Desculpe a transcrição ruim, era um áudio péssimo
Desculpe a transcrição ruim, era um áudio péssimo. Nem sempre a gente consegue pegar um áudio ótimo e cristalino. Agora, quando o áudio é péssimo, temos o bom senso de deixar de lado. Se distribuímos, é porque sabemos que é possível fazer. Qualquer ruído de fundo, uma gravação abafada, acontecem. Faz parte.
Desculpe a transcrição ruim, era um áudio péssimo.
Outro dia recebi uma transcrição horrorosa. Tem adjetivo mais forte que “horroroso”? Normalmente uma transcrição horrorosa vem com um pedido de desculpa esfarrapadamente antecipado. Algo como: “a transcrição não saiu boa porque o áudio estava ruim, tinha sotaque diferente” etc. etc. etc. etc. etc. etc. etc.
Quando recebo uma transcrição com uma mensagem assim, já preparo meu coração para o que vou encontrar. Mas jamais subestime a capacidade de os outros o decepcionarem, tenha sempre em mente que existem pessoas mais do que prontas para atirar lama na profissão de transcritor.
Veja como veio essa tal transcrição ruim com o tal “áudio horrível”, tudo isso em um arquivo. Foi uma das piores transcrições que vi na minha vida. E a pessoa bate no peito e fala “tenho OITO ANOS de experiência”, fazendo questão de enfatizar, isso à época dos fatos. Nada justifica um relaxo desses. Vejam só os erros que ocorreram, TODOS em uma só transcrição. Menos de 17 por cento das linhas estavam corretas.
- palavras sem acentuação gráfica;
- espaços duplos frequentes;
- ausência de pontuação;
- ausência de lógica gramatical;
- supressão de trechos inteiros (trapaça total);
- palavras grudadas a sinais de pontuação anteriores (tipo assim,assado .);
- palavras trocados de ordem;
- trechos trocados ou invertidos;
- falta de pesquisa na internet (nomes, ou assuntos);
- siglas transcritas como ininteligível ou de qualquer jeito;
- e outras ocorrências.
A quem o transcritor com um trabalho imundo e encardido está querendo enganar? Qualquer bom supervisor sabe reconhecer quando alguém entrega uma caca sem qualquer cuidado. Um trabalho porco. De gente porca. Schwein.
Muitas vezes isso acontece da tentação da ganância de achar que está perdendo tempo, tem que dispensar logo aquele “áudio horroroso”. OU ainda achar que o revisor “não vai pegar”, porque pensa que o revisor é tão porco quanto é o trabalho do transcritor picareta, piratão de marca falsificada. Já viu isso? Falsificação de produto pirata?
É aí que se destacam os esforçados dos vagais, é onde o trigo é separado do joio.
Não adianta mentir.
Acho estranho quando a pessoa diz que não tem serviço, está parada por falta de serviço.
Certo, já acontece. Mas após três a quatro dois a três anos de atividade, penso que compreendi uma verdade. E a verdade é que não é você quem deve ir atrás de trabalho, mas o trabalho virá atrás de você quando você fizer um bom trabalho.
Sem reclamar de áudio. Sem reclamar de ninguém. Aceitar a preciosa orientação do cliente ou do supervisor que “briga” com você. Entender a necessidade do cliente. Fazer cada centavo do cliente valer a pena.
Se o cliente não for flor que se cheire, dispense da maneira mais gentil que puder, porque não adianta, tem gente intragável. Deixe de responder e pronto, tem gente abusada ou desrespeitosa que não merece você perder seu tempo com elas.
CASO: um potencial cliente achou que eu não devia cobrar sinal sobre o trabalho a ser executado. Isso é praxe. Começou a implicar comigo, querendo meu telefone, “porque VOCÊS sempre pedem o número da gente, mas nunca dão o de vocês”… etc. etc. Ora, que disparate, o nosso telefone está no site. Outra, que ele achava um absurdo pagar primeiro para receber depois. E a pessoa NEM tinha o áudio na mão, ia fazer a gravação ainda. Dispensei no terceiro e-mail malcriado dele, informando ter perdido interesse pelo JOB. Aí a educação voltou. Agradeceu e pediu que eu ficasse à vontade. Sim, ficamos muito à vontade para dispensar chatos.
CASO2: Esse aconteceu este ano (2016). Houve uma morte na família e tive que viajar. Avisei aos clientes que iria estar ausente, mas combinado com um supervisor da rede que me ajudou assumindo os projetos. Desse cliente, eu não vi problema pois a entrega ocorreria no dia 15 (segunda) sendo que domingo, dia do falecimento, foi dia 14. Resultado, domingo para segunda passei em vigília. O pior que choveu, alagou o caminho, o enterro atrasou no cemitério e cheguei em casa 22:00. Deixar para o dia 16 – terça-feira – não seria tão ruim. Não é que no velório o cara começou a enviar e-mail e recado no zap-zap e tudo o mais? Achou que eu estava mentindo e enrolando. E queria que queria até as 23:59 do dia 15 (segunda) porque foi prejudicado, tá-tá-tá. Nesse caso, o que você faria? Pois é. Fiz o que você pensou.
Tem cliente terrível, tem transcritor idem.
A mesma coisa acontece com transcritores. Neste caso, há aqueles que não são ensináveis, não são maleáveis, não adianta regar, vai proliferar uma erva daninha que vai ficar estragando o seu jardim, achando que tem direitos sem ter deveres.
Tem gente naturalmente boa, esses dá vontade de ajudar de alguma forma. Mas a melhor forma de ajudar semoventes é deixar o mundo dar uma surra nelas. Aí, quem sabe?
O pecado imperdoável aqui em nosso esforço de fazer um bom trabalho, desde que o cliente aceite nossas condições, é combater a nossa própria má tendência de relaxar. Isso é intenso em cada linha, em cada palavra transcrita. É caprichar no esforço de entender o que está sendo ouvido no áudio sem inventar, sem cortar e sem deixar de entregar um trabalho esteticamente agradável.
Para um mau profissional, qualquer áudio fora do comum é ruim. Mas isso não lhe dá o direito de ser relapso, cometer desídia.
Dica de ouro: às vezes o áudio pode vir ruim. Esses dias um amigo meu me enviou um áudio realmente difícil. Estava praticamente inaudível. Para tais casos, recomendamos o software Wave Pad que pode ser encontrada no seguinte link: www.nch.com.au. (testado em 02/07/2014 e atualizado em 24/08/2014 e reatualizado em 21/03/2016).