Dicas para fazer uma boa entrevista
A postagem Dicas para fazer uma boa entrevista sofreu duas atualizações devido à importância do assunto. As atualizações se dividem entre aspectos comportamentais do entrevistador e entrevistado, assim como aspectos técnicos relacionados à captação de som.
Dicas para uma boa entrevista.
Dicas para uma boa entrevista, quais são? A gravação depende de um bom equipamento, mas vamos lá. Vamos iniciar do começo, porque você merece uma informação legal. com este post pretendemos abordar vários assuntos e, depois, se surgirem mais dúvidas, escreva para contato@transcricoes.com.br e as tiraremos especificamente para você.
Primeiro: a entrevista.
A coleta de dados é feita por entrevista. Mas sua transcrição pode ser trabalhosa e cara. portanto, capriche e tire o máximo que você puder de seu entrevistado.
Existem três formas de conduzir a entrevista:
- A forma estruturada: com um questionário estruturado, você pode ir jogando as perguntas e o respondente irá responder. É o que acontece na maioria das entrevistas de mestrado ou doutorado, não me lembro de ter visto de outra forma. É do estilo “pá-pum”, pergunta e resposta. Às vezes as respostas levam 10 minutos, se o entrevistado for expert, o que não é incomum. (atualizado em 09/02/2016).
- A forma não estruturada: inicia-se com um relax para o entrevistado. Pede-se para falar sobre coisas de seu perfeito domínio (data de nascimento, onde nasceu, como foi a sua infância e falar um pouco da biografia). Tudo isso serve para relaxar o entrevistado, caso haja uma relação de assimetria social, econômica ou educacional. Pessoas comuns ou mais humildes ficam intimidadas, nervosas ou vão querer impressionar quando são entrevistados por mestrandos e doutorandos. Isso é nítido para nós transcritores-revisores. Muitas vezes podem não ser sinceras, principalmente em se tratando de autoavaliação profissional (atenção, pesquisador: procure amarrar com perguntas bem elaboradas para permitir que se descubram contradições, no que delegados e policiais são especialistas. Se conhecer algum policial, vale a pena). No caso de especialistas, o rito de relax pode ser dispensado, pois estamos falando de igual para igual. (atualização em 09/02/2016). Mostre-se bastante cortês e receptivo às informações do falante. Após o que, conduza a entrevista pegando os pontos mais tranquilos da sua pesquisa e deixe a pergunta mais importante normalmente para o terço final da entrevista (localizado entre os 20 minutos finais se sua entrevista estiver para durar uma hora). A forma não estruturada é recomendada para pesquisadores experientes, não se arrisque a não ser que seu orientador tenha sido bem informado. Nas não estruturadas, aparecem surpresas e o tema pode fugir. Tenha sempre em mente o tema central.
- A forma semiestruturada: é a intermediária. Lembre-se de sempre estar ligado ao tema central. Na sua tese de mestrado ou doutorado você levantou hipóteses e está defendendo uma tese para afirmar no final que chegou a determinada conclusão baseado em tais e tais evidências.
O tema central.
Esteja concentrado e preparado, o entrevistador quando é muito falante, você pode se perder. As pessoas, de uma forma geral, adoram conceder entrevistas, elas se sentem importantes ou de alguma forma valorizadas com a sua presença. A não ser que sejam celebridades, elas vão adorar conversar com você. Muitas vezes, porém, pequenas “maionesadas” podem ocorrer, os entrevistados podem divagar e caberá a você, com muita delicadeza, voltar ao tema central.
No processo de comunicação, não deixe o entrevistado assumir o controle da conversa. Lembre-se que quem faz as perguntas normalmente tem o domínio da conversação. Isso é importante.
Treine seus olhos, o corpo fala.
Por cerca de 40 reais você encontra o livro O corpo fala. Você pode encontrá-lo na Saraiva, por exemplo: “O Corpo Fala – A Linguagem Silenciosa da Comunicação Não-verbal” tenta desvendar a comunicação não-verbal do corpo humano. O livro é indicado para profissionais de qualquer área, ou seja, para todo o ser humano.
Nele você vai perceber – é covardia – que a linguagem não-verbal é muito poderosa. Como entrevistador, você vai notar que é superdivertido. Serve também para avaliar eventuais potenciais namoricos. Uma das dicas é: fuja dos braços cruzados ou posição de linguiça onde a espinha se dobra não para sua direção em ‘C’, mas a barriga do ‘C’ fica apontada para você.
Treine seus ouvidos, o silêncio grita.
Tremores na voz, micropausas sonoras ou não… tudo na comunicação oral pode ser atribuído à alguma emoção. O momento em que se fala, o cérebro consciente não consegue acompanhar o inconsciente. A fala trunca, muda de assunto, não há tempo de se editar como quando se escreve. Então, prestar atenção às sutilezas de escuta pode ser importante. Um sim pode dizer não e um não pode dizer sim.
Como conduzir uma entrevista econômica.
Discuta com o seu professor orientador se você pode dar aquele momento de relaxada com o seu entrevistador antes de começar. Normalmente um bate-papo sobre amenidades ou sobre os objetivos de seu trabalho pode ser interessante. Em outros momentos, o fator surpresa da pergunta pode ser o próprio objetivo.
Deixe o gravador desligado ao alcance da visão do entrevistado. Ele pode se inibir no começo, mas quando você sentir que ele está relaxado (tanto na voz como nos gestos), é o momento em que você conquistou a confiança dele. Aí estamos prontos para iniciar a gravação.
Peça licença e a partir dali grave.
Informações confidenciais.
Algumas faculdades exigem que se fale do Código de Ética (aquele papo de que tudo será confidencial, uso somente para fins acadêmicos) e que isso esteja gravado. Outros não se importarão com isso desde que você tenha o documento assinado. O que você puder deixar fora da gravação vai lhe sair mais em conta a transcrição.
Posição do gravador.
A posição do gravador é um aspecto físico importantíssimo na entrevista. Ter familiaridade com o aparelho e seu funcionamento pode lhe evitar momentos embaraçosos. O pleno domínio sobre o equipamento e sua funcionalidade demonstra preparo profissional para o momento da entrevista.
Entrevistas individuais, posição equidistante.
A distância entre você e o gravador deve ser preferencialmente igual entre o gravador e o entrevistado. E você não precisa de uma fita métrica para isso. Basta calcular mentalmente o seguinte: a distância entre você e o gravador deve ser de até um metro (ou um braço e um terço, aproximadamente), sendo essa a distância entre o entrevistado e o gravador. Se puder ser de um braço, é melhor.
Distância de ruídos e líquidos
Mas o melhor de tudo é quando o gravador está mais perto do entrevistado do que do entrevistador. De preferência mais longe da porta que é por onde entra o som ou o garção com café ou a água e costuma servir os presentes. Mantenha seu gravador longe de fontes de ruído e de líquidos. Eletrônicos apresentam aversão a líquidos.
Posição do gravador para entrevista de grupo focal
Em grupos focais, recomendamos fortemente um formato de círculo. Deixe o gravador no centro. De preferência use o gravador que recomendamos. Ele já foi exaustivamente testado e aprovado em entrevistas com 6-8 pessoas, em ambiente interno sem ruído, ou sala de reunião com janela aberta voltada para a rua, ou ainda em ambiente externo com cachorros latindo. Em todos eles a gravação das vozes saiu nítida.
Gravando uma discussão em grupo.
Com um pequeno investimento (50 reais) você pode comprar alguns microfones e dividir o sinal , ou pedir que as pessoas se aproximem e fiquem a uma distância de cerca de 1 a 1 metro e meio do gravador. O sinal de microfone pode ser dividido usando um plug de 5 reais. Saiba como. (09/02/2016)
Que equipamentos usar?
Finalmente, entre as dicas para uma boa entrevista (09/02/2016), por favor, não esqueça: domine perfeitamente seu equipamento, teste várias vezes até ter total domínio do equipamento de gravação.
Saia de casa com o celular carregado e memória suficiente, ou invista num gravador bom e barato. Nossa dica é o Gravador de Voz Digital Sony Icd-px312 – 2gb, Usb Mp3. Ele pode ser uma solução interessantíssima.
Vídeo adicionado em 09/02/2016
Não se esqueça de deixar o seu celular no “modo avião” ou tire o chip, pois a gente que transcreve sabe que a voz do entrevistado se altera logo depois que você atende um telefonema.
Se foi difícil marcar a entrevista, grave com os dois por segurança. Já ouvi falar sobre casos em que se derrubou café ou água ou suco, algum líquido qualquer, durante a entrevista. Ter dois equipamentos gravando a mesma entrevista, isso pode causar uma ótima impressão ao entrevistado. De repente é uma entrevista de algum alto executivo e quem sabe não surge uma oportunidade de emprego?
Diferença entre gravação de celular e gravador de voz.
Existe uma grande diferença entre gravações feitas a partir de smartphones e de gravadores de voz? Sim. E a diferença é a função do microfone projetado para cada um deles. Analisando as ondas sonoras em nosso software editor de som, notamos que o nível de ruído gravado por um celular é menor do que a de um gravador de voz.
Isso ocorre pela função do microfone. O celular foi projetado para privilegiar as vozes perto dela e isolar fontes externas, pois sua função é transmitir uma fala. O gravador tem um microfone próprio para captar ondas sonoras mesmo distantes. É surpreendente a diferença do nível em decibéis captados à medida que distanciamos o celular da fonte de som. Ela vai expoencialmente a partir de 0,5 metro, enquanto o equipamento Sony captou e não houve diferença.
Assim, para entrevistas simples (envolvendo ao todo até três falantes) podem ser gravadas com um bom celular, enquanto os grupos focais se recomenda usar equipamento próporio. (fim da atualização de 25/07/2016).
Sinais de que o entrevistado está cansado.
Os principais sinais de que o entrevistador está cansado podem ser percebidos pelo transcritor mais atento. A existência de suspiros, mudanças na modulação de voz, frases como “mas eu já disse que”… “como eu já mencionei”… etc., ou algo nesse sentido, mostram certa impaciência ou até mesmo irritação com o tempo de duração da entrevista, ou o assunto. Algumas perguntas não serão respondidas, e convém repetir a pergunta apenas uma vez, para não se indispor com o entrevistado. (atualizado em 09/02/2016).
(início da atualização de 25/07/2016)
Elementos de uma boa entrevista
A experiência de ter revisado várias entrevistas de nosso público acadêmico nos fez notar algumas ocorrências que achamos importante compartilhar. Não consultamos nenhuma fonte ou bibliografia, estas são anotações e interpretações que podem estar com viés. Estamos abertos às críticas e comentários.
Entrevistador e pesquisador, papeis diferentes
Quando o pesquisador titular sai a campo fazer entrevista, ele é o pesquisador trabalhando na entrevista. Quando seus colaboradores saem para fazer o trabalho, eles são entrevistadores. É essa a premissa que estabelecemos.
Nossa legenda de participantes reflete isso, identificamos “P” para perguntas, pois nem sempre é o pesquisador que faz as perguntas. Já “R” é para o respondente principal e “R2”, “R3″… para respondentes secundários, e “M” ou “F” para vozes masculinas ou femininas não objetos da pesquisa.
Participantes
- P: Perguntas
- R: Respondente
- F: Voz feminina
- M: Voz masculina
Quando o entrevistador não é o pesquisador
Há diferenças perceptíveis na abordagem do mesmo questionário quando o entrevistador não é o próprio pesquisador. Este é apenas um registro de ocorrências sobre nosso trabalho de revisar centenas de transcrições de entrevistas acadêmicas. Primeiramente vamos nos concentrar na situação de um único respondente para um ou mais entrevistadores. Oportunamente passaremos à apresentação das situações encontradas com o pesquisador-entrevistador.
Entrevistador único e respondente único (1P1R)
É a situação mais comum. Neste caso, a familiaridade do entrevistador com o questionário vai desde a escala “nada familiarizado” até “muito”. Essa familiaridade pode ser adquirida com o tempo e notamos esse crescendo durante as entrevistas.
Entrevistadores para respondente único (2P1R)
Quando há mais de um entrevistador para um respondente (2P1R ou 3P1R) há diferentes situações. Normalmente ocorre quando há a tentativa de passar ‘know-how’ de alguém com maior senioridade para os menos experientes como se fosse uma tutoria.
Familiaridade com o questionário e a pesquisa
Notamos um variado grau de familiaridade e preparação do investigador que sai a campo. Os entrevistadores de um mesmo grupo de pesquisa demonstravam maior ou menor grau de segurança ao conduzirem a entrevista. Talvez seja uma característica pessoal de timidez, mas mesmo os pesquisadores com características acentuadas de timidez (pelo tom de voz e outros indicadores) demonstravam segurança quando familiarizados com o conteúdo do questionário e da pesquisa.
Entrevistadores pouco ou nada familiarizados com o questionário
As entrevistas que ocorreram nas situações de “pouco” ou “nada familiarizado” com o questionário, notamos que houve pouca interação entre os falantes. Era um pergunta-resposta-pergunta-resposta, onde o entrevistador somente se ateve às perguntas, sem condições – ou com poucas – de analisar as respostas e dar o complemento que nos parecer que seria mais adequado à pesquisa.
Entrevistadores muito familiarizados com a pesquisa ou o questionário.
Entrevistas que ocorreram nas situações de “muito” ou “bem familiarizados” com o questão fluíram melhor e houve maior interação entre os falantes. Pontos conflitantes ou que precisavam de maior esclarecimentos foram abordados e a entrevista tendeu a ser mais longa que os entrevistadores “pouco ou nada” familiarizados.
Criar familiaridade com a pesquisa
Ao que nos pareceu, a familiaridade com o assunto da pesquisa enriqueceu as entrevistas, que são um dos últimos estágios de uma pesquisa acadêmica. Assim, se houve pouca interação entre os falantes por baixa familiaridade, a criação de uma reunião prévia entre o pesquisador e seus entrevistadores detalhando o objetivo de cada pergunta parece ser recomendável.
Uma pesquisa piloto envolvendo os entrevistadores também pode ser uma abordagem interessante. Enfim, aumentar o contato com a pesquisa e sua familiaridade fazendo um treinamento para identificar as forças e fraquezas individuais de cada entrevistador colaborador talvez seja uma menina boa forma de minimizar os vieses que ocorrem para cada entrevistador.
A senioridade dos pesquisadores influi na da conversa
Pesquisador é entrevistador de primeira viagem
Foi possível presenciar o mesmo fenômeno de um crescendo em familiaridade nos pesquisadores de primeira viagem. Ao final de uma série de entrevistas, o pesquisador foi adquirindo confiança e interagindo mais nas últimas do que na primeira, deixando até mesmo o questionário de lado nas finais. À medida que o pesquisador avança em suas entrevistas de campo vai traçando um mapa mental e elabora inconscientemente um roteiro da entrevista no último conjunto de entrevistas, normalmente o último quartil.
Pesquisador é entrevistador de várias horas de voo
Raros foram os pesquisadores que adotaram um questionário estruturado. Eles mais se baseiam em um roteiro e na interação. As perguntas variam de entrevista a entrevista, mas o assunto é central. Questões interessantes surgem que não foram abordadas em outras entrevistas, e elas são feitas quando um ponto diferente foi falado pelo respondente. Em outros casos, houve também um crescendo em entrevistas de complexidade, onde cada entrevista foi feita com um longo intervalo de tempo, talvez por dificuldade em marcar os encontros, talvez pela própria dinâmica da pesquisa ou do pesquisador.
Os entrevistadores “chatinhos”
Não consegui achar outro adjetivo mais delicado que não o de “chatinho” para o título. E é mais ou menos isso que acontece. Algumas entrevistas são tediosas de transcrever quando há entrevistadores chatinhos.
Entrevistador sabe-nada
É o mais fácil, mas é mais insosso transcrever uma entrevista conduzida por um sabe-nada. Os intervalos sem fala são maiores. E a gente se pergunta “mas o que esse entrevistador está fazendo aí? Melhor enviar o questionário por e-mail.”
Entrevistador sabe-tudo
O próprio entrevistador (seja ele também o pesquisador) faz as perguntas e as responde, num aparente conhecimento superior ao respondente. As interrupções podem ou não ser constantes, mas o direcionamento das respostas acaba ocorrendo quando o respondente está claramente falando algo importante quando é interrompido para um assunto de menor importância.
Entrevistador interrompe-toda-hora
São pessoas experientes em pesquisa de campo, mas que tem a característica de interromper os outros, onde a transcrição tende a sair com maior número de truncamentos e sobreposição de vozes, também previstos na nossa legenda de transcrição.
- … – micropausa ou interrupção ou alongamento vocálico.
- (…) – demonstração de corte em trechos não relevantes.
- (inint) – palavra ou trecho que não conseguimos entender.
- (palavra 1 / palavra 2) – hipótese de palavra e/ou hipótese fonográfica.
- ((palavra)) – comentários da transcrição ou onomatopeias.
Nos comentários o “((silêncio))”, o “((sobreposição de vozes))” e a presença de “…”, que são também sinalizadores de interrupções de fala são mais frequentes.
Dicas para amenizar pontos negativos da entrevista
Ouça as entrevista durante o seu trajeto de volta para casa, ou de volta para a universidade. Convém que se faça uma análise do comportamento do entrevistador de campo (que pode até ser você mesmo). Mande transcrever imediatamente e faça a análise da transcrição assim que possível.
A Transcricoes.com.br recebe e transcreve áudios à medida que vai os recebendo, pois o valor é pré-pago. A partir de 4 dias úteis para prazo de entrega traz o melhor custo-benefício.
Não deixe as entrevistas para a última hora da pesquisa
Fazer entrevistas-piloto com colegas de classe, familiares e amigos antes de partir para o campo podem lhe trazer benefícios ao oferecer a oportunidade de melhorar sua familiaridade com o questionário como também com as dúvidas que vão surgir. Entrevistar é como uma maratona e precisa de preparação.
Simplifique as perguntas, divida, tente encurtar as frases
Nesse teste faça um esforço para simplificar as perguntas. Revisei pesquisas em que as perguntas rebuscadas atrapalhavam o respondente. Eram frequentes o “desculpe. Pode repetir?”, ou “Não entendi a sua pergunta”. Algumas perguntas, só adivinho para saber o que o pesquisador quis dizer e está pesquisando, de tão complicadas e compridas.
As perguntas não devem deixar dúvidas ao respondente
Lembre-se que o seu questionário é um complemento-chave à sua pesquisa e portanto precisa ser muito bem elaborado para ser claro, não deixar dúvidas ao respondente quanto ao que está sendo proposto esclarecer.
Anotações sobre entrevistas de pesquisadores mais experimentados
Anotamos alguns destaques de pesquisadores mais experientes (pessoas mais seniores na educação, normalmente pósdocs).
A entrevista flui como uma conversa, um talk-show estilo Jô Soares
Há a criação um clima de confiança e no início há o agradecimento ao respondente pelo tempo que está sendo dispendido com você. Notamos que há diferenças entre agradecimento e bajulação, o agradecimento cria confiança, a bajulação nem sempre. Você está sendo ajudado pela pessoa que topou dar uma entrevista sem ganhar nada. Então, o mínimo é agradecer pelo conceder da conversa.
Explanação geral da pesquisa
Há uma explanação geral da pesquisa, algo como um sumário. “Minha pesquisa tem por finalidade tal assunto, e o objetivo é responder a uma questão mais ampla”. Não é necessário detalhar muito, mas fazer um sumário executivo do que se pretende é frequente. Por exemplo, “estou fazendo uma pesquisa sobre condições de trabalho dos músicos que trabalham fora do Brasil ” por exemplo.
Uma pequena biografia
Inicia-se invariavelmente com o pedido de uma pequena biografia da pessoa, que é um assunto familiar ao respondente. Isso causa uma desinibição. Demonstre interesse, mas procure não se alongar muito no assunto. É o suficiente apenas para a pessoa se sentir mais à vontade e você colher os dados como idade, de forma mais delicada. Perguntas indiretas “me fale onde você nasceu, com quantos anos terminou o 2º grau e começou a faculdade”, por exemplo. São formas indiretas de conseguir a idade e outros dados sem ferir a pessoa. “Ah, você era nova quando terminou a faculdade”. E pronto, você tem a faixa etária da pessoa sem ter perguntado a idade.
Do geral para o específico, a evolução das perguntas
As perguntas vão do geral ao específico. Nas entrevistas piloto considere diminuir o tempo da entrevista o máximo possível, se estiver no ambiente de trabalho da pessoa. Se estiver em sua residência, o tempo pode ser maior. Trace um plano ‘B’ para cada situação que achar que vai encontrar. Isso só é possível com a ajuda de seu orientador. Alerte quando você chegar à metade da entrevista.
Notar os sinais de enfadonho do entrevistado
Não deixe de notar os sinais de cansaço do entrevistado, ou mesmo de estar respondendo à mesma questão pela segunda vez. Frases como “eu já disse”… “como eu falei para você no início da nossa conversa”… pois questões centrais podem ter sido já respondidas.
Ao final, deixe espaço para os comentários do respondente, deixe livre para as sugestões e opiniões referentes a isso ou qualquer outra consideração.
Não deixe de enviar a transcrição da entrevista ao respondente. Para isso é necessário alertar no começo da entrevista que haverá um profissional de confiança transcrevendo para você. Isso deve ocorrer no início de sua entrevista. Faça seu agradecimento final sincero.
Dois gravadores no mínimo
Os pesquisadores mais experientes levam dois gravadores, um para saber qual gravou melhor e outro por questão de ter por backup mesmo. Sugerimos levar um gravador próprio pois sua captação de som é melhor do que a do celular que tem sido o mais comum que temos recebido.
Conclusão
As entrevistas-piloto com seus amigos e seus familiares pode trazer a oportunidade de lapidar o questionário e garantir que suas questões estão facilmente inteligíveis. O principal benefício talvez seja que essa experiência proporcione mais segurança no manejo do gravador, como manusear os APP de gravação e saber quando o gravador está gravando ou não. Verifique o nível de energia e leve pilhas extras. Ser paranoico na hora da entrevista para registrar é benéfico pois mostra que houve preparo profissional do entrevistador para a gravação.
Por hoje é só, amigos, até a próxima postagem.
Link para gravar em ambiente com ruído, use o decibelímetro.
Link para instalar decibelímetro testado e aprovado por nossos técnicos.