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Live #2: Ushitaro Kamia 05-09-2020 Enchentes na Vila Nilo

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(início da transcrição) [00:00:00]

Marcelo Miura: Boa noite, você que nos assiste aqui pelo canal do Facebook, e também que vai nos acompanhar posteriormente por todas as plataformas, os canais das redes sociais, de antemão agradeço a presença de vocês, amigos, amigas, colaboradores, e inclusive já para que você curta e compartilhe essa live. Mais uma vez, peço desculpas pelo nosso atraso aqui, sempre ajustando as questões técnicas, mas vamos abordar no dia de hoje uma questão recorrente, que foi um grande problema, aqui da Zona Norte de São Paulo, que foi justamente uma questão que se estende até os dias de hoje, que é o polêmico Córrego do Tremembé, com as suas inundações, alagamentos, enfim, um transtorno aqui na Zona Norte de São Paulo, e vamos abordar uma questão específica que foi sanada, um problema que vinha há décadas ali na vazão da jusante da Vila Nilo, próximo já à divisa com o município de Guarulhos, e um dos grandes responsáveis pelas obras e pelo sanar desse grande problema foi o Kamia. Boa noite, Kamia.

Ushitaro Kamia: Boa noite. Tudo bem?

Marcelo Miura: Bom, para quem não conhece, Ushitaro Kamia, filho da terra, nasceu aqui em Furnas, aqui na Zona Norte de São Paulo, formou-se em Direito, Contabilidade e também em Administração de Empresas, sempre atuou no ramo do comércio de hortifrutigranjeiros. E, a partir de 1988, ele foi impulsionado inclusive pela classe, à política, à vida política. Ele foi deputado federal e cinco vezes eleito vereador pela maior câmara municipal, pelo maior legislativo municipal da América Latina, que é a Câmara Municipal de São Paulo, que aliás, diga-se de passagem, né, Kamia, não é fácil. Porque você legislar na maior Câmara da América Latina, numa cidade como São Paulo, com dimensões enormes, é como nós sabemos, são várias cidades dentro de uma cidade, né, Kamia?

Ushitaro Kamia: É verdade. É, realmente, nós encontramos muitas dificuldades por causa da expansão da cidade. Então, nós pegamos, porque não é uma cidade planejada, então cada vez que a cidade vai crescendo, e ela vai se formando, transformando em problemas, porque como não é uma cidade planejada, então nós encontramos muita dificuldade com relação às estradas, locomoção, a questão da saúde, questão das escolas, então nós encontramos muitos problemas nesse sentido.

Marcelo Miura: Tá certo. Bom, são 20:21, para você que já vem chegando, curta, compartilhe o tema de hoje sobre o Córrego Tremembé, trazendo os grandes problemas que assolaram a cidade de São Paulo. Vamos começar falando, Kamia, a gente já conversou em off aqui, é uma história tremenda, inclusive com a mão de Deus ali, porque foi uma coisa assim, que nós não imaginávamos. Começa contando para a gente, Kamia, sobre aquela história que você vinha da Fernão Dias e se deparou ali na Vila Nilo. [00:03:34]

Ushitaro Kamia: É verdade! Realmente, foi a mão de Deus naquele momento lá. Porque eu estava trafegando pela Rodovia Fernão Dias – foi um dia muito chuvoso – e quando adentrei na Vila Nilo, eu vi muitos pontos de alagamento. Então, ali eu fiquei parado e falei: “Poxa vida! Como é que pode ser? Quer dizer, não era tão forte a chuva, mas estava causando tanta enchente naquele local?” E muita gente estava com toda a casa inundada. E aí eu pensei, porque lá perto, quando eu passei pela Fernão Dias, estava se fazendo a duplicação da Fernão Dias. Então, logo pensei: “Poxa vida! Se nós pegássemos, pedisse para o DENIT ou DER fizesse aquela retificação?”, porque o Córrego do Tremembé tinha 4 tubos que fluía a água do Córrego Tremembé, e aquela vazão não era suficiente para fazer.

Marcelo Miura: Inclusive nós temos as imagens aqui. Se vocês puderem verificar, nós tínhamos dois tubos circulares e duas retangulares ali, parece até grande, né?

Ushitaro Kamia: Parece grande.

Marcelo Miura: Mas o pessoal jogava até sofá ali, né?

Ushitaro Kamia: Não, não é que jogava. É que eles perdiam e não tinham outro lugar para jogar, colocar. Então, a água levava tudo.

Marcelo Miura: E aí batia nessa vazão e entupia tudo?

Ushitaro Kamia: E era geladeira, entupia tudo, as águas e tudo! Então a gente via, até carro nós víamos. Até carro nós víamos encostado naquele local. Então, isso retornava, causava e hoje nós vemos que aqueles quatro tubos que tinham aqui, nós ficávamos nessas condições. Então, eu peguei e falei assim: “É uma grande oportunidade para que a gente pudesse aproveitar a obra da Rodovia Fernão Dias” que estava sendo realizada, porque era justamente aquela obra da Fernão Dias em que estava o Córrego do Tremembé.

Marcelo Miura: Já para aproveitar as obras do DER, né?

Ushitaro Kamia: É do DENIT, né? DER. E tão logo eu fui lá, conversei com o pessoal do DENIT, ele falou assim: “Olha, nós não podemos fazer essa obra, porque é da competência da Prefeitura, não é do DENIT”. E aquela duplicação ia fazer só a Rodovia Fernão Dias. Então, eu falei: “Pô! Como poderia solucionar esse problema?”, ele falou assim: “Só se a Prefeitura tivesse o projeto”. Eu falei: “Ah, então, vamos fazer esse projeto”. E eu fui até a Secretaria na Prefeitura para que pudesse se viabilizar esse projeto e levei todos os dados que eu acho que o povo sofria, e movimentos populares que se faziam toda vez que acontecia enchentes, eu falei: “Então, vamos nos unir”. E nós fomos com uma comissão, até a Prefeitura para que pudesse fazer essa retificação, fizesse essa ponte sobre a Rodovia Fernão Dias.

Marcelo Miura: E essa foi a grande sacada, né?

Ushitaro Kamia: Ah, essa foi mesmo.

Marcelo Miura: Porque se fosse feita essa obra exclusivamente de competência da Prefeitura, ia sair muito mais caro, ia demandar muito mais tempo, né?

Ushitaro Kamia: Não! E ainda teria que paralisar novamente a Fernão Dias. E eles não iam fazer, porque eles teriam que paralisar para fazer a ponte!

Marcelo Miura: Mas aí, ele falou que você estava com a faca e o queijo na mão, (acha graça) mas veio a preocupação. Porque as obras vinham avançando para chegar nessa região, e se ela passasse dessa região, aí não tinha mais jeito.

Ushitaro Kamia: Não tinha mais jeito. Aí nós teríamos que conviver por muito tempo com essa consequência do Córrego do Tremembé. E mais, como nós estávamos com a faca e o queijo na mão, a gente viu que a esperança não morria, a gente tem que lutar, continuar lutando, para que as coisas pudessem se viabilizar, e tão logo a Prefeitura fez o projeto entregamos e solucionou o problema da vazão naquele córrego. Mas, não foi resolvido na sua totalidade, porque nós estamos resolvendo o problema da jusante, que é do Rio Tietê. Porque a obra é do montante também, que seria do Horto Florestal, Tremembé, Jardim Tremembé, que tem também Vila Mazzei, Jaçanã, alguns pontos ainda que sofrem. Mas a Prefeitura tem um problema, tem muitos lugares em que as pessoas construíram as suas casas, e não tem como retirar aquelas pessoas. Então, a Prefeitura está fazendo o que? Fazendo um piscinão.

Marcelo Miura: Ali na Maria Amália, né?

Ushitaro Kamia: Maria Amália, por exemplo tem um piscinão, que é um projeto também da retificação do Córrego Tremembé. Então, tem que fazer outro projeto de piscinão que está projetado já. No Tremembé tem um outro projeto que tem a realização do piscinão. Então, tudo isso para resolver o problema das enchentes aqui dentro da nossa região. Porque se não fizesse e dado continuidade desse trabalho, nós iríamos sofrer as consequências muito maiores ainda, porque nós teríamos que desapropriar todo o leito do Córrego Tremembé! Então, seria um prejuízo muito grande para os moradores também.

Marcelo Miura: Sim, sim.

Ushitaro Kamia: Entendeu? Então nós estivemos trabalhando e eu acho que o estudo foi feito, o estudo está com projeto viável para poder realizar essa obra do Córrego Tremembé.

Marcelo Miura: Eu acho interessante porque você, Kamia, não se preocupa simplesmente com a questão estrutural, mas principalmente pelas vidas que possam ser impactadas ali, né? Há essa sua preocupação, não é?

Ushitaro Kamia: Sim. Inclusive, em 1992, nós fizemos um trecho da Maria Amália até a Sezefredo Fagundes, porque é um ponto que dava maior alagamento também. Ainda sofre, né? Mas, por que? Lá tinha a confluência do Córrego Iara, tem o córrego que vem do IPESP, e depois tem outros afluentes que é o Córrego Cabuçu ainda. E no Córrego Cabuçu nós temos um projeto para poder viabilizar, mas o recurso também não é suficiente. Entendeu? Então, nós temos do Córrego Esmaga Sapo, da Vila Albertina, que tem o Córrego do Piqueri. O Piqueri também é um córrego que tem dado um grande problema para essa região. Então, são as consequências que a gente tem que lutar. E essas coisas a gente tem que lutar no Parlamento, né?

Marcelo Miura: Inclusive, nós temos o prazer de receber aqui também, o Durval de Azevedo. Ele é técnico de informática e morou muitos anos ali na Vila Nilo e enfrentou de perto o grande problema que assolava não só os moradores da Vila Nilo, mas Parque Edu Chaves, Jardim Cabuçu, e todos aqueles bairros adjacentes e ele, quando soube da nossa live aqui, ele fez questão de vir dar o seu testemunho, o seu depoimento, ele que até há pouco tempo, não sabia que era o Kamia que tinha feito aquelas obras. Durval, obrigado por sua participação, viu? Pela sua presença aqui.

Durval de Azevedo: Boa noite.

Marcelo Miura: Como que era a situação lá na Vila Nilo, você que foi testemunha ocular lá?

Durval de Azevedo: O que eu posso dizer pela vivência, logicamente, que era uma loucura. Qualquer chuva mais forte, a vazão de água, não tinha. Então eram 2 metros de água lá dentro de casa. Então, nós já tínhamos uma estrutura de toda a rua, de toda a região: levantar os móveis em cima de mesa. E quando terminava a chuva, era um transtorno. Você perdia geladeira, sofá, cama… então, era como se tivesse um tsunami na rua. Então, foram muitos e muitos anos quem morou lá, já faz alguns anos que eu não moro mais lá, mas tem muitos amigos lá até hoje, depois dessa obra aí, até meus amigos falam, depois de alguns anos, você passava na rua, eram 15-20 placas de “vende-se”, porque ninguém aguentava mais, era muita perda, muito desgaste…

Marcelo Miura: Desvalorizou muito os imóveis?

Ushitaro Kamia: …perdi amigos com leptospirose, perdi amigo novo!

Marcelo Miura: Sim, sim.

Ushitaro Kamia: Porque você está numa rua inundada, você não sabe de doença, né? E hoje não, depois que aconteceu todos esses anos aí, por coincidência da vida, o Kamia há muitos anos aí, eu nem sabia que ele foi o autor. E quando eu soube, eu não acreditei, entendeu? Eu tenho amigos até hoje, que estão há 50-60 anos, adoram lá e não saem de lá. Então, essa é a vida, quando um parlamentar está aí, junto ao povo, o que ele fez foi uma coisa estrondosa.

Marcelo Miura: Hoje está uma maravilha, não é?

Ushitaro Kamia: Uma maravilha.

Marcelo Miura: Pelo menos no que tange a essa questão das inundações e dos alagamentos.

Ushitaro Kamia: Não, ali não tem mais. Ali, pode chover, pode alagar toda São Paulo, ali não alaga mais.

Marcelo Miura: Bom, nós vemos aqui, a vazão.

Ushitaro Kamia: Pela vazão, ali, não alaga mais com certeza. Com certeza. Se eu fosse trazer todo mundo aqui que mora lá ainda, ia trazer dois ônibus, entendeu? Agradecendo a ele. Com certeza.

Marcelo Miura: Que bom. E a grande sacada foi justamente essa, né? Identificar as obras que estavam sendo realizadas pelo DER ali e aproveitar toda aquela estrutura, o maquinário, indo ao DENIT, que é responsável pela Rodovia Fernão Dias, para que eles autorizassem essas obras lá, né?

Ushitaro Kamia: E com certeza! Como se diz, é, a mão de Deus está sempre em tudo. Se não tivesse feito isso, quando que o governo ia parar uma Fernão Dias, uma rodovia federal para se fazer um projeto desses? Nunca! Pode esquecer! Nunca mais! Ali ia virar um Jardim Pantanal da Zona Leste, com certeza.

Marcelo Miura: É verdade. Bom, Durval, obrigado por sua presença, tá?

Ushitaro Kamia: Mas o problema lá, essa luta é de vários anos. Porque a cidade vai crescendo, vai colocando uma situação tão ruim, porque não tem uma estrutura já estudada para que a gente pudesse fazer de acordo com o que tem que ser feito. Então, na medida em que a cidade vai crescendo, as coisas vão ter vários outros problemas também. E a gente tem que começar a verificar através dos seus representantes na câmara municipal, como também na área da Assembleia Legislativa, na Câmara Federal, porque nós temos que ter representantes para que pudéssemos estudar em loco, os problemas da região. Entendeu? Era isso que nós temos assim, uma satisfação de um dever cumprido.

Marcelo Miura: De dever cumprido.

Ushitaro Kamia: É.

Marcelo Miura: Bom, mas vale lembrar que como o Kamia disse, nós temos ainda, foi vencida uma batalha, né, Durval?

Durval de Azevedo: Com certeza.

Marcelo Miura: Lá naquele setor. Ainda temos várias batalhas do montante. A jusante é a final, é a foz, o término do córrego, e a montante é a nascente que se dá ali no Horto Florestal. Portanto, da nascente do Horto, como o Kamia falou, passando pelos bairros do Tremembé, Jardim Tremembé até o Jaçanã, ainda tem muitas batalhas e muitos desafios, muito trabalho ainda a ser feito, né?

Ushitaro Kamia: Muito trabalho. Muito trabalho! E vamos continuar trabalhando, né?

Marcelo Miura: Tá certo. Bom, vocês que estão chegando agora, obrigado pela participação, por nos acompanhar aqui na nossa live, abordando os grandes problemas da cidade de São Paulo, especialmente em relação ao Córrego Tremembé, mais especificamente na vazão da jusante da Vila Nilo, que foi resolvido ali, como vemos nas imagens, antes era só quatro túneis, hoje nós temos toda essa abertura. Ou seja, toda essa área da Vila Nilo, Parque Edu Chaves, mais para trás e também do Jardim Cabuçu, e todos os bairros adjacentes foram beneficiados com as obras que foram realizadas ali pela abertura da vazão da jusante da Vila Nilo, abordando portanto esses problemas decorrentes aqui na Zona Norte de São Paulo, especificamente aqui na região da Vila Nilo. Obrigado por nos acompanhar, peço que vocês possam estar curtindo, compartilhando, já de antemão agradecendo a todos os que nos assistem aqui na nossa live. Agora são 20:36, e a você também, que posteriormente vai nos assistir on demand através das nossas plataformas digitais. Kamia-san, os últimos agradecimentos. Obrigado por nos trazer essa história e principalmente com o final feliz, né?

Ushitaro Kamia: Graças a Deus, tudo isso juntos nós podemos.

Marcelo Miura: Podemos! E inclusive, nós precisamos trazer um outro tema, que foi também realizado através das suas gestões, que é o antigo aterro sanitário da Vila Albertina, né?

Ushitaro Kamia: É, lixão de Vila Albertina. Deu muito problema. E nós vamos falar depois noutra oportunidade.

Marcelo Miura: Está certo. Durval, mais uma vez obrigado, viu? Por sua participação, pelo seu testemunho aqui, é de grande valia para a gente.

Durval de Azevedo: Tá ok.

Marcelo Miura: E obrigado a você que nos acompanhou, aguardo vocês numa próxima live. Fiquem na paz, tchau!

Ushitaro Kamia: Tchau! Obrigado!

(fim da transcrição) [00:18:10]

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