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Por que transcrever com português correto

Publicado por Transcricoes em

transcrição de áudio

Por que transcrever com português correto? Alguns transcritores da rede devem se perguntar o motivo de insistirmos nesse princípio. Eu mesmo não sei bem o motivo, o porquê. Entretanto, a intuição me diz que está certo isso e fui percebendo com o tempo que essa pode ser uma linha de trabalho que diferencie nosso grupo em qualidade, e apresento as vantagens disso.

Como transcrever “né” na transcrição de áudio

Quando alguém diz “né” ou “tá” costumo fazer no caso do “né” tenho feito da seguinte forma: no início da frase e no meio de frase tenho eliminado. Agora no final da frase, tenho trocado por “não é?” e os poucos contatos pessoais que tenho com meus clientes tem aprovado essa forma. Mas, quando há excessos (houve casos em que o “né” era repetido várias vezes em uma resposta) mesmo o “não é?” era cortado, desde que não prejudicasse. Via de regra, eu corto pois fica mais elegante sem.

Como transcrever o “tá” em uma transcrição de áudio

O “tá” eu costumo trocar por “ok” ou “certo” ou “sim”. Por exemplo: “ah, tá.”, transcrevo como “ah, certo”; “tá bom” transcrevo por “está bem”; “tá certo” escrevo como “está certo”. Tento não transcrever o verbo “tar” do tipo “o João tá lá em casa”, transcrevo “o João está lá em casa”.

Transcrição de áudio comercial

Tento usar essas regras simples, e mais algumas. Insisto com o meu pessoal que a transcrição deve ser ortograficamente correta e de agradável leitura. Portanto, as palavras devem ser escritas corretamente, evitando o “pra”, “pro”, “tava”, “tô”, etc. Aceito, porém o “vô” ou “vó” quando se refere aos pais de nossos pais. Na verdade, as regras (norma ABNT e as NURCs) apontam para uma licença poética para usar “pra”, “pro” e “vó” e “vô”, mas não que nos obriguem a usar essas formas de escrita.

Comentários do transcritor na transcrição de áudio

Representamos comentários do transcritor entre parênteses duplos ((comentário)) normalmente com pouquíssimas palavras, uma mensagem telegráfica suficiente para quem está ouvindo a entrevista e revisando, perceber que tentamos captar todo o conteúdo do áudio.

Por exemplo ((uma senhora entra para servir um café ao entrevistado)) fica extenso, então optamos por demonstrar um corte (…) ((café)) [00:47:37] com marcação de tempo. Isso elimina o diálogo do oferecimento de café e agradecimentos e outras convenções sociais. A mesma coisa quando for entrevista em restaurante e pedem sobremesa. Ao invés de transcrever o trecho da conversa com o garçom, preferimos (…) ((corte do transcritor)) [00:47:37].

Sinalizando trechos não entendidos e hipóteses de falas

Quando não entendemos uma palavra ou um trecho usamos (inint) [00:47:37] com marcação de tempo. O tempo é sempre marcado em formato [hh:mm:ss] hora, minuto e segundo. Não aponte décimos de segundo pois polui o visual. Adotamos esse sistema por já vir como padrão no Express Scribe e InqScribe. Escrevi uma postagem que informa como configurar a marcação de tempo no Express Scribe há tempos atrás, assim como um vídeo no YouTube.

Vantagens de transcrever gramaticalmente correto

A grande vantagem é que todo mundo estudou os mesmos livros de gramática: graças a Dom Pedro I o Brasil se manteve unificado com uma língua única e centralizada. Isso porque senão cada região teria uma linguagem ou maneiras de escrever estão próprias que seria impossível ao transcritor de um estremo do Brasil transcrever o que o falante do outro extremo está falando.

A escrita correta facilita a localização

Ao transcrevermos gramaticalmente correto, respeitando ao máximo as falas e peculiaridades, também fica mais fácil localizar trechos da entrevista. Por exemplo, eu trabalho 90 por cento do tempo como revisor e 10 por cento do tempo como transcritor. Às vezes eu tenho que interromper o que estou fazendo para algum compromisso, então fecho o Word e depois tenho que ficar procurando certo trecho de um áudio. Tudo bem, o Express Scribe começa exatamente onde eu parei o áudio, mas o Word volta ao início do documento que estava revisando.

Então, ao utilizar o recurso “localizar” posso facilmente localizar as palavras a partir do áudio com poucas tentativas. Quando se invertem palavras ou se usam sinônimos, a coisa fica um pouco mais complicada. Como me coloco no papel do cliente para entender as necessidades dele, então sei que isso acaba se tornando um facilitador. O cliente nem sempre vai saber o porquê de gostar de nosso trabalho, mas a gente sabe: tem coisas que estão escondidas e o diabo mora no detalhe.

Uma prova de por que transcrever com português correto foi melhor

Ao sermos fiel à fala, mas privilegiando a correta ordem das palavras e mudando o menos possível o transcorrer da entrevista, isso permite ao pesquisador ter o máximo de exatidão dentro dos limites de se terceirizar um serviço de transcrição. Ele não faz isso porque é preguiçoso ou coisa e tal, ele faz porque muitas vezes não tem tempo e transcrever é muito demorado para quem não é profissional habituado. Então, somos uma fonte secundária de dados e coautores da produção científica a certo modo.

Já ouvi falar de Atlas TI para análise de entrevistas quantitativas. A vantagem de se transcrever com o português correto é que o pesquisador pode tranquilamente recortar os trechos que lhe interessam, sem precisar corrigir e ouvir a cada trecho a entrevista novamente. Alguém já fez isso por ele, o seu auxiliar transcritor.

Quem é o transcritor?

É o guardião fiel das palavras proferidas pelo falante. O profissional deve zelar pela fidelidade ao discurso e ter cultura suficiente para entender o que está sendo dito na entrevista.

Se o assunto é transporte, ARLA é uma palavra chave. Se o assunto for gestão estratégica, Porter é uma palavra chave, assim como análise SWOT e BCG (balaced scorecard). Mitzberg é palavra recorrente.

Ontologia é diferente de antologia, em serviços de transcrição que envolvam questões epistemológicas de Sociologia, e assim vai. Portanto, transcrição de áudio para o público acadêmico é para pessoas especializadas e familiarizadas com o mundo acadêmico.

Não existe especialista em tudo, como alguns sites fazem sua propaganda: “faço atas, entrevistas acadêmicas, pesquisa de mercado” e blá-blá-blá. Isso é balela. Ou você é especialista, ou não. É cartesiano, assim. Ou você é restaurante francês ou você é churrascaria gaúcha, se bem que o restaurante que mais salada tem é churrascaria, não?


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Web aprendiz. Iniciou-se em 2012 na internet em busca de conhecimento. Desde então se encantou com transcrição de áudio.