. O João Dória dizendo que nunca teve tão feliz com o presidente. Mas… mas não durou 24 horas, aquela conversa ali.

Felipe Moura Brasil: ((risos)) [00:50:55]

 Major Olímpio: Né? Vocês, da imprensa, no dia seguinte, já tavam pautando os amargores, os dissabores, né? Então, é preciso ter um pouco mais de atitude em relação a isso. O meu papel no Senado, eu procuro fazê-lo, eu vou fazendo o meu feijão com arroz ali, eum… eu aprendo o tempo todo. A gente sempre acha que sabe bastante, eu tô amadurecendo demais no senado. Tem 14 ex-governadores no senado, vários prefeitos de capital, de grandes cidades, que… as pessoas… essas pessoas têm uma experiência muito grande na avaliação de cada projeto, diferentemente do que era na Câmara federal. A Câmara Federal é muito grande, são 513, é aquele rolo desgraçado, aquela BRIGA pra ter 2 minutos no microfone. No senado tudo dá um pouco mais de tempo, e a gente aprende o tempo todo. A gente vai ver a experiência das pessoas, então, eu tô aprendendo MUITO em relação a todas as áreas da sociedade, as necessidades públicas, a discutir os centavos no orçamento, aprendendo a como FISCALIZAR efetivamente execução orçamentária. Então, eu me vejo hoje AMARGURADO com a política, né, ENOJADO, como eu disse a você, de ter pretensão de ir novamente nas urnas. Mas o meu compromisso no exercício do mandato, este eu não abro mão, daqui a pouquinho eu já vou entrar numa sessão remota do Senado, e vou discutir projeto a projeto, vou fazer emenda, eu faço destaque, sou encrenqueiro, é da minha natureza esse tipo de coisa…

Felipe Moura Brasil: ((risos)) [00:52:45]

 Major Olímpio: …e não vou mudar depois de velho. Então, eu só apenas quis dizer: “Olha, PAREM de me encher o saco, que eu não tô mais na cadeia alimentar de vocês”…

Felipe Moura Brasil: ((risos)) [00:52:56]

 Major Olímpio: …“Fiquem tranquilos aí, vão se mantando entre vocês, que ainda querem partir pras urnas, mas me deixem na minha, que eu vou me contentar em ficar no legislativo, e ajudando São Paulo, ajudando os meus irmãos da segurança pública, que é a minha origem.”. Recentemente até nessa… nessa luta do ódio, né, eh… tomei um monte de invertidas de irmãos policiais militares que passaram a me achincalhar em redes, estimulados por esses grupos do ódio, dizendo: “Olha…

Felipe Moura Brasil: O bolsonarismo. [00:53:42]

 Major Olímpio: …“não pode… você é militar, como o presidente, cê não pode eh… eh… ir contra alguma coisa do presidente. Você é militar, como a gente”, e eu dizendo: “Rapaz, preste atenção no que cê tá me falando! O fato de nós termos a origem e um estatuto militar não quer dizer que nós temos que ser… ter uma obediência cega aos ERROS”, né? Isso me desgastou eh… de… eh… demais, ao ponto de dizer: “Eu posso ajudar bastante São Paulo, eu posso ajudar meus irmãos da segurança pública lá no Senado e vou fazer um bom papel”. Eu acho que eu comecei a sonhar em me aposentar já com 15 anos de idade, meus amigos, jogando bola na rua e eu já com fuzil nas costas e marchando. Né? Já tô com 42 anos na área pública. Mais 6 anos e meio pra frente, vo tá chegando quase 50 anos de área pública. O meu sonho dourado é ir pra Ilha… pra Ilha Bela com a minha mulher…

Felipe Moura Brasil: ((acha graça)) [00:54:48]

 Major Olímpio: …e poder curtir um pouquinho do resto de vida que eu tenho. Eu acho que o meu ciclo vai tá encerrado.

Felipe Moura Brasil: Taí o senador Major Olímpio do PSL de São Paulo, PSL que era o partido do Jair Bolsonaro, presidente da república, o partido pelo qual foi eleito; mas esse é o Major Olímpio… o Major Olímpio que critica tudo aquilo que considera errado no governo do Jair Bolsonaro, e também aqui no governo de São Paulo, do João Dória. Muito obrigado por ter encaixado aqui essa entrevista entre uma atividade e outra. Eu sei que o senhor tem sessão agora e já estouramos o tempo, qualquer hora a gente conversa de novo sobre outros assuntos, é sempre um prazer. Boa tarde, boa noite, bom trabalho, major. [00:55:24]

 Major Olímpio: E parabéns pelo jornalismo INDEPENDENTE que você faz, em TODOS os órgãos que você trabalha. Sou fã mesmo do trabalho aí da postura. Um abraço, felicidades!

Felipe Moura Brasil: Obrigado, senador, é isso aí, um abraço, tchau-tchau.

((fim da transcrição))


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