Pronunciamento de Jair Messias Bolsonaro em 24/04/2020
Pronunciamento de Jair Messias Bolsonaro em 24/04/2020
Esta transcrição foi realizada em estilo mais acadêmico, onde evidenciei ênfases com comentários de transcritor usando o ((parênteses duplos)).
Copieo e vôlei a transcrição do portal G1, mas adicionei os pontos de apoio que estão em negrito e temporizados, de tal forma a subtitular o texto tornando mais fácil ao leitor se localizar.
Acredito que isso ajuda na hora da leitura, mas pode variar de revisor para revisor, a subtitulação.
Tamém notei que foram pelo menos três transcritores que fizeram a transcrição para o portal G1, notei algumas diferenças em diferentes trechos do texto, diferenças sutis porém diferenças de estilo.
Estava bem transcrito, mas fiz cerca de 440 correções para adaptar ao meu próprio estilo de transcrever. O texto original pode ser encontrado no link abaixo:
Você pode também ler:
→ Pronunciamento de Sérgio Moro em 24/04/2020
Espero que goste da transcrição e que ela seja útil para tirar suas próprias conclusões sobre as diferentes visões sobre um mesmo episódio, a exoneração de Maurício Aleixo.
Senhores e senhoras, boa tarde. Meus ministros, imprensa, povo brasileiro que me assiste.
Sabia que não seria fácil. Uma coisa é você admirar uma pessoa. A outra é conviver com ela, trabalhar com ela.
Hoje pela manhã, por coincidência, tomando café com alguns parlamentares, eu lhes disse: “Hoje vocês conhecerão aquela pessoa que tem um compromisso consigo próprio, com seu ego e não com o Brasil. O que eu tenho ao meu lado, e sempre tive, foi o povo brasileiro. Hoje, essa pessoa vai buscar uma maneira de botar uma cunha entre eu e o povo brasileiro.”
Isso aconteceu há poucas horas.
Um breve histórico [00:01:11]
Um breve histórico. Todos nós conhecemos o senhor Sergio Moro das suas decisões lá da Vara Federal de Curitiba. A Lava Jato já existia, mas ninguém nega o seu brilhante trabalho.
O Primeiro contato [00:01:35]
Eu, pessoalmente, tive o primeiro contato com o senhor Sergio Moro no dia 30 de março de 2017 no Aeroporto de Brasília, onde ele estava parado numa lanchonete e eu fui cumprimentá-lo. Ele praticamente me ignorou. A imprensa toda noticiou isso, dando descrédito à minha pessoa.
Confesso que fiquei triste porque ele era um ídolo pra mim. Eu era apenas um deputado, humilde deputado, como é – ou como são – a maioria dos que estão no Parlamento brasileiro. Não vou dizer que chorei porque estaria mentindo, mas fiquei muito triste.Para minha surpresa, alguns dias depois, eu estava em Parnamirim (RN) e recebi um telefonema dele onde, obviamente, a sua consciência tocou e ele conversou comigo sobre o episódio. Eu dei por encerrado o assunto, me senti, de certa forma, reconfortado.
O tempo passou. Eu, numa pré-campanha e ele com as suas sentenças em Curitiba.
Tentativa de assassinato em Juiz de Fora [00:03:03]
Com o passar do tempo, entrei em campanha, e como, do meu entendimento, não tinham como me deter, tentaram me assassinar.
Obviamente, isso marca a história de uma nação. Muito mais, a minha vida, a da minha família, e em especial da minha filha Laura, de 9 anos de idade.
Acabou o primeiro turno e eu fui, fui… Passei para o segundo turno, com o senhor Fernando Haddad, do PT.
Hospital Albert Einsteins [00:03:45]
Nesse ínterim, eu baixado no Einstein, em São Paulo, recebi uma ligação de uma pessoa que queria fazer com que o senhor Sergio Moro fosse me visitar. Eu fiquei feliz, mas declinei. Ele não esteve comigo durante a campanha, eu não sei em quem ele votou no primeiro turno, e nem quero saber, o voto é sagrado e secreto. Mas eu, exatamente, evitei conversar com ele, naquele momento, entre o primeiro e segundo turno, porque, com toda a certeza, essa visita se tornaria pública e eu não queria aproveitar do prestígio dele para conseguir a vitória no segundo turno.
Presidente eleito [00:04:45]
Após, então, a nossa vitória, a vitória da democracia, da liberdade, das eleições livres, eu recebi o senhor Sergio Moro na minha casa, na Barra da Tijuca. Presente ao meu lado, o senhor Paulo Guedes, o homem que eu já havia escolhido para ser ministro da Economia, e, ali, traçamos alguma coisa de como ele seria tratado caso aceitasse o nosso convite para ser ministro da Justiça. Obviamente, repito, ele não ((enfatizou)) participou da minha campanha. Acertamos como fizemos com todos os ministros, “vai ter autonomia no seu ministério.”
Autonomia não é sinal de soberania. A todos os ministros, e a ele também, falei do meu poder de veto. Os cargos-chaves teriam que passar pelas minhas mãos e eu daria o sinal verde ou não. Para todos os ministros, foi feito dessa maneira. Mais de 90% desses cargos, que passaram pelas minhas mãos, eu dei sinal verde.
Assim foi também com o senhor Valeixo, até ontem, diretor da nossa honrada e gloriosa Polícia Federal.
Indicação de Valeixo foi de Moro [00:06:25]
A indicação foi do senhor Sérgio Moro, apesar de a lei de 2014 dizer que a indicação para esse cargo – e a nomeação – é exclusiva do senhor presidente da República.
Abri mão disso, porque confiava no senhor Sérgio Moro.
E ele levou a sua equipe, ou trouxe a sua equipe aqui para Brasília.
Todos os cargos-chaves são de Curitiba, inclusive a Polícia Rodoviária Federal. Lógico, me surpreendeu: “Será que os melhores quadros da PF, todos estavam em Curitiba?”
Mas, vamos confiar, vamos dar um crédito.
E, assim, nós começamos a trabalhar. Bolsonaro critica a imprensa [00:07:23]
Os senhores da imprensa bem sabem que eu não conto com isenção, na maioria das vezes, por parte de vocês, nas matérias publicadas.
Desde o começo, já se começou a falar que eu estava dificultando operações de combate à corrupção, porque as operações, com muito menos intensidade, apareciam. Mas é óbvio que isso ia acontecer. Se as nossas indicações para os ministérios, bancos oficiais e estatais não passavam por indicações partidárias, está na cara que a fonte da corrupção não era tão abundante quanto antigamente.
Isso começou a abater sobre mim, como se eu tivesse contrário à Lava Jato.
Isso não é verdade.
As grandes operações da PF, no passado, foram em cima de estatais ou de empreiteiros que faziam obras e arrancavam recursos via bancos oficiais, em especial o BNDES.
Nós botamos um ponto final nisso, isso foi muito caro para mim.
Poderosos se levantaram contra mim. E é uma realidade, é uma verdade. Eu estou lutando contra um sistema, contra o establishment. Coisas que aconteciam no Brasil, praticamente, não acontecem mais. E, me desculpe a modéstia, em grande parte pela minha coragem de indicar um time de ministros comprometido com o futuro do Brasil.
Continua não sendo fácil, mas, pode ter certeza, hoje em dia, eu conto com muitos parlamentares dentro do Congresso Nacional que já comungam dessa tese, de vários partidos, exceto os da extrema esquerda, porque o que eles querem, no final das contas, é roubar a nossa liberdade. No que depender de mim, não medirei esforços para que isso não aconteça.
Recado a Sérgio Moro [00:10:03] Dizer ao prezado ex-ministro Sergio Moro, como o senhor disse hoje, na sua coletiva, por três vezes, o senhor disse que tinha uma biografia a zelar. Eu digo a vossa senhoria que eu tenho um Brasil a zelar.
Não apenas fiz um juramento quando sentei praça nos idos de 1973, na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas (SP), em dar a vida pela minha pátria se preciso fosse. Mais que a vida para a minha pátria eu tenho dado, eu tenho dado o desconforto da minha família; as acusações mais torpes possíveis, não só contra minha família, bem como, àqueles que estão ao meu lado.
Interferência de Bolsonaro na Polícia Federal [00:11:00]
Falava-se em interferência na Polícia Federal. Ora bolas, se eu posso trocar um ministro, por que não posso, de acordo com a lei, trocar o diretor da Polícia Federal? Eu não tenho que pedir autorização pra ninguém, para trocar o diretor ou qualquer ((enfatizou)) outro, que esteja na pirâmide hierárquica do poder Executivo.
Quem mandou matar Jair Bolsonaro? [00:11:28] Será que é interferir na Polícia Federal, quase que exigir e implorar a Sergio Moro que apure quem mandou matar Jair Bolsonaro? A Polícia Federal de Sérgio Moro mais se preocupou com Marielle do que com seu chefe supremo. Cobrei muito dele isso aí.
Não interferi.
Eu acho que todas as pessoas de bem no Brasil querem saber, e entendo, me desculpe seu ex-ministro, entre meu caso e o da Marielle, o meu está muito menos difícil de solucionar. Afinal de contas, o autor foi preso em flagrante delito, mais pessoas testemunharam, telefones foram apreendidos. Três renomados advogados, em menos de 24 horas, estavam la pra defender o assassino.
O caso Marielle [00:12:27] Isso é interferir na Polícia Federal? Será que pedir à Polícia Federal, quase que implorar, via ministro, para que fosse apurado, no caso Marielle, no caso porteiro da minha casa 58, na Avenida Lúcio Costa 3100?
Quase que por acaso descobrimos, se não eu pedisse para o meu filho ir na portaria e filmar a secretária eletrônica, talvez até hoje ficasse a dúvida para todos que eu poderia estar envolvido nisso.
Isso foi numa quarta-feira, de março de 2018, onde, entre a ligação do porteiro pra minha casa e as minhas digitais nos painéis de presença da Câmara, tinha um espaço de menos de uma hora. Eu não estava lá.
Depois, a perícia da Polícia Civil do Rio ainda chega à conclusão que aquela voz não é a voz do porteiro em questão.
Será que é interferir na Polícia Federal exigir uma investigação sobre esse porteiro? O que aconteceu com ele? Ele foi subornado? Ele foi ameaçado? Ele sofre das faculdades mentais? O que aconteceu para ele falar com tanta propriedade um fato que, segundo ele, existiu há, praticamente, um ano atrás?
É exigir da Polícia Federal muito, via seu ministro, para que esse porteiro fosse investigado?
Com todo respeito a todas as vidas do Brasil, acredito que a vida do presidente da República tem um significado, que afinal de contas, é um chefe de Estado.
Isso é interferir na Polícia Federal? Cobrar isso da sua Polícia Federal?
Confesso que, ao longo do tempo, como bem vos lhes disse, uma coisa é ter uma imagem e conhecer uma pessoa; a outra, é conviver com ela.
Nunca pedi para ele para que a PF me blindasse onde quer que fosse ((enfatizou)).
Medidas de economia pessoal [00:15:06] Quando se fala em corrupção, eu falo da minha vida particular. Nos últimos dois anos de parlamentar, gastei menos da metade do que poderia gastar da sua cota parlamentar, como passagem aérea, com despesa de combustível, de alimentação, de aluguéis.
Na vida de presidente da República, eu tenho três cartões corporativos. Dois são usados para despesas, as mais variadas possíveis, que, afinal de contas, mais de 100 pessoas estão na minha segurança diariamente, despesas de casa normal. E um terceiro cartão, que eu posso sacar R$ 24 mil por mês, sem prestar conta. Eu posso sacar R$ 24 mil e gastar onde eu bem entender, sem prestação contas. Quanto eu usei dessa verba desde janeiro do ano passado? Zero ((enfatizou)). Isso é obrigação.
Eu desliguei o aquecedor da piscina olímpica do Alvorada; modificamos o cardápio, mas isso não tem nada a ver. É obrigação da minha parte. Mas é só para lembrar que eu tenho preocupação com a coisa pública e busco dar exemplo.
Interferências no Ministério da Economia [00:16:36]
Quando se fala em interferência, e tenho aqui um ministro meu, tão importante quantos os demais, porque nós somos uma corrente e nem um elo é mais forte que uma corrente, o Paulo Guedes.
Quando eu vi o Inmetro, que é um órgão parecido até, logicamente cada um na sua função, com a Polícia Federal, com a PRF, com a Secretaria da Cultura, do Marcelo Álvaro Antônio, entre tantas outras.
Eu falei: “Paulo Guedes, eu vou implodir o Inmetro, porque o que eu descobri lá, nós não podemos deixar o povo sofrer dessa maneira.”
Queriam trocar 1,6 milhão de tacógrafos de motoristas, de viaturas, cada tacógrafo custando R$ 1.900. Quem ia pagar a conta? Era o motorista de caminhão, o motorista de van, de ônibus.
Queriam trocar todos os taxímetros do Brasil. Só no meu Estado do Rio de Janeiro, 40 mil taxistas iam ter que comprar um novo taxímetro.
Queriam um chip, em cada bomba de gasolina do Brasil, onde nós ficamos sabendo que não teria a sua eficácia. Não tem, essa conta não foi para o povo pagar.
A obrigação do Inmetro é, obviamente, atestar a qualidade de muita coisa e, de preferência, obviamente, evitar onerar o nosso já sofrido povo brasileiro com a pesada carga de impostos que tem.
Implodimos o Inmetro.
Valeixo queria deixar a Polícia Federal [00:18:14]
E a Polícia Federal?
Como publicado por vocês, no dia de ontem…
Mas esqueçam a imprensa.
Ontem, numa videoconferência, o senhor Valeixo se dirigiu a todos os seus 27 superintendentes e disse que, desde janeiro, vinha falando com o senhor Sérgio Moro que iria deixar a Polícia Federal. Superintendentes são a prova disso.
E, algumas vezes, falei com o Sérgio Moro sobre a Polícia Federal.
Quando eu me elegi, havia uma ideia, por parte de policiais, muitos trabalhavam comigo, em torno de 60 em rodízio. Eu tinha direito a isso pela legislação. Até o maior efetivo, por ser um candidato com maior chance e, mesmo assim, apesar de todo o trabalho da Polícia Federal, não conseguiu evitar a tentativa de homicídio. Mas eu digo: foi a Polícia Federal, com o seu trabalho técnico, preventivo, que também foi um elo na salvação da minha vida. Que, a cada ponto, a cada esquina que passava, eles tinham um plano da minha evacuação, caso eu sofresse alguma coisa.
Então, a Polícia Federal, em primeiro lugar, eu devo a minha vida a esses homens; bem como, alguns policiais militares de Brasília e do Rio que voluntariamente ((enfatizou)) estavam lá em Juiz de Fora (MG).
O que Bolsonaro quer da Polícia Federal? [00:20:00]
E o que eu quero, o que nós queremos da PF? Que ela seja usada em sua plenitude, que as suas operações sejam, no mínimo mantidas, no que depender de mim, potencializadas. Que é com o trabalho dela que nós damos esperança, num primeiro momento, à população brasileira: o combate à corrupção, o combate ao crime organizado.
E, como o mesmo senhor Valeixo disse que estava cansado, eu comecei a fazer gestões junto ao ministro para trocarmos o diretor-geral da Polícia Federal.
Era intenção dele, como ele declarou ontem, que desde janeiro queria sair.
Nós cansamos, nós não somos máquinas.
No dia de ontem, eu conversei com o senhor Sergio Moro. Só eu e ele, como na maioria das vezes nas nossas conversas. Onde nós, eu sempre abri o coração para ele. Eu já duvido se ele sempre abriu o coração para mim. Eu sempre disse aos meus ministros: “A confiança tem que ter dupla mão.” Ministro quer que eu confie nele? Quer e tem razão.
Mas eu também quero que o ministro confie em mim.
Sempre falei para ele: “Moro, não tenho informações da Polícia Federal. Eu tenho que todo dia ter um relatório do que aconteceu, em especial, nas últimas 24 horas, para poder bem decidir o futuro dessa nação.”
Eu nunca pedi para ele o andamento de qualquer ((enfatizou)) processo, até porque a inteligência, com ele, perdeu espaço na Justiça.
Quase que implorando informações.
E assim, eu sempre cobrei informações dos demais órgãos de inteligência oficiais do governo, como a ABIN, que tem à frente o delegado da Polícia Federal, uma pessoa que eu conheci durante a minha campanha e tem um nome, e é respeitado pelos seus companheiros.
E, conversando ontem com o Moro, entre muitas coisas, até que chegou na questão Valeixo, eu falei: “Tá na hora de colocar um ponto final nisso. Ele tá cansado, tá fazendo como pode o seu trabalho.”
Pessoalmente, não tenho nada contra ele, conversei poucas vezes com ele durante um ano e quatro meses? Sim. Poucas vezes, mas conversei com ele, e a maioria das vezes estava o Sergio Moro do lado.
Comunicação da exoneração de Valeixo [00:22:57]
Então, eu falei que amanhã, dia de hoje, o ‘Diário Oficial da União’ publicaria a exoneração do senhor Valeixo. E, pelo que tudo indicava, a exoneração a pedido.
Bem, ele relutou, o senhor Sergio Moro, e falou: “Mas o nome tem que ser o meu”. Eu falei: “vamos conversar. Por que é que tem que ser o seu e não o meu? Ou, então, vamos pegar, já que não vai ter interferência política, técnica ou humana, pegar os que tem condições e fazer um sorteio”.
Por que tem que ser o dele e não, possivelmente, o meu? Ou um de consenso entre nós dois?
E eu lembrei da lei de 2014, que a indicação é minha, é prerrogativa minha. E o dia que eu tiver que submeter a qualquer um subordinado meu, eu deixo ((enfatizou)) de ser presidente da República.
Jamais pecarei por omissão. Falei para ele: “Quero um delegado, que pode não ser o seu, pode não ser o meu, mas que eu sinta, além da competência óbvia, se bem que essa é uma coisa comum entre os delegados da Polícia Federal, que eu possa interagir com ele”.
Por que não?
Eu interajo com os homens da inteligência das Forças Armadas, se preciso for; eu interajo com a ABIN; interajo com qualquer um do governo.
Sempre procuro o ministro, mas, numa necessidade, eu falo diretamente com o primeiro escalão daquele ministro, como ontem ou anteontem. Anteontem, eu tinha que decidir uma coisa, e tinha que ver com a Marinha. Mas como é, exclusivamente, com a Marinha, eu resolvi, naquele momento, não falar com o ministro da Defesa, falei diretamente com a Marinha e foi resolvido, de acordo com o interesse dele. Depois participei o ministro da Defesa.
Isso não é quebra de hierarquia, é necessidade.
Não posso abrir mão disso, assim como, o ministro da Defesa pode ligar diretamente para o comandante de batalhão sem passar pelo comandante da brigada, se preciso for. Depois ele participa, pra evitarmos que venhamos a ferir o princípio da hierarquia.
Moro pediu para ser indicado para o STF [00:25:26]
E mais, já que ele falou em algumas particularidades, mais de uma vez, o senhor Sergio Moro disse para mim: “Você pode trocar o Valeixo, sim, mas em novembro, depois que o senhor me indicar para o Supremo Tribunal Federal”.
“Me desculpa, mas não é por aí, reconheço as suas qualidades, em chegando lá, se um dia chegar, pode fazer um bom trabalho, mas eu não troco”.
E outra coisa, é desmoralizante para um presidente ouvir isso, mais ainda, externar. Ou, não trocar, porque não foi trocado, sugerir a troca de dois superintendentes entre 27.
A questão do Filho 04 [00:26:29]
O do Rio, a questão do porteiro, a questão do meu filho, o zero quatro, o Renan, que agora tem 20- 21 anos de idade, quando num clamor da questão do porteiro, do caso Adélio, que os dois ex-policiais teriam ido falar comigo, também apareceu que o meu filho 04 teria namorado a filha deste ex-sargento.
Eu comecei a correr atrás, primeiro chamei meu filho: “Abre o jogo”. “Pai, eu saí com metade do condomínio, nem lembro quem é essa menina, se é que eu estive com ela”.
O Filho 04 não namorava a filha do ex-sargento [00:27:22]
Hoje a vida é assim. A intenção de dizer que meu filho namorava a filha do ex-sargento era que nos tínhamos relação familiar.
Eu não me lembro dele. Pode ser até que tenha tirado foto com ele.
Durante a pré-campanha e campanha, era comum, eu tirava 500 fotografias por dia, porque essa era a minha imprensa.
O pedido de Bolsonaro à PF [00:27:46]
E daí eu fiz um pedido para a Polícia Federal, quase com um por favor: “Cheguem em Mossoró (RN) e interroguem o ex-sargento.”
Foram lá, a Polícia Federal fez o trabalho, interrogou e está comigo a cópia do interrogatório, onde ele diz, simplesmente, o seguinte: “A minha filha nunca namorou o filho do presidente Jair Bolsonaro, porque a minha filha sempre morou nos E”tados Unidos “.
Mas eu é que tenho que correr atrás disso? Ou é o ministro? Não é a Polícia Federal que tem que se interessar?
Não é para me blindar, porque eu não estou incurso em nenhum crime.
O papel da Mídia hostil [00:28:40]
A mídia, outras instituições, já me botaram de cabeça para baixo, chacoalharam tudo.
Levantaram até que, com cinco anos de idade – a Revista Época – eu chamava uma mulher de gorda em Eldorado Paulista.
A avó de Michelle Bolsonaro foi presa por tráfico [00:28:53]
Descobriram, e eu nem sabia, que a avó da minha esposa já foi presa por três anos por tráfico de drogas, confesso que não sabia. E, se soubesse, teria casado com a senhora Michelle assim mesmo.
Fiquei sabendo, através de vocês também, que a mãe da senhora Michelle cometeu um crime de falsidade ideológica e, na sua inocência, em vez de fazer uma cirurgia plástica para ficar mais jovem, mais bonita, ela resolveu fazer uma cirurgia na certidão de nascimento, diminuindo 10 anos a sua idade. Esse foi o crime dela.
Se coloca em público isso daí, para escrotizar, para dizer que ela não tem caráter?
O caso Queiroz [00:29:52]
O caso Queiroz. Eu conheço o Queiroz desde 1984, no 8º grupo de campanha paraquedista, foi para a Polícia Militar.
Depois de um tempo, fizemos amizade. Veio trabalhar comigo, com meu filho.
O que, por ventura, ele faz, ele reponde pelos seus atos. Não foi por uma, foram por duas vezes que o Queiroz teve dívida comigo e me pagou com cheques.
E não veio para a minha conta esse cheque, porque eu simplesmente deixei no Rio de Janeiro, não estaria na minha conta. E não foram R$ 24 mil. Foi R$ 40 mil. Desde o primeiro momento, não é porque uma pessoa, por ventura, faz algo de errado, está do nosso lado, você tem que ser responsabilizado e o tempo todo ser cobrado por isso.
Nunca pedi para blindar ninguém da minha família. Jamais faria isso.
Clima ruim entre Bolsonaro e Moro [00:31:10]
Agora, eu lamento que aquela pessoa que mais tinha que defender dentro de uma legalidade, não o faz.
Teve um clima, sim, pesado com o senhor ministro na última reunião de ministros, onde eu cobrei dele, na frente de todos os ministros, que ele tomasse uma posição sobre a prisão e algemas usadas contra mulheres na praia.
Mulheres em praça pública, como a de Araraquara.
Um pobre, um humilde, trabalhador do comércio no Piauí, entre tantos outros, que ele tinha que mostrar a sua cara. Ele tem amparo na Lei de Abuso de Autoridade.
Essa lei, que, por ser lei, não tem que ser questionada, discutida, tem que ser cumprida. Quem é contra ela que apresente uma ADIN, junto ao órgão competente para que ele ajuíze junto ao Supremo Tribunal Federal.
A resposta dele foi o silêncio.
Boas matérias, ele aparece; más, se omite.
A minha vida, as minhas ações, muitas vezes, elas são num arrebento de explosão.
A questão do direito de ir e vir [00:32:35]
Eu não posso admitir cercear o direito de ir e vir de quem quer que seja. E a lei que fala sobre isso, no caso de pandemias, é alguém comprovadamente infectado.
A decisão dessas medidas coercitivas cabe aos respectivos governadores e prefeitos, assim decidiu o Supremo Tribunal Federal. E uma vez decidido, não cabe a mim questionar mais.
Prefeitos, alguns, alguns governadores, em cima disso, estão fazendo, cometendo tremendos absurdos. E o Governo Federal tem que se posicionar, tem que pressionar o Supremo Tribunal Federal entrar com ações. E quem tem que fazer isso? O presidente? Ou o ministro da pasta responsável? Isso incomodou a ele.
A questão do armamentismo [00:33:38]
É um ministro, lamentavelmente, desarmamentista. Dificuldades enormes, um decreto para facilitar para os CACs ou, para aqueles que têm uma arma, a compra de armamento, de munição.
Aquilo que eu defendi durante a campanha e a pré-campanha, os ministros têm obrigação de estar junto comigo. Caso contrário, não estão no governo certo.
Não tenho mágoa do senhor Sergio Moro.
A premonição de Bolsonaro [00:34:23]
Hoje, pela manhã, acredito que sete ou oito deputados, ou meia dúzia, tomaram café comigo. E eles estão à vontade, se quiserem falar ou não, eu lhes disse: “Hoje, vocês vão conhecer quem realmente não me quer na cadeira presidencial. Esse alguém não está no Poder Judiciário nem está no Parlamento brasileiro”, não lhes disse o nome. Falei: “Vocês vão conhecê-lo às 11:00 da manhã”. Repetindo a vocês, veio com a cunha.
Desafio a Moro: seja presidente [00:35:04]
Se ele quer ter independência, como eu tenho, autoridade, ou, se quisesse, poderia virar candidato em 2018.
Agora, eu não posso conviver, ou fica difícil a convivência com uma pessoa que pensa bastante diferente de você.
Nomeação de Ilona Szabó [00:35:27]
Um fato que foi noticiado muito no início do ano passado: ele nomeou a senhora Ilona Szabó como suplente de um conselho. E nós sabemos que essa senhora – ou senhorita – tem publicações, as mais variadas possíveis, defendendo o aborto, ideologia de gênero, dentre tantas outras coisas, que estão em completo desacordo com as bandeiras que eu defendi, que os cristãos brasileiros também defendiam. E até ateus defendiam também.
Não foi fácil conseguir a exoneração dessa pessoa, porque o tempo todo
“você me deu carta branca e porteira fechada”, mas quase sempre se lembrava do poder de veto.
Torci muito para dar certo. Muito.
Mas, infelizmente, ou felizmente, no dia de hoje, após a nossa conversa no dia de ontem, eu até fui sinalizado que ele compareceria à Presidência e seria bem recebido, como foi o senhor Mandetta há poucos dias, para comunicar seu afastamento ou para tentar a última cartada: “Ó, tem mais esses nomes aqui pro DG. O senhor concorda com alguns deles ou não?”
E daí tomar uma providência.
Eu sempre fui do diálogo. Vocês não vão encontrar nenhum ministro meu que vai dizer que eu impus qualquer coisa para ele. Ele resolveu marcar uma coletiva e fez acusações infundadas, que eu lamento.
A defesa de biografias [00:37:31]
Para muitos, vai deslustrar a sua tão defendida biografia.
Nós, que estamos na linha de frente, nós, ministros, tem algo mais importante que a nossa biografia. É o bem-estar do seu povo, é o futuro dessa nação.
Vamos levar, no sentido figurado, muito tiro na cara, mas vamos cumprir a missão.
Aqui tem ministro que apanha todo dia, como o Abraham Weintraub, por exemplo.
Outros apanham também, mas este é exemplo.
Luta contra uma doutrinação de décadas, onde vem demonstrando que a educação do Brasil nunca teve tão mal. Não só as provas do PISA, bem demonstram que estamos em várias matérias em último na América do Sul, em último no mundo. E isso tem que ser mudado.
Ele tenta, e vem demonstrando com muito trabalho, que não vale, senhores pais, senhoras mães, que seu filho tenha um pedaço de papel escrito: diploma. Ele tem que exercer aquele ofício. O diploma, hoje em dia, passou a ser apenas uma figura decorativa para alunos. Ele tem que ser um bom profissional e não um bom militante.
Leitura do pronunciamento [00:39:04]
Três páginas bem curtas apenas aqui. Eu vou ler e dar o encerramento a essa coletiva.
Meu compromisso é com o Brasil e com a democracia. Sempre dei plena liberdade aos meus ministros sem abrir mão do meu poder de veto e da minha autoridade como presidente da República.
Sempre mantive diálogos republicanos com todos os meus ministros. Temos discordâncias e convergências, mas, em qualquer situação, mantive o respeito à opinião de todos, sempre fui leal a eles.
Ontem, mais uma vez, conversamos com o senhor ministro Sergio Moro sobre a substituição na Polícia Federal. Esperava, em conjunto com o senhor ministro, definir um nome para a instituição ainda que, pela lei, essa seja uma prerrogativa exclusiva ((enfatizou)) do presidente da República.
Estou decepcionado ((enfatizou)) e surpreso com o seu comportamento. Não se dignou a me procurar e preferiu uma coletiva de imprensa para comunicar sua decisão.
Meu compromisso é com a verdade, sem distorções.
Não são verdadeiras as insinuações de que eu desejaria saber sobre investigações em andamento.
Nos quase 16 meses que esteve à frente do Ministério da Justiça, o senhor Sérgio Moro sabe que jamais lhe procurei para interferir nas investigações que estavam sendo realizadas. A não ser aquelas, não vi interferência, mas quase como uma súplica sobre o Adélio, o porteiro, e meu filho 04.
Sobre a exoneração do doutor Valeixo, diretor-geral da Polícia Federal, pela lei 13.047 de 2014, é prerrogativa do ((enfatizou)) presidente da República a nomeação e a exoneração do diretor-geral, bem como, de vários outros cargos da administração direta.
A exoneração ocorreu após uma conversa minha com o ministro da Justiça, pela manha de ontem. À noite, eu e o doutor Valeixo conversamos por telefone, e ele concordou com a exoneração a pedido.
Desculpe, senhor ministro, o senhor não vai me chamar de mentiroso.
Não existe uma acusação mais grave para um homem como eu, militar, cristão, e presidente da República, ser acusado disso.
Essa foi a minha conversa com doutor Valeixo e, mais ainda, não só a imprensa publicou no dia de ontem e de hoje, bem como, entre aspas, o doutor Valeixo, em contato com a superintendência do Brasil, comunicando que estava cansado, que desde janeiro queria sair.
Então, não foi uma demissão que causasse surpresa a quem quer que fosse.
A PF é uma instituição de estado. Ela deve se conduzir de acordo com a Constituição Federal e as leis do país. Não importa quem as conduza. Não abro mão disso. Não existe possibilidade de interferência na Polícia Federal. Sua própria estrutura e seus profissionais garantem a autonomia de suas investigações. Esta autonomia é inerente à instituição e independente de governos.
Não posso aceitar minha autoridade confrontada por qualquer ministro.
Assim como respeito a todos, espero o mesmo comportamento.
Confiança é uma via de mão dupla. Continuarei fiel a todos os brasileiros, seguirei no combate à corrupção, às organizações criminosas e do trabalho para a redução da criminalidade.
O governo continua.
O governo não pode perder a sua autoridade por questões pessoais de alguém que se antecipa a projetos outros.
Travo o bom combate. A minha preocupação é entregar o Brasil, para quem vier me suceder no futuro, bem melhor que eu recebi em janeiro do ano passado.
Confio nos meus ministros, nos servidores públicos que têm nos ajudado a vencer a estes obstáculos.
O Brasil é maior do que qualquer um de nós. Esse é o nosso compromisso. Esse é o nosso dever de servir à pátria.
A pátria vai ter, de cada um de nós, o seu empenho, o seu sacrifício e se possível, se for necessário, o teu sangue para defender a democracia e a liberdade.
O meu muito obrigado a todos os senhores.
[00:45:09]