Itálico e negrito em transcrição de áudio
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Por que negritar palavras ditas com ênfase?
O uso de negrito para representar ênfases é um recurso criado pela www.TRANSCRICOES.com.br para permitir a sinalização de alterações no tom de voz ou no ritmo de fala quando alguém fala silabicamente, tentando frisar uma situação ou uma opinião, reforçando a palavra.
Por que usar comentários do transcritor?
Os comentários do transcritor, apresentado entre parênteses – “(qualquer comentário)” – é fundamental para sinalizar manifestações não expressas em palavras. Um suspiro, uma tomada de ar demonstrando impaciência, etc. São muitos os comentários, até mesmo “(silêncio)” pode significar algo em uma conversa.
Por que usar itálico em transcrição de áudio para representar palavras estrangeiras?
Palavras como digital e digital representam a mesma grafia mas significados diferentes são atribuíveis se subentendido como palavra estrangeira. É o caso da palavra padrinho e padrinho, como na cena que transcrevemos do filme O Poderoso Chefão (The Godfather).
Deixo a transcrição a seguir, onde usei negrito, itálico e comentários para tentar transmitir um pouco mais da situação dramática das cenas, embora de maneira incompleta. Foi um bom exercício.
(início da transcrição) [00:00:00]
(música)
Bonacera: Eu acredito na América. América fez a minha fortuna. Criei minha filha ao estilo americano. Dei liberdade a ela, mas eu a ensinei a nunca desonrar a família. Ela arrumou um namorado que não era italiano. Ela ia ao cinema com ele, chegava tarde, eu nunca reclamei. Há dois meses, ele a levou para passear com outro amigo. Eles a fizeram beber uísque e aí, tentaram abusar da minha filha. Ela resistiu, manteve a honra. Então, bateram nela, como a num animal! Quando eu fui ao hospital, o nariz dela estava quebrado, o queixo estilhaçado, preso com um arame! Ela não conseguia nem chorar por causa da dor. Mas eu chorei! Por que eu chorei? Ela era a luz da minha vida! Uma menina linda! Agora jamais vai ser linda de novo. (choro contido) Desculpe! (voz trêmula) (toma ar) Eu fui à polícia como um bom cidadão. Os dois rapazes foram julgados. O juiz os condenou a três anos de prisão e suspendeu a sentença. Suspendeu a sentença! E eles ficaram livres naquele mesmo dia! Eu fiquei no tribunal como um idiota. E aqueles dois safados sorriram para mim! Aí eu disse à minha mulher: “Para termos justiça, temos que ir ao Dom Corleone!”.
Dom Corleone: Por que você foi à polícia? Por que não veio a mim primeiro?
Bonacera: O que o senhor quer de mim? Diga qualquer coisa, mas faça o que eu estou implorando!
Dom Corleone: O que você quer?
(silêncio)
Bonacera: (sussurro)
(silêncio)
Dom Corleone: Isso, não posso fazer.
Bonacera: Eu pago o que o senhor pedir.
Dom Corleone: Nos conhecemos há muitos anos, mas é a primeira vez que vem a mim se aconselhar ou pedir ajuda. Não me lembro a última vez em que me convidou para tomar um café na sua casa, embora minha mulher seja madrinha da sua única filha. Mas, vamos ser francos, jamais quis a minha amizade, e tinha medo de ficar em débito comigo.
Bonacera: Eu não queria me envolver em problemas.
Dom Corleone: Eu entendo! Você achou o paraíso na América. Montou um bom negócio, tinha uma boa vida, a polícia te protegia, tinha os tribunais, não precisava de um amigo como eu. Mas agora vem a mim e diz: “Dom Corleoni, faça justiça!”. Mas você não pede com respeito, não oferece amizade, nem pensa em me chamar de Padrinho. Ao invés disso, vem à minha casa, no casamento da minha filha e me pede para matar por dinheiro.
Bonacera: Eu só peço por justiça!
Dom Corleone: Isso não é justiça, a sua filha ainda está viva.
Bonacera: Então, que eles sofram, como ela está sofrendo. Quanto eu devo lhe pagar?
(silêncio)
Dom Corleone: (suspiro) Bonacera, Bonacera! O que foi que eu fiz para que você me tratasse com tanta falta de respeito? Se tivesse vindo a mim por amizade, os pilantras que maltrataram a sua filha já estariam sofrendo neste instante. E, se por um acaso, um homem honesto como você fizesse inimigos, então eles seriam meus inimigos. E temeriam você.
Bonacera: Quer ser meu amigo? (silêncio) Padrinho?
Dom Corleone: Bom! Um dia, e esse dia talvez jamais chegue, eu vou pedir a você para fazer um favor para mim. Mas, até esse dia, aceite a justiça como um presente pelo casamento da minha filha.
Bonacera: Grazie, Padrinho!
Dom Corleone: Prego.
(tum) [00:06:36]
Dom Corleone: Eh… dê isso para o… Clemenza. Eu quero pessoas confiáveis, pessoas que não se deixem levar, não somos assassinos, apesar do que esse papa-defuntos diz.
(fim da transcrição) [00:06:55]