A dialética negativa segundo Olavo de Carvalho
Existe uma guerra de narrativas entre a Direita e a Esquerda que se acentuou muito no Brasil depois que Bolsonaro foi eleito. Inconformado, o PT de Lula continua se debatendo enquanto o filósofo Olavo de Carvalho faz o que fez nos últimos 30 anos: alerta sobre a dialética negativa a que o Brasil foi exposta depois que a estratégia de revolução cultural de Antonio Gramsci chegou ao país após 1960 e lentamente foi dominando universidades e a mídia em geral. Esta transcrição tem por finalidade facilitar o estudo do discurso de Olavo de Carvalho, permitindo uma visão mais clara, pois as pessoas são treinadas mais a ler do que a escutar quando estudam algo. Com isso www.TRANSCRICOES.com.br espera contribuir para um saudável debate. Conhecer as ideias tanto da Esquerda como da Direita, assim como as suas narrativas pode ajudar o leitor a se situar melhor.
Palestra de Olavo de Carvalho em Miami
O Foro de São Paulo, Museu da Diáspora Cubana em Miami.
É uma grande alegria estar aqui, agradeço muito este generoso convite. Especialmente me alegra estar aqui na presença de pelo menos três (…) heróis da América Latina, são o Pérez Antunes, o Coronel Plazas e Armando Valadarez, cujo livro eu li mais de 20 anos atrás e que teve uma influência muito grande na minha vida. Agradeço muito ao Instituto e ao Museu por essa oportunidade.
Muito bem. O nosso assunto, ele tem várias portas de entrada possíveis, pode-se entrar nesse assunto por várias vias.
E vou aproveitar uma coincidência aqui hoje, um rapaz, um repórter do New York Times que está ali atrás me perguntou por que é que tipos como eu e Bolsonaros somos frequentemente chamados de fascistas.
A origem do Fascismo
Então, vamos entrar pelo lado do Fascismo. Qual é a origem do Fascismo? Ele começa por volta de 1910, com uma discussão interna no movimento socialista italiano. E com – vamos dizer – uma cisão do movimento socialista, baseada na teoria enunciada por dois grandes teóricos do Fascismo que se chamava Enrico Corradini e Alfredo Rocco. Rocco – se bem me lembro – depois veio a ser ministro do Governo Mussolini.
E eles tinham uma teoria de que o sujeito agente, a força principal da revolução mundial, não podia ser a classe proletária e aliás não podia ser nenhuma classe social, porque as classes sociais estavam condicionadas e circunscritas aos seus países ((enfatizou)) de origem. Não havia, por exemplo, proletário internacional. Proletário internacional era apenas uma maneira de dizer. Mas se o proletário italiano saísse dali e fosse para a Alemanha, ele não seria um proletário na Alemanha, ele seria um mendigo. Então, a condição de proletário é uma condição nacional.
Então, eles pensaram: se queremos uma revolução mundial, o sujeito ativo dessa revolução não pode ser a classe proletária, não pode ser nenhuma classe; somente a Nação ((enfatizou)) pode ser o agente da revolução mundial.
Então, a ideia de nações revolucionarias, ou seja, nações proletárias contra nações burguesas, ou nações exploradas contra nações exploradoras, essa foi a origem do Fascismo.
Se vocês observarem bem, vocês verão que depois da Segunda Guerra, esta estratégia foi adotada por todo o movimento comunista ((enfatizou)) mundial. O movimento terceiro mundista criado por Stalin, não é nada mais do que isto. Se pegarmos a história do Partido Comunista Brasileiro, por exemplo, vocês vieram aqui a partir da Segunda Guerra, já na época do Governo Getúlio Vargas, a estratégia era a união, a aliança entre o proletariado e a burguesia nacional contra o Imperialismo. Então, é a nação proletária contra a nação capitalista e imperialista.
E isso foi adotado em todo o mundo ((enfatizou)). E isto é a mesma coisa que dizer que o movimento comunista internacional, depois da Segunda Guerra, se transformou num movimento fascista internacional.
E é por isso mesmo que eles xingam os seus adversários de fascistas para ocultar a realidade da sua ((enfatizou)) própria política.
O início do movimento comunista
Se pegamos desde o início do Movimento Comunista, com Karl Marx, nós veremos que sempre todo o mal e a violência, a criminalidade que estavam intrinsecamente associado a esse movimento, eram justificadas em função de fins ((enfatizou)) a que essa violência e esse mal deveriam servir, de maneira que o Mal serviria ao Bem. Como se diz, “o fim justifica os meios”.
Então, por exemplo a revolução proletária e todo o sangue que derramasse, como derramou na Rússia e em outros lugares, se justificaria em função de um futuro de liberdade e prosperidade para o proletariado.
Isso jamais se realizou, evidentemente.
Como jamais se realizou, então foi preciso mudar o discurso. Passamos da revolução proletária para a revolução das nações exploradas contra as nações exploradoras.
Porém isto também ((enfatizou)) não se realizou.
As nações ditas exploradas que se revoltaram contra o Imperialismo, tiveram sob o regime socialista, sob o regime, vamos dizer, revolucionário, uma sorte muito ((enfatizou)) mais miserável ((enfatizou)), desgraçado, do que tinham antes.
O exemplo de Cuba
Cuba, por exemplo, era a 4ª economia da América Latina e agora é a 27ª economia, alguma coisa assim. Quer dizer, Cuba se desgraçou a si mesma, buscando, sob o pretexto de libertar-se do Imperialismo, ela se desgraçou.
Eu acho muito engraçado quando dizem que a culpa da miséria cubana é por causa do bloqueio. É porque os Estados Unidos não comerciam com Cuba.
Mas antes da Revolução, a desgraça não era justamente o fato que os americanos comerciavam com Cuba? Então, eu não sei então, se o Imperialismo atrapalha mais pela sua presença ou pela sua ausência. Antes reclamavam da presença, agora reclamam da ausência.
Então, tudo isso aí, claro, são pretextos meramente verbais, é só uma tagarelice sem sentido.
A Escola de Frankfurt
Porém, entre os anos 1950 e 1960, as pessoas mais inteligentes que havia no movimento comunista, que era um grupo de filósofos alemães, filiados ao que chamava Instituto de Pesquisas Sociais, também chamado como Escola de Frankfurt, começaram a perceber que as grandes contradições e conflitos do Capitalismo estavam se dissolvendo.
Então, o proletariado, por exemplo, já não podia ser a grande força revolucionária porque ele tinha sido absorvido pelo Capitalismo e estava servindo ao Capitalismo.
A condição de vida do proletariado tinha melhorado muito, quer dizer, estavam prosperando em toda parte, e eles estavam se sentindo muito bem no Capitalismo e não queriam fazer revolução nenhuma.
As nações exploradas também viviam praticamente da ajuda dos seus exploradores, como a própria Cuba. Cuba vivia do dinheiro americano.
Eu acho que saiu o dinheiro americano, antes reclamavam que o dinheiro americano estava lá, agora reclamam que não está mais lá.
Então, eles falaram: “As contradições todas acabaram, então, como é que nós vamos destruir o Capitalismo se não há contradições internas nele que nós possamos explorar?”
Então, esses filósofos, no caso o chefe, vamos dizer, o fundador disso aí foi o filósofo húngaro Gyorgy Lukacs, mas os outros eram todos alemães, Max Horkheimer, Theodore Adorno, todos eles.
Então, eles formularam um problema assim, já que no Capitalismo não há mais contradições econômicas que nós possamos explorar, e entre as nações ricas e pobres também já não há aquela contradição que havia antes. O que é que nós podemos explorar como mecanismo destruidor do Capitalismo? Que contradição interna nós podemos encontrar dentro dos países capitalistas que nós possamos explorar para destruí-los?
E eles criaram então, o que se chamou dialética negativa.
O que é a dialética negativa?
Dialética negativa consiste apenas em encarar tudo ((enfatizou)) que existe sob o aspecto negativo e encarar o lado de mau, de exploração, de crueldade que existe em tudo, todas as relações humanas possíveis ((enfatizou)), relações que tanto pode ser abarcar a sociedade inteira, quanto podem ser relações pessoais, por exemplo relação entre marido e mulher, pai e filho, professor e aluno e assim por diante.
Eles começaram a enxergar o mal e me tudo ((enfatizou)), tudo, tudo.
E acreditavam – com razão – que com isso estavam realizando um programa que Marx havia enunciado, mas jamais realizado, e que Marx definia como “a crítica radical de tudo quanto existe”.
Note bem, não se trata de criticar a Economia Capitalista nem os países imperialistas, mas tudo ((enfatizou)) quanto existe.
Então, você critica o casamento, a educação, a amizade, a economia, o trabalho, a lei, a moral, tudo, tudo, tudo ((enfatizou)) é ruim; tudo é demoníaco.
Judeus fugidos da Alemanha criticam os seus benfeitores
E eles se dedicaram a esse trabalho durante 40 ou 50 anos, por exemplo, quando muitos deles eram judeus que fugiram da Alemanha. Com justa razão fugiram da Alemanha porque seriam mortos lá.
Chegaram nos Estados Unidos, eles receberam aqui os melhores empregos, prêmios, eram paparicados e aplaudidos todos lá, e eles escreveram livros dizendo que a sociedade americana era exatamente a mesma coisa que a sociedade alemã.
((silêncio))
Você vai dizer: “eles são loucos”? Não. Eles são simplesmente os autores da dialética negativa, eles veem tudo ((enfatizou)) pelo lado mau, inclusive as melhores coisas que existem.
Ora, quando você se torna o crítico radical de tudo quanto existe, você se colocou acima ((enfatizou)) da realidade existente. Toda a realidade é má e você é o crítico que a examina, analisa e condena.
Automaticamente, você está colocado acima ((enfatizou)) da realidade, acima do Universo, não acima desta sociedade onde você vive; mas acima do universo inteiro.
Só que, um momento, em que é que você se transformou? Você virou Deus?
Que você está acima.
A origem de um demônio
Não, porque Deus está acima de fato, mas Deus não criou o mundo para criticar o mundo, e sim, para salvá-lo. Ou seja, você, quando se torna o crítico radical de tudo quanto existe, você se transformou no demônio.
E o demônio evidentemente está livre de todas as obrigações humanas, o demônio só tem direitos, e o direito dele é fazer o mal contra aquilo que é mau. Como tudo é mau, ele pode fazer o mal contra tudo, e ele jamais será condenado e nem acusado.
Veja, isto quer dizer que esta política esquerdista hoje, ela tem sobre o seu público, especialmente o público jovem, um tipo de atrativo que é completamente diferente da que tinha antes.
Antes tratava-se de fazer o mal em nome de um bem. Agora não se precisa mais o do bem. Agora o mal é em si mesmo uma superioridade.
Ou seja, tão logo você aderiu a esta política, você está acima da humanidade; você jamais ((enfatizou)) é submetido a exame, você é o examinador, você é o julgador e você é o carrasco que vai destruir tudo e você jamais será examinado.
O veneno contra o envenenador: o Professor Theodore Adorno teve um dissabor
Veja, aconteceu um fenômeno, fato singular muito significativo. Após ter jogado milhões de jovens contra seus pais, contra seus professores, contra a moral, contra tudo ((enfatizou)), tudo, tudo, tudo, um dia o Professor Theodore Adorno teve o desprazer de ver os alunos da faculdade invadirem a sua sala e começarem a quebrar tudo, e ele ficou: “Não, peraí, peraí. Aí já é dialética negativa demais, isso aí não pode”.
Então, isso quer dizer, o dialético negativo, o acusador universal, ele está acima de todas as acusações, ele não pode ser acusado, ele não pode ser sequer analisado, ele está… é o tipo invisível que vê tudo, ele é o olho que tudo vê, para usar um antigo simbolismo exotérico, ele é o olho que tudo vê e ele jamais é visto.
Há falta de livros de Direita destruindo a dialética negativa
É por isso que o pessoal da Direita, seu perguntar assim: “Quantos livros de Direita você leu destruindo – por exemplo – a filosofia do Theodore Adorno?”, nenhum.
“Quantos livros de Direita destruindo a filosofia de Gyorgy Lukacs?”, nenhum.
Toda ((enfatizou)) a bibliografia direitista que existe critica o socialismo, critica o marxismo, critica vários programas políticos, mas nunca vai à profundidade da filosofia da dialética negativa, nunca ((enfatizou)).
E por isto, essa dialética negativa, ela sempre ((enfatizou)) sobrevive e pode se refazer e se reconstruir depois das piores derrotas.
Então, isso quer dizer que enquanto esta filosofia da Escola de Frankfurt não for totalmente ((enfatizou)) destruída, ela vai se renovar e vai reconstruir o movimento comunista milhões de vezes. Isso nunca acaba, porque isso é…
A destruição não é destrutível
Veja, a destruição não é destrutível.
A destruição vive apenas de destruir, ou seja, nós podemos dizer que o pessoal da Escola de Frankfurt descobriu o segredo da vida eterna, eles podem viver eternamente, é só viver da destruição e jamais propor nada positivo. Quando propor alguma coisa, propõe sob o nome de positivo algo negativo.
Destruição biológica
Por exemplo, operar crianças de 5 anos, um menino de 5 anos que diz que é menina, você já manda operá-lo, então, eles cortam o órgão sexual dele, pronto, virou menina.
Pode vir algo de bom nisso? É claro que isso é apenas destruição, você não sabe o que vai ser desse menino mais tarde, você não sabe se ele vai querer o seu órgão sexual dele de volta, mas não precisa saber. Como é a destruição, e a destruição é sempre positiva, vamos em frente, e assim por diante.
Se quando você propõe (…) a legalização universal do aborto, pense bem, alguém pode provar que um feto é um ser humano, ou apenas uma coisa? Existem provas de uma coisa e existem provas da outra. Essa discussão pode continuar eternamente, ninguém chega a uma conclusão, um não convence o outro, o outro não convence um. Então, significa o seguinte, nenhum de nós sabe a resposta dessa pergunta.
Se nós não sabemos, então há 50% de chances para um lado e 50% de chances para o outro, portanto a escolha não é racional.
Isso quer dizer que aquele que é a favor do aborto, ele não é por motivos racionais, ele é porque ele quer, ele quer ((enfatizou)) o aborto universal. E ele quer, porque o aborto universal é negativo, e portanto, do ponto de vista dele, será sempre positivo. E assim por diante.
A essência da Escola de Frankfurt na dialética negativa
Tudo ((enfatizou)) o que as pessoas consideram mau passa a ser considerado bom. O bem só existe sob a forma do mal.
E esta é a essência, esse é o segredo da Escola de Frankfurt.
E isso tem um atrativo infinitamente maior do que a velha revolução proletária ou a velha revolução fascista, porque tanto a revolução proletária quanto a revolução fascista, elas alegavam um bem futuro que era a justificativa do mal que se estava fazendo no presente, era a finalidade boa que justifica o meio mau.
Portanto, essas resoluções não podiam ser criticadas em nome do que? Dos fins que elas mesmas se propunham.
Quando você via, por exemplo, que no regime socialista os proletários, eles estavam passando muito mais fome do que no regime capitalista, você via que a revolução tinha falhado ((enfatizou)) a realizar o fim que ela se propunha, então, ela podia ser criticada em nome do seu fim.
Do mesmo modo, você vê, a revolução fascista prometia que as nações que estavam sendo exploradas e roubadas seriam as dominadoras. Então, o Hitler vai propor um Reich que vai durar 1.000 anos, durou 12 e acabou muito mal.
Mussolini acabou pendurado, assassinado e pendurado pelas pernas e a Itália perdeu tudo.
Então, essas revoluções podiam ser criticadas em nome dos fins positivos em nome dos quais elas faziam o mal.
A nova revolução
Mas a nova revolução, a revolução da dialética negativa não pode ser criticada por nada ((enfatizou)), porque ela tem o monopólio ((enfatizou)) da crítica; ela tem o monopólio ((enfatizou)) do discurso destrutivo. E o monopólio do discurso destrutivo transforma o seu portador num tipo sobre-humano ((enfatizou)). Ele jamais ((enfatizou)) pode ser condenado em nome de nada ((enfatizou)), nem mesmo ((enfatizou)) da própria revolução.
Uma revolução à prova de erros
Você vê que os antigos comunistas ainda tinham a possibilidade de ter que fazer uma autocrítica: “Nós erramos em tal ponto”.
E agora não há mais erro ((enfatizou)), meu Deus do céu.
Estão entendendo? O poder atrativo desta coisa é ilimitado ((enfatizou)). E pela mesma razão, não adianta discutir o conceito.
Essa revolução com os argumentos e com as armas que se usavam contra a revolução proletária, a revolução fascista, não adianta mais. As pessoas não são mais acessíveis a esse tipo de argumento por que? Elas são sobre-humanas.
((silêncio))
Não há mais limites na dialética negativa da destruição
Você percebe? Um sujeito, por exemplo, que ele nasceu homem, decidiu virar mulher, alguns acabam parecendo mulher mesmo, mas a maioria não acontece, o sujeito continua parecendo homem.
Então, você olha e vê um homem, mas ele diz: “Mas eu me sinto ((enfatizou)) mulher, e você não tem o direito de me olhar como os seus olhos me veem, você tem que me olhar como eu ((enfatizou)) quero ser visto”. E isso quer dizer que a piada do Groucho Marx – “afinal, você vai confiar em mim, ou nos seus próprios olhos?” – virou realidade.
Você é obrigado, você tem que negar ((enfatizou)), você tem que furar ((enfatizou)) os seus olhos, não é? Você não tem o direito de enxergar as coisas como você as enxerga, você tem que enxergar como o seu interlocutor quer ser enxergado. Então, ele se colocou numa condição supra-humana. ((enfatizou)) Ele não está mais em condição de ser julgado pelos mesmos critérios com que nós ((enfatizou)) somos julgados. Ou seja, ele pode nos proibir ((enfatizou)) de falar – está certo? – sem jamais ser acusado de opressor ou de “você está fazendo censura”. Ele impedir você de falar significa o que? Isso é liberdade de imprensa, não é?
Em Cuba existe liberdade de imprensa, tanto que todo o jornalista vai à cadeia. Colocá-los na cadeia é liberdade de imprensa, por que? Cuba não pode ser julgada por critérios humanos ((enfatizou)).
Cuba não tem mais uma finalidade positiva que ela precisa alcançar para justificar a sua revolução. O seu fracasso se transformou no seu sucesso, porque quem determina o que é fracasso ou sucesso são eles mesmos.
Fidel Castro muitas vezes… a pessoa vai dizer: “Não, mas o povo cubano está passando fome”. Vai dizer: “Aqui nós não temos esse consumismo ((enfatizou)) obsceno que vocês têm nos Estados Unidos. Nós comemos apenas o que é necessário ((enfatizou)). Vocês comem dois bifes todos os dias, nós comemos um bife por ano”. E está muito orgulhoso disso, não é? Ou seja, o fracasso se torna um sucesso, por que? Porque o Mal se tornou o Bem.
E todo ((enfatizou)) o bem que existe… me diga uma coisa, existe algum bem humano que seja absoluto? Não. Nós somos apenas humanos, nós não somos Deus. O Bem absoluto, só Deus consegue fazer. Tudo o que nós fazemos, nós dizemos assim, o bem predomina ((enfatizou)), mas não quer dizer que ele seja 100%. É – digamos – 90% ou 80%, e nós nos satisfazemos com isso.
Mas eles, onde houver 10% de mal, eles vão dizer que é tudo mau. E esse pequeno mal, ele está presente em tudo ((enfatizou)). Então, é um tipo de falácia filosófica que se enuncia da maneira seguinte: tudo é tal coisa.
Por exemplo, se você disser “tudo é energia”, vai dizer existe algum fenômeno onde a energia esteja ausente? Não. Ela tem que estar presente em tudo.
Ou seja, tudo é sexo. Existe alguma ação humana que não tem nenhum elemento sexual? Bom, pelo menos o agente vai ter que ser ou um homem ou uma mulher ou uma terceira coisa, então, o sexo estará presente.
Ou tudo é a lei da gravidade. Bom, a lei da gravidade jamais vai estar ausente.
Então, todo o fator que está presente em todos os fenômenos não pode ser causa de nenhum deles.
Mas, a técnica hoje é o seguinte, você pegar o fator que está presente em tudo e dizer que ela é a causa. E usar isso como argumento é justamente a onipresença dela.
É claro que é uma falácia lógica ridícula ((enfatizou)), grotesca ((enfatizou)). Mas isso convence as pessoas, não é isso?
A dialética negativa na mídia e nas escolas
Então, viram? Tanto nos Estados Unidos quanto na América Latina, especialmente no Brasil, esse tipo de filosofia tomou conta de toda a mídia e de todas as universidades, não sobrou nada afora.
Antonio Gramsci, revolução cultural e revolução política
No Brasil eu assisti a esse fenômeno, porque a partir dos anos 1960, logo após a Ditadura Militar, os comunistas vendo que tinham sido derrotados, expulsos do campo eleitoral e político, decidiram usar a estratégia do Antonio Gramsci, que era da revolução cultural, fazer a revolução cultural primeiro, a revolução política depois.
Então, tem que se tomar a mídia, as editoras, as universidades etc., lentamente e devagarinho e sem dizer que é propaganda socialista, porque o objetivo do Antonio Gramsci, ele mesmo definiu assim: “Nós vamos fazer com que todos sejam socialistas sem saber”.
Então, é por isso que eu fui muito contra ((enfatizou)) a campanha que os conservadores e liberais de (inint) [00:22:05] faziam contra a doutrinação comunista. Quer dizer, não tem doutrinação nenhuma, meu Deus do céu. Eles estão induzindo as pessoas a serem socialistas sem tê-las doutrinado jamais ((enfatizou)).
E eu vou lhe dar um exemplo de como se usava.
Usava-se geralmente modificações comportamentais que não passavam pela esfera das opiniões e ideias.
Experiência sueca de pós-graduação para alunos
Houve por exemplo um professor na Suécia que fez um experimento que foi muito louvado no Brasil pelo diretor de teatro Gerald Thomas, ele pegou os seus alunos e disse: “Vocês, durante esse fim de semana, vocês vão fazer um experimento de sexo oral com o seu colega ali do lado. Daí vocês vão chupar o membro dele e quando ele ejacular, vocês vão engolir. E na segunda-feira vocês trazem o relatório científico do que se passou”.
Muito bem, quase todos disseram que foi bom. Por que? Existem já pesquisas em psicologia que mostram que sempre que você faz uma pessoa agir contra ((enfatizou)) os seus princípios, em 82-83% dos casos, eles mudam de princípio para não dizer que fizeram uma tremenda asneira.
Então, quer dizer que até aquele dia ninguém tinha pensado em fazer sexo oral com o vizinho, a partir de segunda-feira todos começaram a pensar.
E isso é doutrinação? Não, o professor não fez doutrina nenhuma, não os convenceu de nada, apenas sugeriu que fizessem uma experiência inocentemente, e é assim que se faz.
Truques para induzir comportamento
O livro do Pascal Bernardin, um professor de ginásio francês – o livro chama-se Maquiavel Pedagogo – ele mostra o número dessas técnicas de manipulação comportamental que são usadas. Nenhuma delas parece propaganda de maneira alguma.
Existem vários truques ali, um deles chama-se “pé na porta”. Pé na porta é o seguinte: o pesquisador bate na porta de um sujeito e diz: “Olha, eu sou da Prefeitura, nós queremos aqui grudar um cartaz de trânsito na sua parede, um cartaz de 2 metros de altura”. O sujeito olha o cartaz ((acha graça)) e fala: “Não, pelo amor de Deus, você vai tampar a minha porta, vai ficar horrível a minha casa”. “Ah, então, nós temos esse aqui, pequenininho de 30 centímetros. Pode pregar?”. Em 90% dos casos todo mundo concordava.
Então, você pede uma coisa mais difícil, e ninguém vai dar, e daí você pede outra mais fácil, todo mundo cede imediatamente.
Isto é muito usado nas escolas: sugere-se algo, os alunos dizem não. E você respeita a opinião deles e você faz uma sugestão um pouco menos chocante e todo mundo aceita. Essas técnicas são usadas o tempo todo.
O sujeito que chama isso de “doutrinação”, ele não está entendendo nada, ele está achando que o sujeito está fazendo propaganda comunista. Não há ((enfatizou)) propaganda comunista, há apenas o uso intenso desse tipo de truques em vez de doutrinação…
Veja, a doutrinação é uma coisa que passa pela cabeça, passa pelas opiniões, pelas ideias. Se você faz uma doutrinação, você está praticamente pedindo ((enfatizou)) um debate, pedindo ((enfatizou)) uma discussão. Mas se você sugere experimentos ((enfatizou)), isso não passa pela esfera das opiniões. Você muda a conduta diretamente sem passar pela máquina opinante que tem na cabeça de cada um.
E isso significa o domínio total ((enfatizou)) da mente do aluno.
Mas pessoas muito bem intencionadas, que lançaram a campanha Escola Sem Partido, falavam contra a doutrinação ((enfatizou)). E daí o que a Esquerda fez? A Esquerda disse: “Estão querendo nos censurar, estão querendo dos impedir”.
Então, veja, a facção que dominava tudo e que baniu completamente ((enfatizou)) a opinião adversária do espaço dominado, começou a fingir que ela ((enfatizou)) estava sendo censurada, ela ((enfatizou)) estava sendo perseguida, ela ((enfatizou)) estava sendo oprimida.
E você veja, isso significa que o pessoal da Direita conservador liberal, não entendeu o que estava acontecendo. O que estava acontecendo era uma coisa, eles estavam combatendo outra que não existia.
E isto acontece praticamente no mundo inteiro, eu vou lhes dar um exemplo. Eu sempre ando aqui com o meu cachimbo, não só porque eu fumo e gosto de fumar, mas porque é um símbolo.
A campanha antitabagista
O economista Walter Williams, vocês devem conhecer, ele é um brilhante economista negro americano. Ele foi o único que fez uma análise correta disso daí, ele disse: “O movimento antitabagista foi o primeiro teste em nível de amplitude universal para avaliar a possibilidade de manipular a massa e dominá-la”.
Então, o que é que eles fizeram? Lançaram aí algumas pesquisas científicas que diziam: “o fumo causa isto, mais aquilo, mais aquilo, mais aquilo outro”.
Muito bem. Qual é o princípio número 1 da terapêutica? É o princípio de que removida a causa, cessa o efeito.
Hoje o número de fumantes nos Estados Unidos diminuiu para 1/3 mas as doenças pulmonares e cardíaca não diminuíram nem um único caso. Não interessa, agora o antitabagismo já vendeu, todo lugar onde vai tem um cartaz: “Ambiente smoke free”.
A primeira vez que eu vi isso, isso vai fazer o que? 15 anos atrás. Acho que foi no Hudson Institute, uma dessas organizações conservadoras americanas, eu fui lá fazer uma conferência, quando cheguei vi um cartazinho, olhei aquilo e falei: “Vocês já perderam a briga, porque quando você permite que a autoridade governante policie os seus hábitos pessoais, você já perdeu tudo ((enfatizou)). Depois você quer preservar algumas liberdades políticas? Não interessa, se você não tem a liberdade pessoal ((enfatizou)), a liberdade concreta de fazer o que você gosta, você já entregou tudo, meu Deus do céu, já está derrotado, não é? E, curiosamente, o único analista social que percebeu isso foi o Walter Williams.
Esse artigo, eu até guardei, é brilhantíssimo, se vocês quiserem depois eu mando cópia para vocês.
Então, é assim que se faz. Mas e o que é que o tabagismo tem a ver com política? Nada, aparentemente nada, é a coisa mais inocente do mundo. E uma grande parte da opinião pública conservadora, especialmente das religiões católicas e protestantes aplaudiram: “Não, fumar é mesmo obsceno, nós temos que proibir” etc., sem perceber o dano ((enfatizou)) que eles estavam fazendo à liberdade pública com isso.
Quer dizer, impuseram a sua opinião tornando-a legalmente obrigatória para todos.
Numa democracia não se faz isso, isso não é democracia de jeito nenhum. Mas assim como o tabagismo, muitas outras coisas.
Ser um macho é obsceno
Hoje começa a ser proibido ser homem, ser um macho. Ser um macho é obsceno. Já repararam nisso?
Já repararam nisso? Todos nós temos que nos efeminar para não ofender as pessoas do lado ((acha graça)). Você é muito macho, o outro que não é tanto, se sente ofendido – coitadinho – e assim por diante. Não é isso?
Ou você ser mãe.
Então, hoje em dia você pode ver um homem vestido de mulher, seminu, fazendo sexo na rua com outro, você pode. Mas se uma mulher dá de mamar a seu bebê na rua, ela pode ser presa. Por que? Ser mãe é obsceno.
Vocês perceberam? Começou com esta coisa: “Vamos proibir isto”; “Ah, cheira mal, eu não gosto. Vamos proibir”.
Se você permite que o governo vá proibindo essas coisas, nunca mais para. E nada ((enfatizou)) disso foi feito com discussões políticas, não houve doutrinação alguma ((enfatizou)). Leiam o livro do Pascal Bernandin que chama Maquiavel Pedagogo. Publicado em francês, existe uma tradução brasileira, talvez exista uma tradução brasileira também, não sei. Mas tradução americana, acho que existe também.
Jovens estão se tornando demônios
Então, isso significa que esta mentalidade, a dialética negativa, que conquista as almas, não ((enfatizou)) pela promessa de um bem futuro, mas pela promessa de uma condição sobre-humana imediata ((enfatizou)), você está livre de todas as obrigações, você não pode ser examinado, você não pode ser cobrado, você não pode ser analisado, você é o olho que tudo vê, nunca é visto.
Toda ((enfatizou)) essa juventude está com essa mentalidade e viraram demônios, meu Deus do céu.
Então, a discussão não é mais política, ela passou para um outro nível. E por isso que você vê fenômenos como esse na Argentina. Quer dizer, como um governo totalmente ((enfatizou)) fracassado, é reeleito, obtém sucesso? Por que? Porque é isso que ele vai dar para as pessoas, ele vai transformá-los em seres sobre-humanos, vai liberar de todas as obrigações humanas e entregar para eles um instrumento de ação com as quais eles podem oprimir, assustar, maltratar e matar ((enfatizou)) a quem eles quiserem. Isso é muito ((enfatizou)) mais sedutor do que a antiga utopia socialista.
A utopia socialista e a promoção da escala sobre-humana
Pela utopia socialista era para o futuro, a presente geração vai se sacrificar, nós vamos morrer, mas um dia teremos o paraíso socialista.
Agora, essa promoção do sujeito a uma escala sobre-humana é imediata ((enfatizou)). Não é uma utopia, você começa a viver isso no primeiro momento.
Quer dizer, você pega um homem assim, uma fisionomia parecendo o Schwartzenegger, ele veste uma calcinha e um sutiã e ele diz que você é obrigado a vê-lo como mulher ((enfatizou)). Você diz: “Mas eu não aguento, eu não consigo. Eu tento ver uma mulher, mas eu não vejo, eu vejo um homem”. “Ah, você é um criminoso, você vai para a cadeia”.
É isso que eles estão fazendo, gente, e nós estamos aceitando essa brincadeira, porque não percebemos a profundidade do impulso diabólico ((enfatizou)) desses homens da Escola de Frankfurt.
E de o como é possível? O sujeito sai da Alemanha Nazista, onde iriam matá-lo, ele vem para onde é o contrário: tem liberdade, tem bom emprego, todo mundo trata bem. E ele diz que é a mesma coisa? Essa é uma ingratidão absurdamente demoníaca, o sujeito não percebe a diferença da Alemanha Nazista e os Estados Unidos, a democracia americana? O que é que há?
E ele diz isso não num artigo de jornal, ele escreveu um livro desse tamanho chamado Personalidade Autoritária. E segundo eles, está demonstrado que a sociedade americana é igualzinho à sociedade nazista. Eu digo: “Então, por que é que você saiu de lá e veio para cá? Por que é que você não ficou lá mesmo?”.
Paralaxe cognitiva
Ou seja, isto é o que eu chamei de paralaxe cognitiva, que é um deslocamento total entre o eixo ((enfatizou)) da construção teórica do filósofo e o eixo da sua experiência real.
Ou seja, o que ele está descrevendo, o que ele está dizendo, desmente ((enfatizou)) flagrantemente a experiência real dele. E isto é uma coisa que existe, vamos dizer, é um mal permanente do pensamento ocidental nos últimos 4 a 5 séculos. Eu dou exemplo.
Karl Marx é um exemplo disso, onde ele diz que todas as classes sociais têm uma visão deformada da história, por que? Elas têm um interesse em jogo e a sua visão das coisas é deformada pelo seu interesse oculto, exceto o proletariado. O proletariado não tem interesses especiais, os interesses deles coincidem com os da humanidade inteira, então, o proletariado é a única classe que pode ter uma visão objetiva da realidade histórica.
E em seguida ele, Karl Marx, que não só não era um proletário, mas nunca tinha visto ((enfatizou)) um proletário, escreve (A Visão Objetiva das Coisas Segundo a Visão Proletária) [00:34:00].
E eu digo: “Mas espere aí. A sua existência é o desmentido da sua teoria. A sua demonstra… “, quer dizer, se a visão proletária é a verdade, é a realidade, a sua existência demonstra que um burguês pode ver a realidade tão bem quanto o proletário, e você acaba dizendo que ele não pode.”
Ou seja, é a mesma coisa que você dizer: “Eu, Karl Marx, não consigo escrever este livro”. “Mas você escreveu”.
Então, isso não é hipocrisia, isso é nem falsidade. Isso é um outro ((enfatizou)) fenômeno que eu chamei de paralaxe cognitiva.
Se fosse hipocrisia, ele estaria consciente do que ele estava fazendo, mas ele escreve isso com total ((enfatizou)) inocência. Ele não percebe que sua vida é um desmentido da sua obra, que a sua experiência real diz o contrário do que ele está dizendo em palavras.
E hoje em dia é claro que este pessoal da Escola de Frankfurt, todos eles padecem de paralaxe cognitiva, porque a premissa número 1 da dialética negativa é o seguinte: eu, o autor da dialética negativa jamais serei submetido a ela. Eu, o autor da análise pejorativa, jamais serei objeto de análise pejorativa, porque se for, você está liquidado na mesma hora.
Se você pegar, por exemplo, Max Horkheimer, que foi o presidente da Escola de Frankfurt durante muito tempo, ele era um homem milionário. E os empregados da Escola, ele pagava um salário de fome. Ou seja, ele era capitalista mais explorador do que qualquer capitalista, e ele não via nenhum problema nisso daí.
Ele não fez isso de maldade e nem de burguesia, ele fez porque era natural ele fazer assim. Era natural a ideia de que ele jamais seria objeto de dialética negativa. Do mesmo modo é Theodore Adorno e outros tantos.
A influência da Escola de Frankfurt no Brasil
A influência que essa escola teve na América e sobretudo no Brasil é imensurável ((enfatizou)).
E ela é imensurável por que? Porque ela tem um atrativo hipnótico muito ((enfatizou)) maior do que o capitalismo ou o fascismo.
Vejam, Karl Marx, Lênin, o Mussolini ou Hitler, jamais ((enfatizou)) conseguiram angariar tantos adeptos tão facilmente.
Veja. Se você pega livros de Max Horkheimer, Theodore Adorno, são livros dificílimos de ler. Digo: como é que isso ganha tantos adeptos? Porque você não precisa ler, meu filho. É só você aceitar uma proposta deles, você já está transfigurado no analista e condenador da humanidade e você está livre de todas as exigências, ninguém pode cobrar nada de você.
Então, você tem milhões de idiotas que viraram julgadores da humanidade. Eles estão sentados em um… – como que se diz? – numa mesa de juiz, colocam a humanidade ali na banca dos réus e condena e pronto, acabou. E ninguém ((enfatizou)) se lembra de fazer o mesmo com eles. Por que? Porque a tradição de análises tradicionais de discussão dos liberais e conservadores vem do mundo anglo saxônico e eles entendem tudo como uma disputa entre o partido conservador e o partido trabalhista britânico, ficam os dois sentados no Parlamento, cada um do seu lado discutindo educadamente, de vez em quando um fazendo umas piadinhas sobre o outro, e tudo não passa disso.
Ora, a política da Escola de Frankfurt não é apenas destruição do Capitalismo, é a destruição de tudo exceto eles. É ((acha graça)) a proposta mais ((enfatizou)) cruel, mais sádica ((enfatizou)) que alguém já fez.
E até hoje ninguém percebeu isso por que? Porque os homens da Escola de Frankfurt jamais pertenceram ao Partido Comunista Soviético, então, todo mundo diz: “Não, eles são comunistas, mas eles são mais moderados do que Stalin”.
Não, Stalin comparado com eles era um doce de coco, era um anjinho. O Stalin nunca disse que era para destruir tudo que existia de bom, eles disseram. Por trás de todo bem existe um mal.
Para dar um exemplo de coisa ruim que eles desejavam destruir, Michel Foucault, que foi discípulo deles e até radicalizou a proposta deles, ele era contra as pessoas terem pais. Ele achava que a pior coisa do mundo era a existência de pais. Por que é que para nascer ele precisa de um pai? Que coisa mais injusta, nós precisamos acabar com isto.
E você vê que esse sujeito era contra o Capitalismo? Não. Ele era contra o Capitalismo, contra o Socialismo, contra a natureza, contra a história, contra tudo ((enfatizou)). Só não era contra ele mesmo.
Pierre Mainardi, que esse sim é um grande filósofo, foi colega dele, (inint) [00:38:48], disse: “Ele sempre foi louco”. E no entanto as pessoas leem. Claro, o Michel Foucault não é nenhuma besta, de vez em quando ele tem umas intuições brilhantes sobre isso, sobre aquilo.
A diferença entre a filosofia antiga e a atual
Mas essas é uma característica, a diferença fundamental da filosofia antiga e medieval e a filosofia moderna é a seguinte: em geral os filósofos antigos, como Platão e Aristóteles, eles têm razão no conjunto e eles erram num monte de detalhes. E o de hoje é o contrário, eles erram no conjunto, mas acertam em um monte de detalhes.
Se você ler as obras de Karl Marx, ele faz análises brilhantes ((enfatizou)) sobre isso, sobre aquilo. Mas se você vai ver o conjunto, não faz sentido nenhum. E o Michel Foucault é a mesma coisa: ele faz análises, faz análise do quadro de Velásquez, As Meninas, a análise é brilhante. Mas o conjunto de filosofia de Michel Foucault não faz o menor sentido. E ela é embasada no que? Na maldade.
E este é o ponto, nós não podemos aceitar essas pessoas como interlocutores genuínos e dizer: “Não, eu sou apenas contra as tuas ideias, mas vamos preservar a sua pessoa”. “Não, meu filho, as suas ideias até que são boazinhas, o que não presta é a sua pessoa” ((enfatizou)).
Isso eu disse muitas vezes.
O debate com o MST
Eu tenho um debate com o João Pedro Stédile, que era o chefe do Movimento dos Sem Terra. Tive um debate com ele na Bienal do Livro em Porto Alegre, não lembro o ano. (…) 2000 e pouco. E a plateia inteirinha era de membros do MST. E eu falei para eles: “Olha, eu não sou totalmente contra a sua proposta de Reforma Agrária. Eu não sou. Eu sou contra essa porcaria do seu líder, esse homem não presta”.
Eles ficaram assustadíssimos. E daí começaram a vaiar para eu não poder falar. Peguei o microfone e falei: “Calem a boca!” ((como se gritasse)), e todo mundo ficou quietinho. Por que? Eu conheço a fraqueza dessa gente, eles são maus para esconder a sua profunda fraqueza. A crueldade deles expressa o medo que eles têm de existir e de assumir a responsabilidade da existência adulta, eles não querem isso. Eles nunca chegam à maturidade e eles não querem, eles querem continuar brincando de que eles são os julgadores da humanidade.
Todo ((enfatizou)) o Foro de São Paulo é baseado nisso, e por isso ele faz sucesso. E, por isso que quantas derrotas ele sofra politicamente, ele vai se refazer. Então, eu o (inint) [00:41:11] tem toda a razão, nós não podemos ser os antagonistas do Foro de São Paulo, nós temos que destruir ((enfatizou)) o Foro de São Paulo. Destruir para que isso nunca mais se levante porque ninguém…
Veja, hoje em dia o Nazismo não é proibido? É. O Comunismo também tem que ser. E o Foro de São Paulo também tem que ser. Isso, isso não é política, isso é crime. O sujeito chega lá: “Ah, vai ter que matar todos os judeus”. Isso é política? Não. Isso é política, isso é crime. Nós não podemos considerar: “Ah, vamos discutir aqui educadamente. Devemos matar os judeuzinhos? Sim ou não?”. Você acha que tem sentido uma discussão dessas? Não tem nada. “Cala-te a boca, burro, te boto na cadeia, te cala. Tapa a sua boca uma rolha”. Isso se não condenar à morte logo”.
Nós não podemos aceitar mais assim a existência dessas coisas, não podemos aceitar – vamos dizer – a ideologia criminosa como se fosse uma proposta política? Isso não é uma proposta política, isso é psicopatia, isso é crime ((enfatizou)).
Então, essa daí é a minha conclusão, muito obrigado pela sua atenção.