Transcrição de áudio
99,6%+ de acurácia

Transcrição de áudio e degravação de audiências para ata notarial, ata literal de reuniões críticas, audiências e gravações de WhatsApp. Mais de 10 anos de experiência na área. Temos também transcrição automática por robô (opção mais barata).

WhatsApp (11) 93095-9547
contato@transcricoes.com.br

Paulo Storani entrevistado por Leda Nagle

Publicado por Transcricoes em

transcrição de áudio

Paulo Storani entrevistado por Leda Nagle

Segue transcrição [208103] Paulo Storani entrevistado por Leda Nagle (52,7 min) realizada em estilo acadêmico, com leves correções.

(início da transcrição) [00:00:00]

(…) (♪) [00:01:31]

Leda Nagle:(…) Tudo bem, Paulo? Boa tarde! Tudo bem?

Paulo Storani: Boa tarde, Leda, tudo bem? É um prazer estar aqui com você.

Leda Nagle: Prazer para mim também, para nós, porque estamos loucos para uma explicação, como é que a gente entende, sabe como que é. ☺ Você que tem essa experiência tão grande aí, no BOPE, na Antropologia, você tem mais recursos do que a gente para tentar entender o que está acontecendo. Socorro! ☺ [00:02:10]

Autoapresentação de Paulo Storani

Paulo Storani: Leda, é importante que as pessoas saibam, porque muitos que me conhecem como um capitão veterano do BOPE, muitas das vezes tentando explicar alguns acontecimentos na área de Segurança Pública, numa ótica um pouco diferenciada. Então, eu acompanho Segurança Pública desde 1983. Eu tenho uma trajetória aqui, inicialmente na Polícia Militar, como oficial da PM, terminando minha carreira no Batalhão de Operações Especiais (BOPE), quando eu encerrei ela com 17 anos de carreira. E comecei uma outra atividade na área acadêmica, na área de pesquisa, e que me trouxe até aqui. Então, eu tive oportunidade de ser operador de Segurança Pública, posteriormente eu fui formulador de política pública de segurança, porque eu fui diretor de Recursos Humanos da Guarda Municipal do Rio de Janeiro, fui secretário Municipal de segurança do município de São Gonçalo e hoje eu ministro aulas a esse respeito em cursos de pós-graduação. Então, a minha trajetória foi nesse sentido. Sou mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal Fluminense, tenho alguns cursos de pós-graduação sendo dois deles na Fundação Getúlio Vargas, uma delas é administração pública, mas também eu sou profissional de Educação Física pós-graduado em treinamento, cursos de operações especiais, 4 cursos no exterior na área de segurança. E isso me permite ter uma visão em segurança, na minha humilde opinião, qualificada sobre o que funciona, o que é que deve se fazer e o porquê é que não funciona. E eu tento transmitir isso nas perguntas que me fazem, nas entrevistas que me fazem sobre Segurança Pública.

Segurança pública não é só tiro, porrada e bomba: não é só polícia; são medidas socioeducativas e de apoio ao jovem de comunidade

Paulo Storani: Às vezes até, Leda, surpreendendo alguns, porque se é um capitão veterano do BOPE, acham que eu vou defender tiro, porrada e bomba, e não necessariamente nessa ordem. Mas, o que eu digo, e costumo dizer, existem remédios específicos ou terapias específicas para determinadas circunstâncias ou situações. Segurança Pública, o que nós vivemos hoje em Segurança é um corpo adoecido e que você só vê a aplicação de um único remédio, que é Polícia! Previsão constitucional no artigo 144 no capítulo 3º da Constituição, que diz sobre segurança pública, e o remédio é um remédio policial. Você não fala em medidas sociais, que são aquelas que atuam na causa, você não vê isso acontecendo. Você não vê outras medidas relacionadas à Educação, ao amparo ao jovem, principalmente de comunidade. Nós podemos falar aqui hoje sobre algumas pesquisas já feitas sobre isso, e desconsideradas pelos especialistas, isso eu fico muito envergonhado em relação a isso. Eu sou junto com umas poucas pessoas, nós tentamos mostrar esse caminho. Eu espero atender à expectativa de quem está assistindo hoje a gente aqui na live.

Leda Nagle: É, eu acho, essas medidas sociais, elas têm que ser implementadas, sempre teve que ser assim. Deveriam ter sido implementadas desde sempre. Acontece que não se implementa, acontece que a bandidagem corre solta, acontece que tem uma guerra sim, entre bandidos do Rio de Janeiro, a gente viu essa semana na Lagoa Rodrigo de Freitas, viu no Morro da Mineira, viu na tomada de São Carlos. Eu soube hoje que parece que será a Rocinha nos próximos dias… A população civil da Rocinha está com medo, assustada, achando que vai ter uma invasão. Enfim, o que é que se faz com esse negócio de imediato? Porque lembra aquele secretário de segurança gaúcho? [00:05:44]

Paulo Storani: José Mariano Beltrame.

Leda Nagle:(…) O Beltrame, a todo tempo, queria implementar essas medidas sociais, e em nenhum momento ele conseguiu a escola para os jovens, todas as políticas que deveriam ser feitas, e devem ser feitas, só que não são, porque os governantes do Rio passam o tempo todo roubando, né? É o que a gente constata, porque já é o 5º, eu acho ☺ que vai preso, ou quase preso. ☺ Então não tem mais como entregar, não dá mais para ser educada e dizer: “Ah, eles são supostamente”… ☺ eles fazem isso aqui lá, acho que está claro que eles fazem coisas que não deveriam fazer, e não fazem as que deveriam”. Mas agora o STF se meteu e também proíbe a polícia de atuar. Como é que a gente fica aí? Como é que a população fica? Qual é a sua posição? Você acha que está certo, o STF? [00:06:36]

O STF está certo ao proibir operações policiais nos morros do Rio de Janeiro?

Paulo Storani: Bom, vamos começar pelo tom mais crítico, que foi essa decisão do Supremo Tribunal Federal, baseado numa medida que foi apresentada ao STF, de uma arguição de descumprimento de direito fundamental. Então, é exatamente isso que se propôs essa ação, que gerou a decisão do STF inicialmente em restringir operações policiais durante a pandemia, mas, logo após uma semana depois dessa medida ter sido tomada, antes da decisão em plenário, eu já tinha alertado que a História demonstra para nós, aqui no Rio de Janeiro, que toda mudança de estratégia de contenção de policial – eu vou falar sobre isso, isso tem que ser muito bem explicado – que serve como um controle temporário do avanço e consolidação da criminalidade. A criminalidade que nós estamos falando é aquela especializada. Tráfico de entorpecentes é um mercado que gira um recurso financeiro absurdo, que tem uma demanda absurda, enfim, podemos falar de políticas públicas também relacionados a isso, mas que toda vez que houve uma alteração, ativava-se imediatamente o ânimo expansionista das facções criminosas e expandir o seu território, invadindo o território das facções rivais, então isso é fato. E falava a respeito do seguinte, eu falava sobre a competência do Supremo Tribunal Federal, não para julgar se havia num descumprimento de um direito fundamental, segurança é um direito fundamental das pessoas, de uma forma geral, inclusive dos moradores da comunidade. Então, existe uma relevância com isso. Mas me preocupou quando determinou ações para uma instituição estadual, no caso, a Polícia Militar. Então, se havia uma crítica ao STF sobre o fato de que estaria legislando em alguns casos, tomando responsabilidades que deveriam ser do Congresso Nacional, e isso aconteceu realmente, mas agora estava querendo governar, determinando políticas públicas de segurança pública quando ela restringe a ação de um órgão estadual, que têm, por mal ou bem, nós temos um governador (Wilson Witzel), já tem outro (Cláudio Castro), o outro já assumindo sem dúvida nenhuma. Não vou aqui discutir a qualidade do governador, mas em termos institucionais, em termos legais, existe um governador que foi eleito com uma plataforma de governo que vai determinar a sua política como agir. Se estava sendo cometido algum abuso e algum abuso fundamental e a avaliação de que estava sendo desrespeitada, então, se exigisse do órgão fiscalizador, Ministério Público, que interviesse, que orientasse e que ajustasse a conduta do Governo do Estado.

O STF erra ao querer legislar em algo que é competência de governador do Estado

Paulo Storani: Agora, não lá de Brasília, sem ouvir as instituições policiais, tomaram uma medida como essa que na verdade estão governando. E eu falei isso em entrevista, que na minha impressão, o STF interviu na Segurança Pública do Rio de Janeiro quando ele está detalhando como a polícia deve ou não deve fazer, e como deve utilizar uma ferramenta. Eu considero isso um absurdo, por mais relevante que isso possa ser num primeiro momento, como eu vi várias pessoas especialistas ativistas, pessoas que têm uma afinidade com Segurança Pública, defendendo. Eu não posso defender o que é legal, o que existe vício. Dois ministros, um deles é Alexandre de Moraes e o Luíz Fux, se colocaram exatamente contrários à decisão dos demais, porque estava havendo uma interferência direta num poder discricionário do governador do Estado, por pior que ele possa ser. Mas, a realidade é essa. Então, é lamentável que esteja acontecendo porque cria um precedente absurdo. Eu falei isso e escrevi isso, situações semelhantes na história, eu tenho muita afinidade com a História.

A guerra do Peloponeso (463) e os 20 tiranos

Paulo Storani: Aconteceu no ano 463 da Grécia Antiga, em Atenas, quando depois da Guerra do Peloponeso, que Atenas perdeu para Esparta, Esparta implantou 30 magistrados para julgar, para legislar e para administrar Atenas, eles foram conhecidos como “os 30 tiranos“. Então, nós estamos vendo algo semelhante nesse momento. É preocupante, por conta disso, o caminho que nós estamos correndo.

O STF interviu na administração da polícia

Paulo Storani: Eu considero que nós estamos sob intervenção do Supremo Tribunal Federal, as instituições policiais até receosas de serem questionadas criminalmente, civilmente, administrativamente, como prevê a ordem do STF, estão com um receio de atuar, de como isso pode ser interpretado. Eu sinto isso nos policiais conversando com alguns comandantes. O receio que eles têm de tentando cumprir a sua missão constitucional, é violar uma norma que poderia ser uma interpretação, violar uma norma do STF. E a gente aprende muito cedo, na administração pública e na polícia não é diferente, que ordem de juiz se cumpre e depois a gente vê o que acontece, e é exatamente o que está acontecendo e fica esse embate.

(…)

Leda Nagle: A gente está vendo o que acontece. O fato é que eles não foram votados, não tem nenhum juiz do STF que foi votado pela população, eles são donos de um voto só, que é dos presidentes da república que os nomearam, e eles querem governar, eles insistem em governar. Eles têm problema com a liberdade de expressão e a gente tem problema com eles, porque a cidade está entregue em vários patamares. O patamar político está caótico, o governador afastado, o governador que está chegando tomou uma busca e apreensão ontem de manhã, assumiu até de tarde o posto de governo. ☺ O presidente da Assembleia está no mesmo processo…

Paulo Storani:☺☺

Leda Nagle:e a imprensa só fala do Flávio Bolsonaro, mas o Ceciliano está no mesmo processo do Flávio Bolsonaro, é a mesma questão, só muda o valor, o dele são 20 ou 40 milhões e o do Flávio é 1 milhão e pouco. (refere-se à questão das rachadinhas na ALERJ)

Paulo Storani: Uhum. ☺☺☺

Leda Nagle: Mas, o ato é o mesmo, né? ☺ Então, a gente está numa situação absurda politicamente. Agora, numa situação absurda também do ponto de vista da polícia. O que é que se faz? A polícia não vai mais cumprir o seu papel? De ser polícia? Também não estou legitimando aquela coisa da invasão, de matar crianças dentro de casa. É claro que isso está errado! É óbvio! E ninguém quer isso, mas também ninguém pode querer deixar a guerra dos traficantes, que eles estão muito bem armados, eles estão muito bem organizados. A gente não pode continuar assim. [00:13:03]

A polícia é o único remédio amargo de uma sociedade que se encontra doente

Paulo Storani: As pessoas precisam compreender, e como eu falei no início da nossa conversa, eu não estou defendendo operação policial como solução dos problemas, pelo amor de Deus, não é isso! É um remédio amargo, é um remédio que tem efeitos colaterais nocivos para a Sociedade. Mas, lamentavelmente é o único que tem sido ministrado ao longo de décadas de políticas públicas, que não intervém na gênese do problema. Então, a polícia atua na consequência, e quando ela atua, ela atua para conter o avanço da criminalidade. Ela não vai resolver o problema sobre a política de drogas, não vai resolver o problema da criança entrando desde cedo, como pesquisas já demonstraram isso, e pesquisas importantes, totalmente ignoradas pela mídia, por especialistas, que mostram que crianças estão buscando tráfico de entorpecentes já a partir dos 10 anos de idade! Na minha época de Batalhão de Operações Especiais, encontrar um jovem de 15 anos com um fuzil na mão passou a ser comum, e para nós era um absurdo! Hoje você já encontra com 10-12 anos de idade. Então, essa é a realidade. E não é a polícia que vai intervir ou vai mudar esse cenário, ela vai atuar na consequência dele. Então, o que está acontecendo hoje é isso, há um cuidado sem dúvida nenhuma da polícia num sentido primeiro de não descumprir a ordem e se não aconteceu nada em algumas outras operações, é porque não houve o questionamento. Mas num primeiro momento, e mesmo com todas essas restrições, mesmo com a autorização do Ministério Público, que na verdade na prática o que o STF fez foi inviabilizar essas operações que poderiam ter evitado, por exemplo, a situação ali do São Carlos (caso do assassinato de Ana Cristina da Silva, morta por bala perdida em conflito entre traficantes, ao proteger seu filho com o próprio corpo).

A inteligência policial, quando coleta informação, ela naturalmente leva um tempo para chegar a uma conclusão e agir

Paulo Storani: Porque inteligência, quando coleta informação, até ela ser processada e checada, isso demora um tempo. Agora, imagina depois de você chegar à conclusão, você ter que oficiar ao Ministério Público sobre a necessidade de uma operação, o Ministério Público avaliar aquela questão, decidir todas as situações relacionadas que poderiam dar gravidade enfim, retornar para a polícia, para a polícia enfim se mobilizar? Isso é burocracia que, lamentavelmente, isso inviabiliza esse tipo de operação.

Burocratizar a ação policial baseada em inteligência inviabiliza operações relâmpago extremamente necessárias

Paulo Storani: HNa operação que vai acontecer na semana seguinte, ou daqui a um mês, é óbvio que isso possa ser obedecido, mas essas outras, que surgem de uma hora para outra, e de um dado às vezes coletado pela melhor ferramenta que nós temos hoje de inteligência, que é o disque-denúncia, chega uma informação, checada a informação da denúncia disso: “Olha! Vai acontecer!”, e essa circunstância está sendo do lado A, do lado B e do lado C, a polícia recebe essa informação, imediatamente ela começa a agir. Se depender de um outro órgão fiscalizador que é necessário o Ministério Público, e pior, o promotor de justiça estar na operação fiscalizando a operação da polícia? ☺ Eu quero ver isso! Eu gostaria de ver isso para bater palma para um procurador de justiça, para um promotor público que seguisse um batalhão de polícias, um batalhão de ações com cães, batalhão de choque ou um batalhão de área durante uma operação. Seria muito bom para a polícia se tivesse um promotor ali a ponto de dizer se pode, isso não pode fazer, para sentir o calor do momento, e sentir a dificuldade que os policiais têm durante uma operação como essa. E lamentavelmente não posso aqui deixar de dizer, esses fatos acontecem, inocentes podem vir a morrer numa situação como essa. E lógico que os policiais, eles são alcançáveis, porque ele tem nome, tem RG, ele pegou uma arma na reserva do armamento, ele assinou um documento que aquela é dele. Aquela arma, se for indício de algum crime ou um abuso cometido, vai se chegar no policial, vai ser periciado. Mas e o traficante?

O ativismo que existe hoje é anti_-policial, o caso Ana Cristina da Silva (Morro do São Carlos)

Paulo Storani: Cadê a mobilização desses ativistas quando morre um inocente durante uma troca de tiro com traficante, como foi o caso da Ana Cristina da Silva, que morreu protegendo o seu filho? Não vi uma manifestação dessas organizações que são implacáveis quando há um fato semelhante que poderia ou supostamente teria um policial envolvido. É lamentável vermos isso. Então, é uma indignação seletiva que se preocupa muito. E o pior é que essa indignação seletiva, Leda, acirra os ânimos, as instituições, elas se sentem desamparadas pelo poder público, e muito boa parte da imprensa nesse sentido. Então, é lamentável o que está acontecendo, o cidadão no Rio de Janeiro hoje, ele está numa situação muito difícil. O governador do Estado, mais um governador do Estado afastado e tudo indica que poderá ser preso (refere-se a Wilson Witzel, afastado do governo). O impedimento (impeachment) parece que vai ser inevitável, poderá ele ir para a prisão. Surge agora um vice-governador (Cláudio Castro) que foi eleito, que sequer nós ouvimos falar sobre ele e que cai sobre ele uma responsabilidade tão grande agora, de ter que tomar as decisões para o que vai caminhar no Estado até a próxima eleição, e vamos ver lá o que é que vai surgir em termos de candidatos que poderiam trazer um mínimo de dignidade ao cargo de governador do Estado do Rio de Janeiro.

Leda Nagle: Aproveitando a sua formação em antropologia e todos os cursos que você já fez, eu que sou só uma jornalista, me explica uma coisa aqui. Nós, que votamos no Rio de Janeiro, votamos errado porque não sabemos votar? A corrupção é endêmica no Estado? Sentou naquela cadeira do Palácio Guanabara a pessoa apronta? Seja Laranjeira, seja que palácio for que ele sentar no poder, o que é que acontece com o Rio de Janeiro? Porque não é normal, né? Você tem uma discussão lá no Sul, (…) o prefeito de Porto Alegre tem uma questão, tem uma questão lá no Ceará, tem uma questão não sei aonde, uma questão aqui, outra ali. No Rio não, no Rio tem cinco governadores envolvidos. Todos já foram presos, vão ser presos a qualquer momento? O que é que é isso? É a gente que não sabe votar? Lembra quando o Pelé falou que brasileiro não sabia votar? Todo mundo caiu de pau no Pelé?

Paulo Storani:☺☺☺

Leda Nagle: A gente vai ter que concordar com ele? É isso? ☺ O que é que está acontecendo? [00:19:09]

Quais são as causas que levam o Rio a um quadro de corrupção? É a matriz de valores da elite brasileira

Paulo Storani: As verdades doem muito, né? Eu vou tentar fazer uma análise, uma síntese dessa análise, para não tomar muito tempo até para a nossa live. Mas você pode ter certeza que o fundamento de qualquer cultura é uma matriz de valores, é um sistema de valores que orientam como a gente sente e como a gente percebe, como a gente age. Então, a nossa base são os nossos valores. Os valores, quando tornados princípios, ou seja, as suas ações são amparadas por aqueles valores que uma coisa é um valor que você bota numa placa, ou você estampa na entrada da empresa, missão, visão e valores da empresa. Eu faço muito trabalho de consultoria na área de cultura organizacional, ministrando palestras, ministrando esse tipo de consultoria e orientando muitas das vezes as lideranças. Se você tem uma placa com os valores da empresa, você não consegue ver no comportamento dos integrantes daquela empresa aqueles valores, então, essa dissociação, uma dissonância entre o que se diz e o que se faz, isso mostra que você tem um problema cultural muito grave, né? Porque cultura é aquilo que você observa, e você, nessa observação, você vai chegar a qual o motivo que leva as pessoas a terem determinado comportamento diante de uma situação A ou situação B. Então, quais são os nossos valores? E aí vem a pergunta na questão da nossa política, quais são os valores daqueles que ingressam numa vida política brasileira? É realmente o bem comum? É gerir a coisa na rubrica, os recursos públicos, o nosso dinheiro dos nossos impostos, para trazer o bem comum para as pessoas? Será que é esse, o interesse? Quantas vezes nós vemos isso na história brasileira? Quantas vezes nós fomos marcados, a nossa história, inclusive ela é caracterizada por isso, o Brasil é caracterizado mundialmente por isso, pela corrupção da administração pública a partir daqueles que são eleitos, principalmente. Então, nós temos uma cultura, Leda, que é baseado na corrupção! Tivemos a grande oportunidade, que está sendo agora, atacada de uma forma direta, que é a Lava Jato, de mudar a cultura brasileira, a política brasileira, por conta disso. Ou seja, aquele que tiver num cargo político, e desempenhá-lo de uma forma corrupta ou desviar a sua finalidade, ou se apropriar de bens públicos enfim, vai ser identificado e preso, como aconteceu. Nunca houve na História do Brasil um presidente da república ser preso, isso era uma coisa impensável antes da Lava Jato.

Leda Nagle: Verdade! Mas está desacontecendo porque estão desacontecendo a Lava Jato, não é?

Paulo Storani: Exato.

Leda Nagle: As decisões estão sendo reformuladas, e daqui a pouco – sei lá – nós vamos ser processados porque culpamos inocentes de terem nos roubado, vai inverter tudo! [00:21:54]

A Lava Jato é uma curva de inflexão no combate à corrupção, mas está sendo combatida pelo próprio Judiciário

Paulo Storani: Essa é a realidade, Leda. Então, antropologicamente, precisa-se… haveria uma possibilidade, uma inflexão nessa trajetória de corrupção a partir da Lava Jato. Uma, ela está sendo desacreditada em um processo que na Itália, nas Mãos Limpas começou com o Congresso, aqui no Brasil está sendo pelo Judiciário, aquele que deveria fiscalizar a lei, e que deveria guardar a Constituição Federal. Então qual é a mensagem que está dando para todos esses políticos que entram na política para se locupletar? “Olha só, a Lava Jato já passou, isso já foi o momento. Vamos continuar com aquelas práticas anteriores”. Eu não duvido que esses governadores, que esses prefeitos, que desviaram recursos públicos por conta da pandemia, que receberam para isso, isso é um absurdo! Mas eles fizeram isso já pensando nessa possibilidade do que iria acontecer com a Lava Jato, como já está acontecendo. Então, um caminho está sendo trilhado para você desconstruir aquilo, desacreditar esse grande marco da história do judiciário brasileiro, e isso aí ser passado e voltar aquilo que já se fazia antes de fazer desse marco de inflexão. Então, é lamentável isso, culturalmente falando isso como antropólogo. E os historiadores, mais adiante, no futuro, vão se envergonhar de tudo o que está acontecendo hoje no Brasil. Infelizmente somos nós que estamos vivendo esse momento e nós temos a responsabilidade como você, como jornalista, a minha posição quando sou questionado sobre isso, de apontar isso, para pelo menos no futuro dizerem o seguinte: “Ninguém se colocou contra aquilo que estava ocorrendo. E nós aqui na nossa conversa, a gente (ininteligível) [00:23:27] está ocorrendo”.

Leda Nagle: Que os loucos lá se colocavam contra.

☺☺

Paulo Storani: Sim!

Leda Nagle: Agora, ☺ o quê que a gente vai fazer com isso? A gente vai deixar? Não há o que fazer? É isso? Ou será que todo mundo vai ter que ir para a rua? Porque o Rio de Janeiro tem uma coisa curiosa, as pessoas, a classe média e classe média alta, as classes mais favorecidas, elas estão preocupadas com o Biden e o Trump (candidatos à presidência da república nos Estados Unidos, eleição 2020).

Paulo Storani: Uhum. Sim.

Leda Nagle: Elas passam o dia inteiro discutindo isso nas suas redes sociais, porque elas são maiores que a política local. Só que a política local está chegando na sua porta, daqui a pouco já está na Lagoa (Lagoa Rodrigo de Freitas, área nobre do Rio de Janeiro). Quer dizer, muita gente já não vai poder circular, daqui a pouco a gente não vai poder circular no Rio de Janeiro. Já é perigoso, sempre foi perigoso? Sempre. Está piorando? Está piorando. Mas os bandidos estão muito armados, eles estão muito preparados para a guerra. Você viu aquele alemão? Você deve ter visto, dizendo que não está preparando bandido? [00:24:21]

Paulo Storani: Vejo, vejo.

Leda Nagle: O alemão ele fez um post.

Paulo Storani: Vejo.

Leda Nagle: Diz que está chegando em coisas absurdas! Entendeu? Eu não sei como vai ser o ano que vem, assim. Porque olha só, tem muito tempo ainda para mudar, para votar para governador de novo. [00:24:39]

O assombroso Relatório Felipe Curi, números da criminalildade

Paulo Storani: É. Falta muito tempo. E você tocou num ponto muito importante, em razão até da decisão do ministro Fachin (em 05-06-2020 houve proibição de a polícia militar do Rio de fazer operações nos morros durante a pandemia) lá atrás, o subsecretário de planejamento e integração nacional aqui do Rio de Janeiro, o Delegado Felipe Curi, salvo engano, me perdoe se eu errei o nome dele, fez um relatório, encaminhou para a Secretaria Nacional de Segurança Pública, estabelecendo um panorama do cenário do Rio de Janeiro. Assim que isso foi tornado público, e que eu olhei, não me surpreendi com o que foi falado, mas me surpreendi com a coragem de um agente de segurança, um delegado numa função importante, assinar um documento, encaminhar para uma Secretaria Nacional de Segurança Pública, que seria o órgão que teria a responsabilidade de acompanhar os indicadores, de incentivar políticas públicas dentro desse tema, enfim, e que mostra que o Rio de Janeiro hoje, as pessoas ligadas ao tráfico, acho até, na minha opinião, pelo que eu já acompanhei no passado, ele foi até um pouco comedido. Eu acho até que é maior do que ele falou.

51 mil pessoas estão envolvidas com a indústria do tráfico no Rio de Janeiro

Paulo Storani: Existem hoje diretamente ligados ao tráfico, em torno de 51 mil pessoas. Então, é um efetivo de 51 mil pessoas ligadas geralmente ao tráfico, que ele está considerando 1.413 comunidades ou favelas no Estado do Rio de Janeiro, sendo que 80% delas é dominada por uma facção criminosa – quer seja tráfico, quer seja milícia – então, o efetivo é só em relação ao tráfico, e não milícia, 51 mil pessoas.

Leia mais sobre milícias

Paulo Storani: Então, olha só. O efetivo da polícia hoje pronto chega a 44 mil. Se adicionarmos a polícia civil, com mais 12 mil, nós ficamos ali pari passu com o efetivo dos criminosos. Eu acho até que é maior do que isso. E ele mostra ainda que a população carcerária, que hoje é em torno de 56 mil, quando na verdade 30% da população carcerária no Rio de Janeiro é ligado ao tráfico. Então, você tem desses 56 mil, 30% está indiretamente ligado ao tráfico, que foram identificados e presos. Então, daqui a pouco vão estar na rua novamente, com certeza não vão buscar trabalho com carteira assinada, vão voltar à sua atividade criminosa, porque cadeia no Brasil é uma brincadeira, e a pena não foi feita para você cumprir só efetivamente aquilo que foi estabelecido. Você vai ter uma pena alta, mas os benefícios que são concedidos, uma lei tolerante, condescendente, ele vai estar de volta. Enfim, o cenário é muito ruim.

Traficantes têm um arsenal maior que o da própria polícia civil

Paulo Storani: E, falando de armas usadas em guerras convencionais, que há a possibilidade de um arsenal maior do que a das próprias polícias militar e civil. Então, ele publicou isso. E o que me deixou surpreso, Leda, é que a grande imprensa ignorou totalmente isso. ☺ É um documento oficial, não foi alguém que hackeou uma informação, não foi alguém que levantou o dado em uma pesquisa, sabe lá que metodologia foi usada não! É um dado oficial de um órgão que tem responsabilidade de estabelecer esse cenário, porquê também fala de inteligência policial. E assinou e encaminhou para o Governo Federal. E ninguém falou sobre isso. Então, o que é que diz aquele cenário ali?

O cenário relatado pelo Delegado Felipe Curi

Paulo Storani: Nós estamos numa situação mais grave do que nós, as pessoas comuns que acham que um problema é uma troca de tiros de uma comunidade ou outra, não! É um sistema muito bem articulado, que movimenta milhões de reais por mês, de muitas pessoas envolvidas e com armamento de guerra. E é isso que a polícia enfrenta! Se ela deixar de agir nas comunidades, com todas as sequelas ruins que já aconteceram e sempre acontecem, mesmo não atuando, nós vimos o caso da Ana Cristina morrendo lá no morro do São Carlos, lamentavelmente teve essa morte. Então, esses casos existem.

Leda Nagle: Então, mas essa morte, como não pode ser atribuída à polícia, ela não teve repercussão quase nenhuma. Teve um pouquinho até que sim, mas não tem matéria, não teve passeata, não teve protestos de Direitos Humanos. Não teve nada. [00:28:48]

A senhora Ana Cristina da Silva morreu baleada e não teve nenhuma repercussão na mídia: há indignação seletiva

Paulo Storani: Indignação seletiva. Leda, me preocupa muito, isso. Porque o policial, ele entende dessa maneira, então ele se vê como além de todos os riscos inerentes à atividade policial, e falo isso como alguém que já operou na ponta, no Batalhão de Operações Especiais, no período mais violento da história do Rio de Janeiro, que foi nos anos 1990, foi um período muito duro. Onde o BOPE tinha 86 policiais, nós atuávamos, ficávamos uma semana sem ir para casa, porque você emendava uma operação na outra. E você, a realidade é essa: os criminosos, eles estão muito bem preparados, eles estão controlando o território. “Ah, mas poderia”… é muito comum isso, “Ah, mas a inteligência tem que funcionar”. Eu vejo isso e acho interessante, eu também acho. Mas precisa de investimento para isso. E lembrando uma coisa, o país que mais investe em inteligência no mundo, que é o Estados Unidos, não conseguiu impedir o atentado às torres gêmeas (2001, World Trade Center, Osama Bin Laden), a maior catástrofe da história americana em solo americano. Então, o sistema de inteligência, ele falha. Porque ele coleta o dado, mas ele não é rápido o suficiente para promover as ações operacionais que precisam ser feitas como aconteceu nos Estados Unidos. Então, por melhor sistema de inteligência que possa ser montado, sempre ocorrerão falhas.

Muitas operações da polícia são para evitar invasões de morros por outras facções

Paulo Storani: E outra coisa, Leda, que as pessoas não sabem, muitas operações que ocorrem da polícia, elas ocorrem no sentido de evitar invasão de território! É uma ação preventiva que a polícia mobiliza o efetivo para promover uma operação na comunidade de onde vai sair a invasão, ou da comunidade que vai ser invadida. E isso não é anunciado pela polícia, no que é óbvio que ela não vai ter interesse de mostrar o que está acontecendo, porque isso compromete até as informações que são coletadas em campo através de informante, através do disque-denúncia enfim, mas só contabiliza quando há invasão. Então, as medidas preventivas, que é o trabalho silencioso e positivo que fazem as instituições policiais, elas não são divulgadas. E a gente só fica observando aquilo quando dá o problema, quando aconteceu em São Carlos, quando já aconteceu já na Rocinha várias vezes, como aconteceu na Mangueira, Complexo da Maré, enfim, é essa a nossa realidade hoje.

Leda Nagle: E vai continuar acontecendo, pelo visto, né? [00:30:52]

Paulo Storani: É, e uma coisa, eu não estou aqui defendendo as operações policiais, ou defendendo, polícia não precisa de advogado. Eu estou falando como alguém que já operou, que conhece a realidade policial, conhece como funciona a administração pública, conhece a carência das políticas públicas nesse sentido, e lógico, eu preciso pensar nas possibilidades de solução para o programa e, quando me perguntam, eu mostro: “Olha, que tal a gente fazer aquilo que nunca foi feito? Que tal a gente desenvolver uma estrutura de atenção ao jovem, principalmente de comunidade para que ele não tenha o tráfico ou o crime como opção? Que tal a gente prestar atenção na evasão escolar?”.

Quando a política erra, a primeira reação é quererem acabar com a polícia

Paulo Storani: E o que é mais interessante, Leda, a gente não pode deixar de falar aqui, que quando a política erra, a primeira reação é acabar com a polícia. É interessante. E quando um professor erra em sala de aula, é acabar com a educação brasileira? Se falar em educação brasileira, o Programa Internacional de Avaliação de Estudante, o PISA, os nossos, os últimos 20 anos, nós viemos caindo na avaliação do PISA e ninguém nunca falou em acabar com a educação brasileira porque nós estamos caindo no PISA, estamos falhando. Não! Que tal a gente rever esse processo? Então, também acho qye nós temos que rever a estrutura policial, nós temos que rever a questão de treinamento. O policial do Rio de Janeiro, ele é sobrecarregado. E falo isso como alguém que o tempo todo na polícia, nós fomos voltados para treinamento, o Batalhão de Operações Especiais (BOPE), antes de uma tropa operacional, é uma tropa que treina. E o resultado positivo que ele detém é exatamente por conta do treinamento incansável, ou você está operando, ou você está treinando, ou você está descansando. Só que o policial sobrecarregado no batalhão, por exemplo, que não tem tempo para descansar porque ele é chamado na hora de folga para ele poder suprir uma demanda de efetivo, que não existe mais na polícia, porque foi se perdendo ao longo do tempo. Há uns 10 anos atrás foi publicado que uma estimativa de déficit da polícia era 17 mil homens, faltavam para atender a demanda de rotina 17 mil homens. Hoje, om certeza, isso é muito maior. E qual é a solução que tem do governante ou um comando de batalhão? Traz o pessoal de folga.

Policiais estão ficando doentes, há sobrecarga de trabalho e pressão

Paulo Storani: E aí, tem uma pesquisa fantástica feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Na época a professora Maria Cecília Minayo, uma grande pesquisadora, e {Ednilsa Souza}, que fala sobre a saúde do policial militar, e eles caracterizaram a polícia como uma instituição adoecida! Fizeram da Polícia Civil e da Polícia Militar, “Missão Investigar” e “Missão: Servir e Proteger” são duas obras fantásticas ignoradas pela mídia e ignoradas até pelas autoridades, para saber que o policial militar é um agente adoecido.

Missão prevenir e proteger: condições de vida, trabalho e saúde dos policiais militares do Rio de Janeiro

Missão investigar: entre o ideal e a realidade de ser policial

Paulo Storani: A pressão física e psicológica sobre ele causa um mal que vai afetar diretamente a sua qualidade de trabalho. E ninguém pensa nisso. E uma outra coisa interessante, a pesquisa que tem mais ou menos uns 3 anos, feito pelo Departamento de Psicologia da Polícia Militar, o maior medo de um policial militar é ele tirar a vida de um inocente. Ele não está nem preocupado com a sua própria vida! É tirar a vida de um inocente. Então, aquilo que eu vi numa entrevista, um repórter me questionando: “A polícia entra na comunidade atirando em inocente”, falei: “Peraí, amigo! Não existe nenhum manual que fala sobre isso! Não existe nenhuma ordem para isso, pelo amor de Deus! E se isso acontece – e já aconteceu, já foi provado isso – tem que pensar o seguinte, o que é que está acontecendo com esse homem, que não consegue no ambiente volátil, que (…) muda rapidamente, ele tomar uma decisão adequada?”. Não toma uma decisão adequada porque ele não está em condições físicas e psicológicas para isso. E isso é lamentável, isso vai afetar a qualidade do serviço policial, vai afetar a própria missão constitucional da Polícia Militar, ou da Polícia Civil.

Leda Nagle: E começar por onde? [00:34:29]

Um governo preocupado com a população é o início da solução dos problemas

Paulo Storani: Vou começar por um governante decente. E decente, eu falo primeiro… é que não se permita corromper.

Leda Nagle: É, porque por exemplo, essa ordem do STF, tá bom, o Fachin (Edson Fachin) falou isso.

Leia matéria sobre proibição de helicópteros em operações policiais no Rio de Janeiro

Leda Nagle: Mas falta um maestro no Rio de Janeiro para procurar o STF e questionar. Eu não estou dizendo que isso mudaria a opinião do Fachin, provavelmente não mudaria. Mas, ele teria uma voz, seria uma voz do Rio de Janeiro a dizer: “Não podemos ficar na mão dos bandidos, eles estão armados”. E esses dados que você deu desse delegado Felipe Curi, eu vou até procurar, se tiver o contato dele, você me dá, gostaria de entrevistá-lo sobre essa carta que ele fez. Quer dizer, alguém tinha que levar essa carta ao supremo. A gente tem uma bancada de deputados federais, também ninguém se mexe.

Paulo Storani:☺

Leda Nagle: Ninguém nunca se mexe! Não estou culpando esses dessa legislação, mas todos. A gente vê os deputados do Nordeste se unem, ou os de São Paulo, eles se unem e protestam em nome de São Paulo, e os do Rio parece que estão num outro planeta, entendeu? Eles não se tocam que essa é uma questão que mexe com a gente, mexe com todo mundo, e é preciso tomar uma providência, falta um maestro, falta alguém para começar isso. E começar por onde? [00:35:43]

Urgem políticos capacitados para enfrentar a situação

Paulo Storani: Eu não tenho dúvida, primeiro é a gente ter alguém com essa capacidade. Ele tem que ter a estrutura moral de falar e ser ouvido. Então, isso não vão conseguir, não sei qual é o vice-governador que vai assumir (governador Wilson Witzel foi retirado do cargo), qual é a atitude dele? Não o conheço, não sei de histórias dele. Talvez isso seja bom, porque o camarada que já tem uma história pregressa ruim, já é o cartão de visitas dele. Então vamos ver o que vai acontecer. Mas eu não sei se ele vai ter a postura de um governante, ou de um estadista, a ponto de ir no STF e se posicionar a respeito disso. Fazer um documento duro para o Supremo Tribunal Federal a respeito da sua própria competência. Não é questionar a questão dessa grande banca de advogados que é o STF, que é assim que eu o vejo, eles estão ali para defender interesse de cliente, não interesse das pessoas. Que a maioria são advogados, talvez um do Ministério Público, um ou dois juízes, mas os demais são todos advogados. Então, enfim, a despeito disso, não vou entrar nesse mérito, é alguém se posicionar a esse respeito, mostrar o seguinte:

É preciso ouvir o corpo operativo das polícias

Paulo Storani: “Não, mas se vocês querem fazer alguma coisa, ouçam o Estado, ouçam as instituições policiais, saibam o que está realmente acontecendo”. Então, parece que o STF está jogando para uma plateia exclusiva de – sei lá – de supostos intelectuais, ou de uma mídia que é favorável a uma ação, ou outra ação, enfim, temos que repensar isso. E segundo, é repensar recursos no Estado que está depauperado financeiramente, nós fomos achincalhados, nós estamos roubados, mal administrados, e você não tem recursos. E tivemos problemas até com folha de pagamento no governo anterior (Luiz Fernando Pezão), que inclusive foi preso também durante o seu mandato ☺, então é uma situação muito difícil…

Leda Nagle: Realmente é difícil.

Paulo Storani:para você montar uma estrutura. Porque uma coisa é certa, Leda, o policial militar, o policial civil, de uma forma geral, bateu no ombro dele, isso já aconteceu comigo. “Olha, eu confio em você, eu preciso de você”, de uma forma impressionante, essa rapaziada vai estar presente quando for necessário. É impressionante isso, cansado, com sono, às vezes com fome, ele vai estar lá porque ele tem uma ligação com a estrutura, tem uma ligação com os camaradas que interpreto até como corporativismo, existe um lado negativo, mas existe um lado muito positivo em relação a isso, é a sinergia necessária para você ter uma força, para no pior das situações, alguém estar presente lá para proteger quem? Proteger o cidadão! É o cidadão de bem que precisa ser protegido, então, precisamos disso. Não acredito em soluções de curto prazo para isso, não há uma chave que se vira, da mesma forma que o STF tentou resolver o problema da Segurança Pública, virando uma chave. Não tem mais operação policial, então acabou o problema da segurança? Não! Criou um outro problema, que nós estamos vivendo agora um outro caso.

Leda Nagle: Você não pode nem sobrevoar de helicóptero, né? [00:38:34]

Até o uso de helicóptero como plataforma de operação foi proibido

Paulo Storani: Para você ter uma ideia dessa! E isso foi um absurdo, a questão do helicóptero. Existem normas sobre isso. O helicóptero é plataforma de observação quando era usado como plataforma de tiro, mas existe norma interna da Polícia Militar inicialmente, Polícia Civil posteriormente, que disparo feito de helicóptero, primeiro que eu sou mestre de tiro policial. 13 anos instrutor de tiro policial, eu tenho título de mestre de tiro, eu sempre falei: “Helicóptero não é para fazer disparo, é plataforma de observação. Você não pode transformar o Rio de Janeiro num Vietnã”, o HOH ali, os helicópteros saindo e atirando interno, porque você precisa saturar o ambiente de tiro, você não pode fazer isso num ambiente urbano. Então, sempre fui contra o helicóptero usar arma, mas como plataforma de observação, é olho que precisa, para a segurança dos próprios policiais e a segurança da própria população. Então, o que precisa ser feito, como eu disse, não é uma chave que se vira, é um transatlântico, essa metáfora, ela é fantástica, que para se movimentar é muito lenta porque a administração pública é lenta. Temos um judiciário moroso também, nós temos leis permissivas e tolerantes com o crime.

Leda Nagle: Ninguém cumpre pena no Brasil, não é?

Paulo Storani: Não se cumpre.

Leda Nagle: Todo mundo cumpre um terço da pena, um quinto da pena, um quarto da pena, uma parte da pena quando cumpre, né? [00:39:48]

Não existe lei que regulamente audiência de custódia

Paulo Storani: Leda, audiência de custódia, não existe nenhuma lei que regulamente isso. Pelo amor de Deus! Uma decisão de um determinado ministro que era presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e que determinou que aquilo fosse feito, e a coisa é feita como se fosse uma lei. Então, faz isso, regula isso, que o Congresso Nacional regule audiência de custódia. Não estou dizendo que não tem que ser não, olha novamente o STF querendo legislar. Isso é um absurdo, poxa! Então é assim? Cada um faz o que quer? É como falam para mim: “Qual o problema da polícia?”. Olha só, se você quiser acabar com a polícia, faz o seguinte, acaba com a polícia, cada um compra arma, ou se é contra arma, compra um tacape e defenda seus interesses e defenda a sua família, defenda a sua propriedade, porque a barbárie vai chegar a partir do momento em que o Estado não se impõe. O contrato social, que é a Constituição Federal, na minha visão, não está sendo cumprida inclusive por que quem detém a responsabilidade de fazê-lo.

Está mais do que na hora de o STF repensar seu papel constitucional

Paulo Storani: É hora de o STF fazer um congresso entre eles lá, um concílio entre eles lá e definir qual a dimensão do papel dele dentro de um chamado Estado Democrático de Direito, pelo menos nós vivemos numa democracia e não a tirania dos 30 de Atenas depois da Guerra do Peloponeso, que eles faziam o que eles queriam. Então, é muito, muito preocupante o que nós estamos vivendo hoje. Porque esse descumprimento de norma, causa um efeito cascata. “Ah, se eles podem descumprir lá, a gente pode descumprir aqui também. Depois a gente resolve e contrata um advogado que tenha um conhecimento no STF, tá tudo resolvido, pô!”, e esse é o problema para quem tem dinheiro. Para quem não tem, vai terminar é preso mesmo.

Leda Nagle: É, a coisa é complicada porque a gente não sente também uma pessoa que você pudesse, ou uma instituição que pudesse liderar essa retomada do Rio, essa reconversa com o STF. Enfim, não sei nem se é possível reconversar com eles, mas o Fux que está assumindo o mês que vem (a presidência do STF, Fux substituirá Dias Toffoli). O Fux é um homem do Rio de Janeiro. Ele não é inocente, ele gosta de carnaval. Eu me lembro dele indo ao carnaval, assistir carnaval com a mulher, com os filhos. Então, os filhos moram aí ainda. Então, não é possível que ele não saiba o que está acontecendo. Tem que ter alguém procurando por ele, talvez conseguisse uma interlocução. Só que a gente não sabe nem quem vai ser o secretário, porque esse rapaz (Cláudio Castro, vice-governador que vai assumiu o lugar do governador Witzel), com todo respeito, não tenho a menor ideia, soube do nome dele anteontem, confesso que nem conhecia nem o nome do novo governador. Mas eu fico imaginando que o secretário de segurança, secretário de alguma coisa, alguém tem que procurar. Alguma instituição que tem que liderar essa conversa para reconsiderar isso, antes que a coisa fuja de controle total, antes que desdobrem o pessoal do lado de lá, dobre o seu efetivo.

Paulo Storani: Sem dúvida nenhuma.

Leda Nagle: Porque está quase dobrando, não é?

Paulo Storani: Sim.

Leda Nagle: Se você somar o 30% que está preso com os não sei quanto aí, vai… [00:42:55]

Paulo Storani: Ultrapassa, sem dúvida nenhuma.

Leda Nagle:e se efetive, acho que tinha que tomar uma decisão, uma opção. Porque tem que tentar alguma coisa. Porque eu não sinto ninguém tentando nada, entende? Então, quando eu vi a sua entrevista, eu falei☺: “Poxa! Uma pessoa que pode ser um interlocutor!”, porque eu não vejo ninguém nem para você conversar sobre isso. [00:43:13]

O escabroso caso das rachadinhas da ALERJ

Paulo Storani: Leda, eu teria uma ideia aqui, olha. Nós não podemos contar com a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, né?

Leda Nagle:☺☺

Paulo Storani: Poxa! O seu presidente está ali naquela lista de nomes das pessoas que faziam a rachadinha, então está lá.

Leda Nagle: A Assembleia deu posse a pessoas presas. Então, não existe essa Assembleia. [00:43:30]

Paulo Storani: É uma vergonha. Isso é uma vergonha.

Leda Nagle: É uma brincadeira, é um deboche. [00:43:36]

Paulo Storani: Então, vamos esquecer a Assembleia, vamos pensar agora no governo, o novo governador. Porque o anterior é uma piada, né? Pelo amor de Deus, realmente é muito difícil. Talvez o novo governador. Mas olha só, existe o chefe da Polícia Civil, existe o comandante-geral da Polícia Militar, existe o Procurador-geral do Estado. Olha só, faz o seguinte. A gente paga a passagem deles, pega o avião e vai lá em Brasília, para bater na porta do STF, vai dizer o que é que está acontecendo. Se façam serem ouvidos, bota no papel, assina essa porcaria, o que é que é isso! Faz que nem o Felipe Curi fez, mandou relatório e assinou, isso entrou para todo mundo sabendo o que está acontecendo. Está faltando essa coragem moral das pessoas que deveriam liderar as suas instituições. Uma coisa é comandar, liderar é outra. Essa é uma atitude de um líder, de ir lá e bater na porta. E no Congresso Nacional exigir um posicionamento da bancada dos deputados e senadores do Rio de Janeiro, sobre o que está acontecendo esse ano no Rio, rever isso que está ocorrendo, pedir um apoio, seja o que for. Agora, simplesmente se tornar um agente passivo de uma estrutura como essa e não se posicionar a respeito disso? Eu fiquei esperando depois dessa decisão o que iriam para as autoridades. O governador tudo bem, estava preocupado com a sobrevivência dele e o caminho dele já está traçado, ninguém duvida disso. Mas os comandantes das organizações tinham que se posicionar.

Leda Nagle: Também não se manifestaram! Não. [00:45:00]

Paulo Storani: O Ministério Público do Rio de Janeiro tinha que se manifestar também. O que é que é isso! Não estou dizendo de se insubordinar. “Olha, queremos ser ouvidos, já que vocês ouviram algumas pessoas que fizeram lá a petição, e que fizeram lá um fundamento”…

Leda Nagle: Um partido de esquerda, quer dizer, na verdade só se ouve a esquerda, né? [00:45:18]

O Rio de Janeiro precisa de alguns deputados estaduais, que não podem ir a federal, fazem falta

Paulo Storani: Não, mas é. Aí que tá, eu não quero aqui nem politizar o meu discurso, por favor, de maneira nenhuma, que eu conheço as pessoas, eu me dou muito bem com as pessoas e inclusive me criticam por isso. Eu me dou muito bem com pessoas de esquerda e com pessoas de direita, eu não tenho problemas com relação a isso. Eu tenho convicções que estão na direita e que estão na esquerda dentro das agendas. Agora, tem outras que eu repilo peremptoriamente, eu não vou querer isso de maneira nenhuma, nem aceito. Algumas pessoas que eu tenho uma relação muito boa, ah, mas que votaram para deputado estadual que eu não voto para deputado federal, porque eu vou querer ele aqui, não querer ele lá. Lá é uma coisa, aqui ele é outra, aqui ele precisa, ele tem uma agenda que é necessária para ser falado dentro da assembleia do Rio de Janeiro e não no Congresso Nacional, que toma outra dimensão. Enfim, então, precisa nesse momento é se unir para isso. Mas, como aqui do Rio de Janeiro foi um deputado de esquerda que fez a petição, que fundamentou isso baseado em dados de uma Universidade do Rio de Janeiro, e que não houve um aprofundamento nisso, então que outros deputados do Rio de Janeiro vão lá e se coloquem a respeito disso. Por que é que eles se fizeram ouvir?

Leda Nagle: Interajam, né? É, mas não tem a reação, né? Não tem reação. [00:46:22]

Paulo Storani: Então, por que é que não pediram para serem ouvidos no momento da decisão? É. Realmente, eu fico muito preocupado que esse silêncio é um problema, Luther King (pastor negro norte-americano assassinado) falava isso: “Minha preocupação não é quem faz mal, é o silêncio dos bons!”. Ou não tem bom nenhum, né, pode ser isso também, né?

Leda Nagle:☺ É, pode ser também isso. [00:46:38]

Paulo Storani: É. Mas eu espero que sim, eu acredito que tenha no Congresso.

Leda Nagle: Eu espero que tenha, ainda tenhamos alguns, né? [00:46:43]

Paulo Storani: Sim. Eu tenho fé, eu tenho fé que nós temos pessoas boas, pode não ser maioria, pode não constituir massa crítica para fazer mudança, mas precisam falar, precisam ser ouvidos porque a população brasileira já se posicionou a respeito disso. Quando é necessário, a população sai às ruas, se manifesta pacificamente. As famílias é que saem, não um bando de trogloditas que sai quebrando e fazendo e diz que é um movimento antifascista. Isso é uma hipocrisia e que é encampada por várias mídias sobre isso. Pelo amor de Deus! Basta olhar a própria atitude das pessoas. E quando você vê famílias se manifestando é uma atitude por face. Pelo amor de Deus, gente! O que é que é isso! Que pós-modernidade é essa que a mentira se torna uma verdade? Porque alguns decidiram que é aquilo? É, realmente precisamos rever esse sistema de valores, que eu falei na questão da antropologia que você me perguntou, é ela que orienta.

Leda Nagle: É a chave!

Paulo Storani: É a chave.

Leda Nagle: A chave é essa.

Paulo Storani: É onde nós precisamos caminhar e é isso que falta muitas das vezes, é dentro da própria comunidade, dentro das famílias de onde saem essas pessoas, como a da Lava Jato, não tem nenhum morador de comunidade preso na Lava Jato, olha só que interessante. Criminalizam as questões sociais, as pessoas que moram em comunidade porque moram em comunidade. Mas na Lava Jato não tem um morador de comunidade preso.

A Lava Jato foi uma ponto de inflexão da luta contra a corrupção, mas está sendo desconstituída

Paulo Storani: Nós estamos falando da elite brasileira sendo presa, e ali, espere aí, que estrutura de valor sob as quais essas pessoas foram criadas em suas famílias? Então, temos que rever para tudo.

Leda Nagle: Tendo criança confessando os seus roubos, delatando os outros. [00:48:17]

Paulo Storani: E olha só que interessante, e alguns negando, né? “Não, não fiz nada disso, fui enganado”. Ah, pelo amor de Deus! O que é que é isso? Mas tudo bem, é o discurso político, faz parte da agenda, da estratégia. O brasileiro tem um problema muito sério. Eu falo isso antropologicamente, nós adoramos vítimas, não a vítima real como a Ana Cristina, que é uma pessoa real, mas das pessoas que se fazem de vítimas, “Estou sendo perseguido”, como fez o nosso ex-governador na coletiva: “Estou sendo perseguido”. “Tá, peraí cara, perseguido por que?”, mas tem indícios fortes, tem delação, tem aquilo.

Brasileiro adora se colocar ao lado de quem se diz vítima e não ao lado da vítima real

Paulo Storani: E o brasileiro adora isso, o brasileiro adora querer, um exemplo que eu falo? O Tufão. Você lembra daquela novela Avenida Brasil?

Leda Nagle:☺

Paulo Storani: Ele era o modelo do heroi brasileiro, porque era um jogador de futebol aposentado, do Flamengo, a maior torcida – eu sou vascaíno – mas a maior torcida do mundo, eu não tenho dúvida disso.

Leda Nagle: E eu sou Flamengo. ☺ [00:49:06]

Paulo Storani: Ó, mas eu respeito isso e considero, mas e o Tufão? Enganado pela mulher do início ao fim da novela, e todo mundo tinha pena do Tufão. Eu não tinha pena do Tufão. Falei “Caramba! Toma uma atitude, camarada! Chama a mulher pra conversar, pergunta por que é que ela não viaja?”, não. Mas o Tufão, e todo mundo “Tadinho do Tufão”, “Tadinho nada, amigo! Pegue pra sair, porra!”.

Leda Nagle:☺☺

Paulo Storani: Não está aguentando a pressão? Vai embora, rapaz! Que que é isso! Mas o brasileiro adora isso. Lamentavelmente, então a gente precisa mudar essa estratégia. E o Brasil está mudando nesse aspecto, a gente está cobrando mais, a gente está querendo gente decente lá, a gente está fiscalizando. Então, essa classe média, como você bem falou, e detalhe, eu vejo isso nas próprias comunidades, viu? Pessoas humildes que moram em comunidade que pensam muito semelhante, a estar havendo um consenso sobre isso. E quando a gente tiver massa crítica realmente de sair, manifestar e arguir o que é que estão fazendo no Brasil, você pode ter certeza que a gente muda esse país. Por enquanto, se depender de uma instituição como STF, Congresso Nacional, nós estamos num caminho muito ruim, e me preocupa muito, né?

O limite tensional do povo brasileiro, isso é perigoso

Paulo Storani: Vamos ver a que nível de tensão eles são capazes de levar a sociedade brasileira, até que ponto haverá uma tensão sobre isso, dessas ações, e a tolerância por parte das instituições e da própria população. Acho que vai chegar um momento que vai ter um basta. E isso é muito perigoso. É muito perigoso. Se não houver um passo atrás para distender essa tensão, para amenizá-la, é um caminho muito perigoso. Por isso que me preocupa mais do que qualquer outra coisa. E nós temos aqui o papel fundamental de falar, de orientar, de pedir, de resolver a coisa de uma forma pacífica, através da conversação, mas infelizmente parece que essa palavra “supremo” deveria ser mudada. Sinceramente, a ideia de supremo deveria ser mudada, é um superior tribunal federal, tira a ideia de supremo, porque está afetando alguns ministros do STF com certeza.

Leda Nagle:☺ E está afetando a vida da gente, por tabela. [00:51:09]

Paulo Storani: Por tabela, sim. Consequência natural.

Leda Nagle: Ô, Paulo, vamos conversar mais vezes, só nos resta isso, falar.

Paulo Storani:☺☺☺

Leda Nagle: Né? Para ver se a gente também abre, dá um toque nas pessoas, né? Mobiliza pessoas e pensando nisso, que nós não queremos esse Estado, nós não queremos chegar ao limite, já estamos quase no limite. [00:51:32]

Paulo Storani: Sim, sim. Leda, estou sempre à disposição, você pode ter certeza disso. Vou te passar inclusive o relatório feito pelo Felipe Curi para você dar uma olhada.

Leda Nagle: Rapaz! Por favor.

Paulo Storani: E com certeza não vai ser difícil fazer o contato com ele. Eu não conheço pessoalmente, mas eu admiro pela coragem de ele ter feito o relatório e ter assinado o relatório. Esse é o tipo de coragem que eu aplaudo. Então, com operações especiais, a gente reconhece isso, a coragem das pessoas. Então, eu preciso aplaudir isso e a todo momento eu falo sobre esse relatório e que lamentavelmente foi desconsiderado pela grande mídia, por vários especialistas, enfim, porque ali está o retrato verdadeiro, uma radiografia do Rio de Janeiro está nesse relatório. Eu vou te enviar.

Leda Nagle: Então, vamos aprofundar essa história e apresentar, achar o Felipe para falar sobre esse relatório também. Muito obrigada, Paulo, obrigada mesmo. Um prazer. Tá?

Paulo Storani: Eu que agradeço…

(fim da transcrição) [00:

t52:19]

Categorias: Política

Transcricoes

Web aprendiz. Iniciou-se em 2012 na internet em busca de conhecimento. Desde então se encantou com transcrição de áudio.