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Transcrições “Como funcionam as estrelas”

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Como funcionam as estrelas é uma transcrição do famoso seriado Como Funciona o Universo, da Discovery. Acreditamos que a transcrição aqui disponível vai ajudar você em seu trabalho acadêmico de ensino médio, pois traz conceitos simples para o público leigo. O vídeo é muito educativo e esclarecedor.

Estrelas. Elas são enormes, quentes e estão em toda parte. As estrelas dominam o universo.

O nosso destino está ligado ao destino das estrelas.

Nascendo com violência e morrendo em explosões épicas, elas enchem o universo com poeira estelar, a matéria-prima da vida.

Cada átomo do seu corpo foi produzido dentro do núcleo ardente de uma estrela.

São as estrelas que fazem o nosso universo funcionar. Toda vida começa aqui.

Como funcionam as estrelas.

Quantas estrelas existem no universo? [00:01:02]

O céu noturno é repleto de estrelas.

Numa noite clara, se der sorte, você vai ver umas três mil estrelas, mas isso é só a ponta de um enorme iceberg cósmico. Só na nossa galáxia há mais de 100 bilhões de estrelas e há mais de 100 bilhões de galáxias no universo observável. Há mais estrelas no céu do que grãos de areia na Terra.

Todas as estrelas são poderosas, criando a matéria básica de tudo que existe no universo, inclusive nós. A maioria está tão distante que não sabemos quase nada sobre elas, mas há uma estrela que está bem perto e virtualmente tudo o que sabemos sobre as estrelas, e aprendemos com esse vizinho.

A luz solar que nos ilumina e nos aquece todos os dias não é nada senão luz estelar, porque o nosso sol não é nada senão uma estrela como todas as outras.

Qual o a idade, a distância e o tamanho do sol? [00:02:15]

Mesmo visto da Terra o sol é tão poderoso que a sua luz é capaz de nos cegar. Ele é uma bola de gás superaquecida que ilumina o nosso sistema solar há 4 bilhões e 600 milhões de anos e que domina toda a vida sobre a Terra.

O sol está a 150 milhões de quilômetros de distância, o que significa que na verdade ele é imenso, caberia um milhão de terras dentro do sol.

Ele tem 1 milhão e 400 mil quilômetros de diâmetro. E mesmo assim o nosso sol é minúsculo se comparado às estrelas realmente grandes do universo. Eta Carinae é mais de cinco milhões de vezes maior do que o nosso sol. Betelgeuse, 300 vezes maior do que Eta Carinae. Se ele fosse nosso sol encostaria em Júpiter. E ainda existe esse monstro, VY Canis Majoris a maior estrela já descoberta, um bilhão de vezes maior do que o nosso sol.

Onde nascem as estrelas? [00:03:49]

As estrelas emitem luzes de cores diferentes que vão desde o amarelo e o vermelho até o azul. Algumas vivem sozinhas, outras vivem em paz orbitando uma a outra, juntando-se em galáxias gigantescas, verdadeiras cidades compostas de bilhões de estrelas.

Cada estrela é única, mas todas elas começam a vida da mesma forma, como nuvens de poeira e gás chamadas de nebulosas.

As nebulosas são o berço das estrelas. [00:04:34]

Com bilhões de quilômetros de extensão, elas flutuam pelo espaço tomando formas espetaculares. A nebulosa da Chama… A nebulosa da Cabeça do Cavalo… A nebulosa de Orion… Cada nebulosa é uma maternidade, onde milhões de novas estrelas nascem. Mas esse nascimento não pode ser visto.

As partes mais cruciais de uma nebulosa não são os belos gases brilhantes que nós vemos, mas as partes escuras. As partes escuras têm áreas de gás e poeira que é onde o mais importante acontece em termos de formação de estrelas.

As nuvens de poeira são tão grossas que os telescópios normais não conseguem enxergar lá dentro.

O mistério da formação das estrelas. [00:05:41]

Não há nada mais importante para nós do que as estrelas. Mas, durante muito tempo, a formação delas permaneceu um mistério. Nós não conseguimos observá-las. Imagine, não conseguimos ver os primeiros momentos de uma estrela.

Até 2004, quando a NASA lançou o telescópio espacial Spitzer.

“E ele é lançado para desvendar os segredos da evolução do nosso universo.”

O telescópio espacial Spitzer. [00:06:24]

O Spitzer é um telescópio infravermelho. Ele só enxerga calor. O calor atravessa a grossa poeira das nebulosas, permitindo ao Spitzer ver novas estrelas nascendo em seu interior. Estas imagens incríveis captam os primeiros momentos da vida de uma estrela, quando bolsas de gás hidrogênio começam a se aquecer.

Até as pequenas partículas de gás e poeira começam a brilhar. Áreas que estavam totalmente escuras agora ficam luminosas. Nós conseguimos ver os primeiros momentos da formação das estrelas. Para que uma estrela se forme, basta haver hidrogênio, gravidade e tempo.

A gravidade é o motor das estrelas. [00:07:16]

A gravidade joga a poeira e o gás em um redemoinho gigantesco.

A gravidade une a matéria. E quando você aglutina a matéria e a comprime coisas em espaços menores, elas necessariamente se aquecem. É uma lei da química. Se comprimir uma coisa, a temperatura sobe.

Durante centenas de milhares de anos a nuvem vai ficando mais densa e forma um disco giratório imenso maior do que todo o nosso sistema solar. Em seu núcleo, a gravidade e comprime o gás formando uma bola superquente e superdensa. A pressão aumenta até que enormes jatos de gás explodem de seus centro.

Isso nos mostra como o processo de formação de uma estrela é violento. Esse jatos tem muitos anos luz de comprimento. Algo literalmente acelera o material bem depressa, por distâncias inimagináveis.

A lei da química começa a funcionar. [00:08:18]

A gravidade mantém a pressão comprimindo partículas de gás e poeira que se chocam umas com as outras, gerando cada vez mais calor. Nos próximos 500 mil anos, a jovem estrela ficará menor, mais brilhante e mais quente. E a temperatura em seu núcleo poderá chegar a 15 milhões de graus.

Quando a temperatura atingir esse valor inimaginável, os átomos de gás começam a se fundir gerando uma quantidade imensa de energia. E dessa forma nasce uma estrela. Ela brilhará durante milhões, talvez bilhões ou até mesmo trilhões de anos.

O combustível misterioso. [00:09:57]

Estrelas produzem quantidades gigantescas de calor e luz durante bilhões de anos. Mas isso exige combustível em grande quantidade. Até o começo do século 20, ninguém fazia ideia do que era esse combustível.

A grande questão da física na virada do século passado era o que gerava a energia das estrelas. Bastava a olhar para o alto e ver que havia uma falha gigantesca no nosso conhecimento. Para desvendar o segredo das estrelas, nós precisávamos de um novo motor, de uma fonte fabulosa de energia capaz de suprir uma estrela durante bilhões de anos.

E foi preciso um gênio para descobri-lo. Albert Einstein. Suas teorias provaram que as estrelas eram capazes de utilizar a energia dentro dos átomos. O segredo das estrelas está na equação de Einstein, “‘E’ é igual a MC ao quadrado”. De certa forma a matéria que compõe o nosso corpo é energia concentrada, energia condensada, energia que se condensou dentro dos átomos que formam o nosso universo.

Einstein mostrou que era possível liberar essa energia comprimido os átomos. Isso se chama fusão, a mesma força que dá energia as estrelas.

É incrível perceber que a física das minúsculas partículas subatômicas é a mesma física que determina a estrutura e a natureza das estrelas. A partir das teorias de Einstein, nós aprendemos como liberar a energia dentro de um átomo. Agora, a ciência tenta simular a fonte de energia de uma estrela para controlar a força da fusão em laboratório.

Fusão nuclear. [00:12:23]

Dentro desse laboratório nos arredores de Oxford, na Inglaterra, há uma máquina de 40 toneladas. Todos os dias Andy Kurt sua equipe a transformam em uma estrela aqui na Terra.

Esta máquina se chama Tokamak. Ela é na verdade um enorme frasco magnético, uma caixa contendo um plasma muito quente. Nós conseguimos recriar as condições que existem dentro de um sistema.

Dentro do Tokamak átomos de hidrogênio se repelem naturalmente. Para comprimir átomos de hidrogênio o Tokamak os aquece a mais de 160 milhões de graus. A essa temperatura os átomos de hidrogênio se movem com tanta rapidez que acabam colidindo com os outros.

Se você os aquece, calor é movimento, e o movimento das partículas aquecidas é o suficiente para vencer as forças de repulsão.

“Atenção, todo pessoal, preparar para sair da área da máquina Tokamak.”

Quando tudo dá certo, o resultado é a usina de energia mais poderosa do universo. A fusão nuclear.

2 átomos de hidrogênio formam hélio e liberam energia. [00:14:14]

Viajando a 1.600 quilômetros por segundo, os átomos de hidrogénio colidem e se fundem. Isso cria um novo elemento, o hélio, e uma pequena quantidade de energia pura.

O gás hidrogênio pesa um pouquinho mais do que o hélio. Você perde massa ao aquecê-lo, e essa massa que você perde, a massa que está faltando é a que se transforma em energia.

O Tokamak só consegue manter a função durante uma fração de segundo. Mas, dentro de uma estrela de verdade, a fusão continua durante bilhões de anos.

O motivo é simples, o tamanho.

Por que as estrelas brilham? [00:15:07]

O motor de uma estrela é a gravidade, por isso as estrelas são grandes. Estrelas são imensas, é necessária essa quantidade de gravidade pra poder comprimir a estrela e criar essa quantidade fabulosa de calor suficiente para gerar a fusão nuclear. Esse é o segredo das estrelas, é por isso que as estrelas brilham.

A fusão no núcleo de uma estrela gera uma força de explosão de um milhão de bombas nucleares por segundo.

Uma estrela é uma bomba de hidrogênio gigantesca. Então, porque é que ela simplesmente não explode? Porque a gravidade comprime as camadas externas da estrela.

A gravidade e a fusão entram numa batalha épica.

Há essa tensão constante entre a gravidade que quer esmagar a estrela e comprimi-la, e e a energia liberada pelo processo de fusão que quer explodir a estrela. E essa tensão, esse equilíbrio de forças, cria uma estrela.

Esse choque de forças dura toda a vida de uma estrela. Duas forças da natureza em um embate dinâmico. Conforme a batalha se desenrola, a estrela emite luz e calor, mas também emite uma coisa bem mais destrutiva.

A velocidade dos fótons. [00:16:48]

Cada raio de luz solar faz uma jornada épica. A luz viaja a um bilhão e 80 milhões de quilômetros por hora, um raio de luz que circunda a Terra 7 vezes em 1 segundo. Nada no universo se locomove mais rápido. Porém, a maioria das estrelas está tão longe que sua luz leva centenas, milhares, milhões, até bilhões de anos para chegar até nós. Portanto, ao aportar para os confins do universo, o telescópio espacial Hubbe vê uma luz que está viajando há bilhões de anos. A luz que vemos hoje de Eta Carinae foi emitida pela estrela quando nossos ancestrais começaram a cultivar o solo há 8 mil atrás. A luz de Betelgeuse viaja desde que Colombo descobriu a América há 500 anos. Até a nossa luz do sol leva 8 minutos para chegar até nós. Mas, mesmo antes de a luz começar a sua jornada pelo espaço, ela já estava viajando há milhares de anos.

A criação do raio de luz. [00:18:11]

Quando o sol transforma hidrogênio em hélio, ele cria um fóton, um raio de luz.

Esse raio de luz tem um longo caminho a percorrer só para chegar à superfície da estrela.

Tem uma estrela inteira no caminho. Então, quando o fóton é criado, ele não vai muito longe porque ele imediatamente colide com outro átomo, com outro próton, com outro nêutron, alguma coisa. Ele é absorvido e depois jogado em outra direção. Então, ele se move aleatoriamente dentro do sol. Mas, ele precisa encontrar a saída.

Para os fótons é uma viagem acidentada, chocando-se bilhões de vezes com átomos de gás na luta para conseguir escapar do interior da estrela.

O curioso nesse processo todo é que o fóton leva milhares e milhares de anos para ir do núcleo do sol até a superfície. E, quando ele chega à superfície é uma viagem de apenas oito minutos de lá até aqui.

Os fótons são a fonte de luz e calor. Mas também podem causar algo muito mais destrutivo, o vento solar.

O que é vento solar? [00:19:23]

Quando chegam à superfície os fótons aquecem as camadas externas do sol, deixando-as agitadas criando uma severa turbulência e intensas ondas de choque. É tão violento que nós conseguimos até ouvi-lo. Captada pelo satélite orbital Soho, este é o som do sol. Os gases em alta velocidade também geram poderosos campos magnéticos. Conforme a estrela gira, os campos se chocam e se arrebentam na superfície. Círculos magnéticos gigantescos são lançados ao espaço. Algum são tão grandes que a Terra poderia passar pelo meio deles, com milhares de quilômetros de folga. Eles são espetaculares e mortíferas, jogando uma torrente de partículas elétricas no espaço. Esse é o vento solar. Ele pode danificar naves e satélites e até colocar a vida de astronautas em perigo. Para descobrir como os círculos magnéticos provocam os ventos solares, uma equipe do Instituto de Tecnologia da Califórnia recriou a superfície de uma estrela bem aqui na Terra.

É muito interessante poder criar em laboratório a mesma física que acontece na superfície solar. Nós não podemos ir lá, não podemos enviar sondas, mas podemos tentar estudar o que acontece por lá.

Uma câmera de vácuo simula o vácuo do espaço. Uma enorme corrente elétrica produz alguns loops magnéticos artificiais.

A diferença entre os loops de plasma que fazemos no laboratório e os da superfície solar é o tamanho. Os do laboratório são deste tamanho e os que estão na superfície do sol podem ser muito maiores do que a Terra.

A experiência revela que quando os núcleos magnéticos colidem no laboratório, ele gera uma grande explosão de energia. Quando loops gigantes colidem na superfície de uma estrela, a energia liberada aumenta a temperatura que pode ir de 5 mil a 5 milhões de graus. Esse calor extremo gera o vento solar enviando milhões de toneladas de partículas em direção ao espaço. Quanto maior a estrela, mais mortífero é o vento.

Se nós orbitássemos uma estrela como Eta Carinae à mesma distância, seria o inferno na Terra, literalmente. A energia que chegaria ao osso planeta destruiria nossa atmosfera, ferveria os oceanos, derreteria a superfície.

Como morre uma estrela? [00:23:08]

Entender como as estrelas funcionam pode nos ajudar na prevenção de suas forças destrutivas. Mas, quando uma estrela morre, não há mais nada que se possa fazer. Em seus momentos finais, ela aniquila tudo o que está ao seu redor.

Desde o momento em que nasce, toda a estrela está destinada a morrer. O seu combustível vai acabar. Então, a gravidade vencerá a batalha contra a fusão gerando uma cadeia de acontecimentos que destruirá a estrela.

O nosso sol não é exceção. A cada segundo ele queima 600 toneladas de hidrogênio em seu núcleo. Nessa velocidade, o hidrogênio vai acabar daqui a 15 bilhões de anos. Conforme o hidrogênio é usado, ele torna a fusão mais lenta no núcleo da estrela. Isso dá uma vantagem a gravidade. Com menos usam empurrando para fora a gravidade força estrela e implodir. Mas, a fusão reage aquece as camadas externas da estrela.

Quando se aquece um gás, ele se expande. Então o sol, na verdade, se expandirá. Em vez de 1 milhão e 400 mil quilômetros de diâmetro, ele vai encher e vai ficar com 140 milhões de quilômetros.

O nosso sol se tornará uma gigante vermelha. Imagine um amanhecer no ano 5000000000 ‘D’.C, não será apenas aquela bola amarela trazendo aquele calorzinho. Você veria uma bola vermelha gigantesca e inchada, aparecendo lentamente no horizonte. E quando o sol estivesse a pino ele jogaria todo seu calor sobre a Terra. Seria como enfiar a cabeça em um forno industrial.

A temperatura aqui na Terra chegará a milhares de graus.

Os oceanos vão ferver, as montanhas vão derreter e será o nosso último dia de vida aqui no planeta Terra.

Então, a estrela inchada engolirá a Terra, formando uma gigante vermelha. Mas a gigante vermelha está se autodestruindo. Seu núcleo se torna perigosamente instável. Sem hidrogênio para queimar, a estrela começa a queimar hélio e transformá-lo em carbono. A estrela agora está se destruindo de dentro para fora, emitindo ondas violentas de energia de seu núcleo para a superfície. Essas ondas energéticas explodem as camadas externas da estrela. Lentamente ela se desintegra. A estrela está morta. Tudo o que resta é um núcleo extremamente quente e denso. A gigante vermelha se transformou em uma anã branca.

A fase da anã branca, um diamante gigantesco. [00:27:32]

Quando a estrela atinge o estágio de anão branca, o processo de fusão parou, o motor finalmente foi desligado.

O nosso sol terminará a sua vida como uma anã branca, não maior do que a Terra, mas um milhão de vezes mais densa.

Uma anã branca é um objeto muito interessante. Ela é incrivelmente densa. Se você pegasse um pedaço de anão branca do tamanho de um torrão de açúcar e colocasse na superfície da Terra, ele seria tão denso que atravessaria o chão.

O centro de uma anã branca, segundo alguns astrônomos, há um cristal gigante de carbono puro, um diamante cósmico com milhares de quilômetros de comprimento.

A ideia de que o sol vai se transformar em uma espécie de massa disforme e cinzenta é meio triste. Mas na verdade, ele seria um diamante de trilhões de quilates. Pense nisso, um diamante no céu.

A morte de estrelas maiores que o Sol. [00:28:44]

Mas as estrelas podem criar algo muito mais precioso do que um diamante gigantesco. Quando estrelas muito maiores do que o nosso sol morre, a sua morte é muito mais violenta. Mas ao morrer, elas criam a matéria-prima da vida.

Estrelas gigantes vivem intensamente, brilham muito e morrem violentamente. Porém, de sua destruição surge a vida. A morte de estrelas enormes cria a matéria prima do universo, a própria semente da vida. A menos de 600 anos luz da Terra, a estrela monstro Betelgeuse está próxima da morte, pelo menos em anos espaciais. Era mais jovem do que o nosso sol, tem milhões e não bilhões de anos. Mas a fusão em seu núcleo é muito mais intensa.

Betelgeuse é uma estrela completamente diferente do nosso sol. Ela é uma supergigante vermelha e a razão disso é que Betelgeuse é mais maciça, ela tem 20 vezes a massa do sol. Isso significa que o que se acontece em seu núcleo é bem diferente do que acontece no núcleo do sol.

Estrelas maciças eram pressões e temperaturas maiores do que em qualquer parte do universo. A gravidade de Betelgeuse é tão forte que pode comprimir e fundir átomos cada vez maiores. O núcleo de uma estrela maciça é como uma fábrica que produz elementos cada vez mais pesados, o que também leva à destruição da estrela. Quando ela fabrica o elemento ferro, a estrela está condenada.

A estrela cria ferro e se ferra. [00:30:58]

Na ficção científica há muitas ideias sobre o que seria uma máquina de matar estrelas. Por incrível que pareça é uma coisa trivial, o ferro.

Para uma estrela o ferro é o elemento mais perigoso do universo. É veneno.

O ferro absorve energia. No momento em que é uma estrela maciça criar ferro que ela tem apenas segundos de vida.

A estrela tenta descarregar energia naquela bola de ferro tentando fazer uma fusão, mas não consegue. Então essa bola está roubando energia da estrela, e é essa energia que mantém a própria estrela viva. Então, assim que esse ferro é criado no núcleo a estrela decreta a sua própria pena de morte.

A batalha entre a gravidade, que tentar esmagar a estrela, e a fusão, que tenta explodi-la, chega ao fim. Com o ferro, a fusão chega a um beco sem saída. A gravidade sempre vence.

O núcleo de ferro desmorona. As camadas externas da estrela caem sobre sim mesma, e uma explosão enorme é gerada. É o evento mais violento do universo, uma supernova.

Supernova. [00:32:29]

Em alguns segundos as supernovas criam mais energia do que o nosso sol criará em toda a sua existência.

Segundos depois de começar a produzir ferro circular as estrelas explodem em uma supernova. Então pense nisso enquanto estiver segurando a sua panela de ferro. O ferro mata uma estrela em poucos segundos. É bem perigoso.

Nebulosa do Caranguejo, uma nuvem de poeira estrelar em expansão com trilhões de quilômetros de extensão. Há mil anos atrás, astrônomos chineses registraram uma luz brilhante no céu. Era uma supernova. Essa imagem mostra o que restou dela. A explosão foi tão violenta que até hoje a poeira estelar se espalha a mais de 1400 quilômetros por segundo. Telescópios ao redor do mundo varrem os céus em busca de supernovas. Em 1987 uma luz brilhante apareceu numa galáxia vizinha, a 170 mil anos luz de distância. Estas fotos registram os eventos que se seguiram após a morte de uma estrela maciça, quando uma bola de fogo com trilhões de quilômetros de diâmetro foi lançada no espaço. Mas não há registro do exato momento da morte quando a estrela aniquila a si própria. A única maneira de sabermos o que acontece dentro de uma estrela maciça quando ela explode é criando a nossa própria supernova.

Supernova vira a estrela do avesso. [00:34:30]

O mais incrível é que essas nossas explodem é que elas quase viram do avesso.

Aqui neste laboratório em Nova York cientistas estão criando uma supernova com um laser gigante.

Os telescópios não conseguem enxergar dentro de uma estrela agonizante. Com este laser nós podemos detectar esse processo que ocorre quando uma estrela explode. Trabalhar com essas ferramentas é a coisa mais apaixonante que eu consigo imaginar.

Esta enorme máquina amplifica um trilhão de vezes a força de um único feixe de laser. Isso é força suficiente para suprir 30 cidades do tamanho do Rio de Janeiro. E toda essa energia será direcionada para uma área do tamanho de uma cabeça de alfinete. Imagine que este minúsculo alvo seja o núcleo de uma estrela. O laser simula explosão mais lenta do universo.

Esta não vai ser uma área segura quando o laser for acionado. Se alguém fosse atingido por todos esses feixes de laser, eles o atravessariam, abrindo um buraco.

“Vamos fechar o acesso à área restrita. Vamos trancar tudo. Portas trancadas. Preparação final completa. 5… 4… 3… 2… 1…” ((zap))

O alvo é vaporizado pelo laser. A explosão durou apenas um centésimo de milésimo de segundo, mas uma câmera de alta velocidade e captou a onda de choque expandido.

Parte do material interno sai e troca de lugar com o material externo, e essa virada do avesso é exatamente o que acontece numa explosão estelar.

Por que o ouro é tão raro? [00:36:29]

Material do interior do núcleo da estrela surfa a onda de choque e sai para o espaço. No calor extremo, no turbilhão da explosão, elementos mais pesados são forjados. Entre eles, ouro, prata e platina. E como há tão pouco tempo para eles se formarem, eles são os mais raros e mais valiosos em todo o universo.

A prata, o ouro, esses metais são criados pela explosão da estrela, pela energia imensa que é liberada, e assim que eles chegam a nós.

Mas mesmo depois da explosão mais violenta do universo, algo é deixado para trás.

O cadáver de uma estrela supernova, a estrela de nêutrons. [00:37:16]

Nós, cientistas, acreditávamos que após uma explosão de supernova, a estrela literalmente se desfazia em pequenos fragmentos e que não restava nada. Nós estávamos enganados. Há um cadáver, um cadáver de explosão de supernova, uma das matérias mais exóticas conhecidas pela ciência chamada de estrela de nêutrons. Matéria nuclear sólida, o estado de material mais fantástico do universo.

O núcleo superdenso agora é uma estrela de nêutrons. Ela tem 32 quilômetros de diâmetro, e é incrivelmente pesada.

Outros elementos químicos são criados. [00:38:04]

A estrela agonizante não deixa só o cadáver de uma estrela de nêutrons. Ela joga os novos elementos no espaço sideral. Essas nuvens contém a matéria prima do universo. Tudo o que conhecemos e amamos é criado a partir dessa poeira estrelar.

Apenas uma supernova tem energia suficiente para fundir esses elementos que são tão essenciais à vida. Sem supernovas, não há vida, não haveria você e nem eu.

Quando estrelas maciças morrem, elas enchem o universo com poeira estelar repleta de elementos como o hidrogênio, carbono e oxigênio, silício e ferro.

Somos filhos das estrelas. [00:39:07]

A matéria prima para a criação de novas estrelas e sistemas solares, planetas, e, claro, nós. Tudo o que vemos ao nosso redor veio de uma explosão no núcleo de uma estrela.

Você se pergunta o que é poeira estelar? Bem, você é poeira estelar, porque cada átomo do seu corpo foi produzido dentro do núcleo ardente de uma estrela. Os átomos da sua mão esquerda podem ter vindo de uma estrela diferente dos átomos da mão direita. Você é literalmente um filho das estrelas.

Estrelas mortas há muito tempo forneceram a poeira estelar que criou o nosso sistema solar, os planetas e tudo o que existe neles.

Você é feito de carbono, de oxigênio e há ferro em seu sangue. Tudo isso foi gerado dentro do núcleo de uma estrela. Não há outra maneira. Então, quando você pensar em coisas estrelares, olha em volta. Tudo o que compõe você, tudo o que compõem o mundo à sua volta, veio do centro de uma estrela que explodiu há muito tempo atrás.

Até os átomos do nosso sol são reciclados. Eles são de terceira ou quarta geração, restos que foram jogados no espaço por uma estrela agonizante há muito tempo atrás.

Nosso sol é a nossa madrasta, a nossa verdadeira mãe morreu em uma explosão de supernova para gerar novos elementos que perfazem o nosso corpo. Então por que os poetas e os compositores não escrevem um poema para a nossa verdadeira mãe? Talvez porque eles não conheciam a física e as leis da evolução estelar.

O fim do Universo. [00:41:06]

Nós vivemos em uma era de estrelas. Mas ela chegará ao fim. Há uma quantidade limitada de hidrogênio no universo. Daqui a trilhões de anos ele será esgotado. E quando não restar mais hidrogênio, não haverá mais novas estrelas.

Nós vivemos em um período muito breve na história do universo quando ainda temos estrelas iluminando o céu, estrelas criando a vida como a conhecemos, mas isso não é para sempre. Cedo ou tarde as estrelas começarão a se apagar.

Primeiro, as estrelas maciças serão extintas, depois estrelas de tamanho médio como nosso sol, deixando apenas as menores, trilhões de anos depois estas também se apagarão.

O universo se torna frio. [00:41:59]

Lentamente e inexoravelmente o universo ficará mais frio e mais escuro até que a última estrela seja extinta. Então, universo se tornará escuro novamente.

A era das estrelas terá chegado ao fim.

O futuro do universo não parece muito bom, mas você pode tirar uma coisa positiva disso. Esta é a melhor época para se estar vivo, é a época em que a vida floresce, em que as estrelas são formadas, estamos na época do ouro do universo agora.

Nós vivemos numa época propícia para a vida no universo que dura alguns bilhões de anos. Isso me faz ao menos ficar grato pela forma como as coisas são hoje, porque elas nem sempre foram assim e não serão sempre assim.

Nós vivemos em um estágio em que as estrelas brilham e iluminam o céu noturno, em que as estrelas criam a vida que nós conhecemos. Nós vivemos no melhor de todos os estágios do universo.

Por enquanto as estrelas continuarão a dar forma ao nosso universo gerando a matéria prima de novos mundos, criando novas estrelas e preenchendo a escuridão com luz.

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